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Gastos que você evitou na pandemia estão voltando; 4 dicas para economizar

Despesas que estavam adormecidas com home office e ensino a distância deverão voltar a pesar no orçamento familiar. - kate_sept2004/iStock
Despesas que estavam adormecidas com home office e ensino a distância deverão voltar a pesar no orçamento familiar. Imagem: kate_sept2004/iStock

João José Oliveira

Do UOL, em São Paulo

18/08/2021 04h00

Resumo da notícia

  • Volta de atividades presenciais puxa gastos que foram reduzidos na pandemia
  • Alimentação fora, transportes e itens escolares podem voltar a pesar no orçamento
  • Planejadores financeiros falam como conter gastos em meio à inflação em alta

O andamento da vacinação contra a covid-19 está permitindo que aos poucos as atividades presenciais possam ser retomadas em várias cidades do país. Com isso, despesas que estavam de alguma forma sendo economizadas com o home office ou aulas a distância, por exemplo, voltam a pressionar o orçamento das famílias. Um problema que é agravado pela inflação, que se acelerou nos últimos 12 meses.

Planejadores financeiros apontam que algumas despesas adormecidas deverão voltar a ter peso no orçamento de casa. Dependendo da família, o aumento de custos totais pode ser de até 10%. Segundo especialistas, é possível revisar o planejamento para manter o equilíbrio entre a renda e os gastos. Veja mais abaixo quatro passos para ajudá-lo a economizar.

Da mesma forma que os orçamentos foram revistos no início da pandemia, com o home office e ensino a distância, na retomada dessas atividades é importante repensar as despesas para manter o equilíbrio entre a renda e os gastos.
Nicole Chierighini, economista e especialista em investimentos da ParMais

Home office permitiu algumas economias

Para quem teve o trabalho presencial substituído pelo home office, algumas despesas puderam ser evitadas. Veja algumas.

  • Transportes: Quem usa carro próprio, transporte público, táxi ou aplicativo viu as despesas com o deslocamento na cidade serem reduzidas ou mesmo zeradas pelo home office. Esses gastos vão voltar a impactar o orçamento no retorno ao trabalho presencial.
  • Alimentação fora: Mesmo quem tem vale-refeição acaba gastando mais quando está na empresa. Pode ser uma parada para o café, lanche ou mesmo refeições mais caras com colegas de escritório. No home office, a pessoa passou a gastar mais com alimentos comprados no supermercado. Mas refeições preparadas em casa são mais em conta que aquelas compradas no comércio.
  • Roupas: No trabalho, pode ser necessário usar roupa social ou calçado adequado. No home office, muitas dessas peças ficaram no guarda-roupa, sem necessidade de atualizar o figurino. Desde o início da pandemia, já lá se foram duas estações quentes e duas frias. Dependendo da posição na empresa, algumas pessoas vão precisar renovar peças do vestuário.
  • Lazer: O trabalho presencial coloca de volta na agenda a possibilidade de happy hour. E essa é apenas uma das possibilidades de lazer retomadas. Os gastos com atividades como cinema, shows ou viagens devem agora ampliar novamente espaço no orçamento.
  • Itens escolares: Famílias com estudantes tiveram despesas menores com itens relacionados à rotina do ensino a distância. Agora, com aulas presenciais, as despesas com transporte escolar, lanches e uniformes começam a voltar.

Inflação pressiona o orçamento

O impacto do retorno ao trabalho presencial no orçamento muda de família para família, destacam planejadores, mas de maneira geral esses itens podem representar um incremento de até 10% nos gastos de um trabalhador. E esse efeito deve ser agravado pela inflação, que quase triplicou ao longo da pandemia.

Em março de 2020, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), índice oficial de inflação do governo, acumulado em 12 meses era de 3,3%. Agora, está em 8,99%.

Entre os itens que mais subiram, estão alguns que afetam o consumo das famílias fora de casa. Veja de quanto é a inflação acumulada em 12 meses nessas categorias:

  • Alimentação fora de casa: 6,7%
  • Lanche: 9,97%
  • Cafezinho: 8,91%
  • Uniforme escolar: 8,8%
  • Transportes: 15,9%
  • Combustíveis: 41,3%

4 dicas para reduzir impacto desses gastos agora

Planejadores financeiros dizem que a situação exige das famílias uma revisão do orçamento. Esse é o primeiro passo para manter o equilíbrio entre renda e gastos nessa volta pós-pandemia.

Veja então algumas dicas para atenuar o impacto desses gastos:

1 - Revisar o orçamento: A família precisa conferir se a renda nesses últimos 18 meses ficou muito atrás da inflação. Como os preços de alguns itens subiram mais que outros, cada família precisa calcular de quanto tem sido a própria inflação.

De um lado, algumas despesas vão voltar, mas outras serão reduzidas. O home office e ensino a distância haviam elevado despesas domésticas, como conta de luz, gás e alimentos frescos. Essas despesas tendem a recuar na medida em que as pessoas ficarem mais tempo fora do lar.

2 - Redirecionar em vez de gastar mais: O planejador financeiro Leandro Corrêa, da Planejar (Associação Brasileira de Planejadores Financeiros), destaca que a família precisa ter o cuidado de redirecionar o que for economizado em despesas domésticas para os gastos que vão começar a aumentar fora de casa. Se a economia obtida virar despesa extra com itens que não estavam no orçamento durante a pandemia, vai faltar dinheiro.

Todo mundo está querendo um pouco de lazer, de descontração. Então é natural a vontade de gastar mais com a reabertura de tudo. Mas essas despesas terão que ser acomodadas no orçamento.
Leandro Corrêa, planejador financeiro da Planejar

3 - Substituir gastos: Não há milagres no orçamento, diz o planejador financeiro Jhon Wine, vice-presidente da Abefin (Associação Brasileira de Educadores Financeiros). Se algum gasto vai aumentar, mas a renda da família seguirá igual, então algo terá que ceder espaço. Como algumas despesas são obrigatórias (deslocamento ao trabalho ou à escola, por exemplo), uma dica é reduzir o consumo dentro de casa.

Durante a pandemia, algumas despesas que também aumentaram podem agora ser revistas. Por exemplo, será que precisa mesmo pagar TV por assinatura e mais de um pacote de streaming, já que agora as pessoas ficarão menos tempo dentro de casa? Esse é o momento também de revisitar as operadoras e negociar para tentar descontos.
Jhon Wine, vice-presidente da Abefin

4 - Programar as despesas: Pode ser que uma família precise comprar uniforme escolar para os filhos e renovar algumas peças do guarda-roupa dos pais.

A dica da economista da ParMais, Nicole Chierighini, é não fazer tudo ao mesmo tempo. Evitar cair na tentação de juntar muitos gastos que possam depois virar uma bola de neve no cartão.

A inflação também tende a desacelerar mais para o fim do ano. Então vale a pena segurar parte dos gastos enquanto passa o pico da inflação.
Nicole Chierighini