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Bancos dão restituição do IR antes do prazo, mas cobram juros; vale a pena?

Aloisio Mauricio - 10.nov.2015/Fotoarena
Imagem: Aloisio Mauricio - 10.nov.2015/Fotoarena

Téo Takar

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/03/2017 04h00

Os principais bancos já estão oferecendo antecipação da restituição do Imposto de Renda de 2017. É possível pegar um empréstimo de até 100% do valor da restituição, limitado entre R$ 5.000 e R$ 20 mil, dependendo do relacionamento do cliente com o banco.

As taxas de juros também variam conforme o perfil do cliente e a instituição, começando em 2% ao mês (no Bradesco) e podendo chegar a 4,59% (Santander). Portanto, compare as propostas de todos os bancos.

Ao fazer a declaração do IR, você deve indicar uma conta corrente para crédito da restituição no mesmo banco onde pretende pegar o empréstimo. Veja em quais situações vale a pena recorrer a esse tipo de crédito e quais os riscos.

Cair na malha fina é o principal risco

Quem toma o empréstimo baseado na restituição do IR não está livre de riscos. “O maior risco é a pessoa cair na malha fina”, alerta o professor Michael Viriato, coordenador do laboratório de finanças do Insper. “A restituição pode demorar ou até nem sair. Daí a pessoa vai ficar pagando juros,e aquele empréstimo pode virar uma bola de neve”.

O especialista recomenda que a pessoa só pegue esse empréstimo tipo de linha de crédito se tiver muita certeza de que sua restituição não tem chance de ser contestada pela Receita.

O Banco do Brasil, por exemplo, estipula uma data de vencimento para o empréstimo, até 15 de janeiro de 2018. No Bradesco, o vencimento é ainda mais cedo, em 15 de dezembro de 2017. Ou seja, saindo ou não a restituição, você vai ter que acertar as contas com o banco até essa data.

Use o empréstimo para pagar dívidas mais caras

O especialista em investimentos do Banco Ourinvest e fundador da Academia do Dinheiro, Mauro Calil, recomenda o uso desse crédito só se for para quitar ou abater dívidas com juros maiores, como o rotativo ou parcelado do cartão de crédito e o cheque especial.

“Por ser uma linha de crédito consignado (que possui uma garantia, no caso, a restituição do IR), a taxa de juros é mais baixa do que outros tipos de empréstimo. Por isso vale a pena pegar esse crédito se for para pagar dívidas mais caras, como cartão ou cheque especial”, explica Calil.

Se vai usar o dinheiro para compras, espere a restituição sair

Os especialistas não recomendam pegar um empréstimo para fazer compras. A melhor opção é ter paciência e esperar a Receita liberar a restituição para então decidir como gastar o dinheiro.

“Nenhuma compra é tão urgente que você não possa esperar seis meses. Se não for uma emergência de saúde e você não tem outras dívidas para pagar, o melhor é esperar o pagamento da restituição”, afirma Viriato, do Insper.

“É preciso ter disciplina. Use esse empréstimo para quitar as dívidas, quebre o cartão de crédito e elimine o cheque especial. Esse dinheiro não pode servir para alimentar um estilo de vida louco, para continuar gastando sem critério”, diz Calil, do Ourinvest.

Banco estimula empréstimo porque o risco, para ele, é pequeno

O banco consegue oferecer juros mais baixos para esse tipo de empréstimo porque ele possui uma garantia, que é a restituição do IR, e porque o financiamento é quitado automaticamente, em uma única parcela, assim que o cliente recebe o pagamento da Receita Federal na conta corrente.

Segundo o Itaú, no ano passado, a procura dos clientes pela antecipação do IR registrou crescimento de 97% no volume de empréstimos contratados em relação ao ano anterior. No Banco do Brasil, foram mais de R$ 500 milhões emprestados nessa modalidade de crédito em 2016.