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OPINIÃO

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Investimento em renda fixa ficou melhor do que a Bolsa? Descubra

Bolsa de Valores x renda fixa: afinal, o que rende mais? - FG Trade/iStock
Bolsa de Valores x renda fixa: afinal, o que rende mais? Imagem: FG Trade/iStock

08/04/2022 04h00

Hoje não é difícil encontrar aplicações de baixo risco com rendimento acima de 1% ao mês. E na renda variável, é possível encontrar uma rentabilidade ainda maior?

Mais do que isso: vale a pena assumir o risco de investir na Bolsa, sendo que eu posso obter um retorno acima de 10% ao ano praticamente garantido em renda fixa? Confira abaixo alguns dados e informações que vão te ajudar a tomar essa decisão.

O retorno garantido de 1% ao mês é real?

Antes de qualquer coisa, é necessário entender se existe, mesmo, um retorno real de 1% ao mês garantido hoje. Já adianto que a resposta é "não".

Entendo se você me disser que viu uma aplicação de renda fixa com essa taxa de rendimento. É o caso, por exemplo, de um CDB (Certificado de Depósito Bacnário) prefixado do Banco Master, oferecido por corretoras como a XP, a Nu Invest, a Rico, entre outras.

Mas você já viu como está a inflação? As projeções para o IPCA (índice oficial de preços do país) em 2022 giram em torno de 6,9% ao ano, de acordo com uma pesquisa que o Banco Central faz semanalmente com economistas.

Se descontarmos a inflação, o rendimento de um CDB anunciado como sendo de 14% ao ano cai para 6,6%. E aqui nem descontamos o Imposto de Renda.

E a Bolsa, quanto rende?

Será que conseguimos encontrar, na renda variável, aplicações com retorno líquido real acima de 6,6% ao ano?

Sim, na Bolsa você sempre vai encontrar algumas ações que subiram mais do que 30% em um ano, assim como outras que caíram o mesmo tanto.

Não existe uma forma exata de comparar renda fixa com Bolsa, porque na Bolsa você encontra de tudo. Por outro lado, comparar é inevitável, pois temos que decidir se investimos em uma ou em outra.

Se você quer investir e não especular, pode fazer como eu: usar o retorno em dividendos como referência.

Atualmente, existem diversas empresas com retorno em dividendos acima de 10% ao ano. Isso significa que se você investir R$ 100 mil em ações dessas companhias e se elas continuarem pagando proventos no mesmo ritmo dos últimos 12 meses, você receberá na sua conta bancária R$ 10 mil ao longo de um ano.

Caso elas continuem nesse ritmo de distribuição de proventos por tempo indeterminado, você receberá R$ 10 mil por ano, indefinidamente.

Veja que se você está feliz com os seus dividendos, não importa se o preço das ações subiu ou desceu... Você continuará recebendo os seus R$ 10 mil anuais.

Este exemplo de 10% ao ano não foi aleatório. Refiro-me ao atual retorno em dividendos da Taesa (TAEE11), companhia energética na qual eu invisto e que já citei diversas vezes nesta coluna.

As ações dessa empresa subiram 21% ao longo deste ano e eu não estou comemorando. Preferiria que elas tivessem caído, pois sei que a empresa vai bem de saúde e, a meu ver, tem grande chance de continuar pagando bons dividendos.

Finalmente, a comparação entre Bolsa e renda fixa

Veja o retorno em dividendos de algumas das empresas mais negociadas da Bolsa:

  • CPFL (CPFE3): 11,15% ao ano
  • Taesa (TAEE11): 10,26% ao ano
  • Santander (SANB11): 9,58% ao ano

Agora vamos ao rendimento de alguns investimentos prefixados. Entre parênteses, o retorno real, ou seja, com o desconto da inflação:

  • CDB Banco Master: 14% ao ano (real: 6,6% ao ano)
  • RDB Will Financeira: 13,4% ao ano (real: 6,1% ao ano)
  • CDB Banco Digimais: 12,81% ao ano (real: 5,5% ao ano)

Você pode estar se perguntando: "por que ele só descontou a inflação nos investimentos de renda fixa?".

Quando uma empresa mantém resultados robustos ao longo do tempo, espera-se que o seu valor de mercado e o seu ritmo de distribuição de dividendos acompanhem ou superem a inflação. Logo, esse retorno de 10,26% da Taesa, por exemplo, pode ser interpretado como se já estivesse livre de inflação.

Então a Bolsa é melhor do que a renda fixa?

Esse texto poderia levar à conclusão de que a Bolsa ainda está melhor do que a renda fixa. Afinal, em dividendos é possível obter um retorno real de 10% ao ano; em renda fixa, de 6,6%.

Mas eu não vejo dessa forma. Defendo que são dois tipos de investimento que têm funções diferentes.

A renda fixa eu uso quando quero previsibilidade. É onde eu aplico aquele dinheiro que se eu precisar resgatar daqui a alguns anos, ele estará lá me esperando.

Já a Bolsa eu deixo para investimentos com objetivo de aposentadoria. Dessa forma, a oscilação do preço das ações não me preocupa. O que interessa é a capacidade da empresa de distribuir dividendos.

Ficou alguma dúvida?

Se você ficou com alguma dúvida sobre este texto ou sobre investimentos em geral, envie-a pelo meu grupo no Telegram. Sua pergunta pode se tornar tema desta coluna no futuro.

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