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O que é e como funciona uma gestora de investimentos

Fernando Damasceno

07/12/2020 18h22

As gestoras de fundos de investimentos ainda são bastante desconhecidas por muita gente, que não compreende muito bem o funcionamento destas instituições e os principais serviços oferecidos por elas. O objetivo é tentar aproximar você, caro leitor, deste segmento cada vez mais procurado pelos investidores.

O que é uma gestora de investimentos?

Muito provavelmente você já ouviu falar em gestoras de fundos investimentos, ou asset management como é conhecido no mercado fora do Brasil. Este segmento teve início no Brasil em meados da década de 60 e passou a ganhar espaço nas últimas duas décadas, graças à democratização do acesso aos diversos produtos de investimentos, ao crescente número de gestoras independentes, às regras mais claras dos órgãos reguladores e principalmente à procura dos investidores por alternativas aos produtos oferecidos pelos bancos tradicionais.

Mesmo frente a um mercado ainda monopolizado pelos grandes bancos, este é um segmento que vem crescendo e deve crescer substancialmente nos próximos anos, principalmente pela atual conjuntura econômica de manutenção dos juros básicos em patamares baixos, o que torna o mercado de fundos mais atrativos para quem busca obter uma rentabilidade melhor dos que as aplicações tradicionais.

Mas afinal, o que faz uma gestora de fundos de investimentos? Uma gestora de investimentos é uma instituição autorizada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) —órgão responsável em fiscalizar o mercado brasileiro de valores mobiliários— que atua na gestão de carteiras de fundos de investimentos. Em outras palavras, é a instituição responsável por aplicar seu dinheiro no mercado de valores mobiliários visando obter lucros e administrar bem o seu patrimônio.

Não iremos entrar no mérito do que é necessário para a constituição de uma gestora de investimento, mas abordar a estrutura, quais são as responsabilidades das principais áreas de uma gestora e de como funciona todo o processo e as etapas desde a tomada de decisão de alocação de ativos financeiros nos fundos de investimentos até o produto final, que é a cota dos fundos de investimentos gerido pela gestora.

Mas antes, brevemente, vale ressaltar quais são as exigências legais a que as gestoras são submetidas e que consideramos um ponto importante, que traz a você, investidor, transparência e uma certa confiança na hora que decidir efetuar uma alocação.

Os itens que permitem o funcionamento de uma gestora de recursos passam pela regulação e autorização de suas atividades pela CVM em parceria com a Anbima, a partir de um convênio estabelecido entre as duas instituições em 2018. Para seguir com a solicitação de autorização por parte da CVM, a gestora precisa atender as exigências mínimas da Instrução CVM 558, que estabelece as normas para a constituição, administração, funcionamento e divulgação de informações para os fundos de investimentos.

Em paralelo, a Anbima é uma entidade privada e funciona como uma associação que representa as instituições dos mercados financeiros e de capitais brasileiros, como bancos, gestoras de recursos, distribuidoras, entre outros agentes. Além de defender o interesse dos membros desse setor, a Anbima é uma entidade de autorregulação voluntária, que elabora regras e procedimentos por meio dos Códigos Anbima, a fim de estimular as melhores práticas no mercado.

Dito tudo isso, a competência e o gerenciamento ativo destas instituições nos levam a ter uma certa tranquilidade e maior confiança na hora de decidir sobre efetuar suas alocações; e fica como dever de casa procurar saber se a instituição que está procurando investir seu dinheiro está de acordo com esses órgãos reguladores.

Estrutura e diferentes áreas

Assim como em qualquer empresa de qualquer ramo, um dos pontos fundamentais para determinar o sucesso ou fracasso de uma gestora de recursos é seu capital humano, a qualidade da equipe operacional atrelada a uma estrutura organizacional e processos muito bem definidos. Consideramos estes pontos como cruciais, pois gerir recursos é uma atividade que requer muita disciplina nas estratégias traçadas por cada gestora.

Uma gestora de recursos, geralmente, é dividida em duas áreas principais: front office e operations.

Front office

Realiza a gestão e a comercialização dos ativos, subdivida entre área de gestão de portfólio e relacionamento com o investidor.

A área de gestão de portfólio é encarregada em efetuar a análise de cenários e, através de estratégias, decidir as alocações dos ativos financeiros que irão compor a carteira de investimentos dos fundos. É composta basicamente por portfólio managers, traders e economistas e/ou analistas financeiros.

O gestor da carteira ou portfólio manager é o responsável por efetuar os investimentos dos ativos financeiros na carteira dos fundos. É quem decide em quais mercados e quais ativos financeiros deverão ser realizadas as operações financeiras e quando e quanto comprar ou vender de cada ativo, sempre buscando respeitar os mandatos dos fundos, levando em consideração a busca por estratégias vantajosas da relação retorno/risco.

O trader é quem realiza as operações de compra e venda dos ativos, de acordo com as orientações e tomadas de decisões do portfólio manager.

A área econômica que normalmente é composta por um economista-chefe e seus analistas é quem dá suporte a equipe de gestão, por meio de estudos de cenários macro e microeconômicos, fornecendo relatórios e informações que auxiliam os gestores nas tomadas de decisões.

Já a área de relacionamento com investidor é responsável pela captação e aplicação de recursos financeiros de terceiros para os fundos de investimentos. Nesta hora é importante ressaltar que os responsáveis pela captação de recursos precisam, por meio de critérios de suitability estabelecido pelos órgãos reguladores, auxiliar e classificar seus investidores em pelo menos três perfis de riscos.

No perfil 1, estarão os investidores que declaram baixa tolerância a risco e que priorizam alta liquidez. O perfil 2 engloba aqueles com média tolerância, que querem preservar o capital no longo prazo e com disposição para destinar parte dos seus recursos para investimentos de maior risco. Por fim, o perfil 3 incluirá os que aceitam potenciais perdas em busca de maiores retornos.

Operations

Se concentra em realizar a supervisão e o gerenciamento das operações que são realizadas pelas áreas de front office, onde é subdivida em middle office, back office, riscos e compliance.

A área de back office é responsável pelo processamento e liquidação tanto dos ativos financeiros que farão parte da carteira dos fundos, como também das aplicações e resgates dos investidores dos fundos.

Assim como o back office, a área de middle office está envolvida nas operações de uma gestora de recursos e garante a execução adequada das transações. É papel desses profissionais assegurar que os recursos negociados durante as transações sejam processados, registrados e atendidos.

Riscos e compliance são áreas consideradas cruciais e grande diferencial, pois são responsáveis pelo cumprimento de regras, políticas, procedimentos e controles internos da gestora, monitorando os perfis e exposição de risco da carteira dos fundos, para que estes respeitem seus mandatos. Devem exercer suas funções com independência e de forma totalmente desvinculada da área de investimentos e gestão de recursos.

Para quem procura investir em fundos de investimentos, é essencial entender como funciona e como ocorre a integração entre todas as áreas por meio dos manuais que as próprias gestoras disponibilizam em seus sites, e sua estrutura organizacional, bem como verificar se elas estão aderentes aos códigos dos órgãos reguladores.

Quando for tomar a decisão de investir, certifique-se que sua alocação de recurso foi feita de forma estratégica e precisa, lembrando sempre de ajustar seus investimentos ao seu perfil de risco de acordo com os fundos selecionados.

E por fim, selecionamos três boas sugestões de fundos que vêm obtendo excelentes e eficientes performances para vocês:

Modalmais Lion Fim Crédito Privado - perfil conservador

É uma opção para o investidor de perfil conservador que busca uma rentabilidade acima da poupança ou renda fixa tradicional (CDI). Trata-se de um fundo com alta liquidez, pois, a partir do momento que o investidor solicitar o resgate, o dinheiro entra na sua conta corrente no próximo dia útil. O fundo ainda conta com baixíssima volatilidade e pouca concentração de crédito privado no seu portfólio.

Vinci Valorem Fim - perfil moderado

Gerido pela equipe da Vinci Partners, uma das maiores gestoras independentes do país com mais de R$ 45 bilhões sob gestão, é um fundo de perfil moderado com estratégia focada em renda fixa. O fundo conta majoritariamente por posições atreladas a índices de inflação, como Notas do Tesouro Nacional (NTN-B) ou Contratos Futuros de Cupom de IPCA (DAP), mas podendo também efetuar operações em diversas classes de ativos financeiros disponíveis nos mercados de renda fixa, cambial e derivativos, negociados nos mercados interno.

A1 Hegde FIC Fim - perfil agressivo

A gestora teve início em abril de 2020, conta com profissionais com mais de 20 anos de experiência no mercado de asset management e é liderada por Marcello Siniscalchi, ex-Head da Itaú Asset. Alinhados para geração de retornos excedentes ("alpha"), cada gestor tem seu book e orçamento de riscos individuais para expressão de suas teses de investimentos.

O fundo tem um book consensual sob responsabilidade do Marcello Siniscalchi para tomada de decisões de posicionamento ou hedge, buscando-se o equilíbrio do portfólio como um todo. O fundo começou no meio da crise causada pela pandemia do coronavírus e vem obtendo resultados significativos já acumulando por volta de 18% no ano de 2020, o que justifica a excelente equipe de gestão formada.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.