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ANÁLISE

Dona quer vender Privalia no Brasil por R$ 1 bi: quem são os interessados?

Privalia: Renner e Magalu podem ser potenciais compradores - Getty Images/iStockphoto
Privalia: Renner e Magalu podem ser potenciais compradores Imagem: Getty Images/iStockphoto

Felipe Bevilacqua

26/11/2021 09h41

Hoje comentaremos sobre mais uma aquisição da Hapvida (HAPV3) e sobre a tentativa de venda da operação da Privalia no Brasil.

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Confira a seguir a análise de Felipe Bevilacqua, analista e sócio-fundador da casa de análise Levante Ideias de Investimento. Todos os dias, Bevilacqua traz notícias e análises de empresas de capital aberto para você tomar as melhores decisões de investimentos. Este conteúdo é exclusivo para os assinantes do UOL.

Hapvida compra hospital e maternidade Octaviano Neves

Após a reprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para a aquisição da carteira de assistência à saúde da Plamed, a Hapvida (HAPV3) anunciou a compra de 100% do hospital e maternidade Octaviano Neves pelo valor de R$ 134 milhões, incluindo o imóvel onde o hospital está instalado.

Em nota, a Hapvida comunicou que o hospital Octaviano Neves presta serviços médico-hospitalar em uma ótima localização de Belo Horizonte, Minas Gerais. Além disso, conta com uma estrutura altamente qualificada para atender serviços de maternidade, pronto atendimento, laboratório de análises clínicas e serviço de diagnóstico por imagem. Em termos de leitos operacionais, a empresa possui 156 leitos, incluindo 45 salas de UTI.

A Hapvida informou que a aquisição vai ao encontro da estratégia de crescimento regional da empresa, que atualmente conta com 320 mil beneficiários em planos de saúde, sendo apenas 16% de penetração em Belo Horizonte.

Acreditamos que a notícia é positiva para a Hapvida, que segue a estratégia de crescimento orgânico e via aquisições, ainda mais em uma região em que a companhia já tem uma estrutura instalada, facilitando sinergias entre as empresas. Outro ponto positivo foi o valor pago por beneficiários (cerca de R$ 419 por beneficiário), muito menor do que outras aquisições realizadas - na aquisição da Viventi, cerca de R$ 2,2 mil por beneficiário). A compra também não deverá prejudicar a dívida líquida da Hapvida.

Por ora, o principal catalisador para as ações da empresa continua sendo a fusão com o Grupo NotreDame Intermédica (GNDI3), que atualmente está sujeita à aprovação do Cade.

Privalia quer R$ 1 bilhão pelo negócio no Brasil

A Privalia, uma das maiores plataformas de comércio eletrônico do Brasil, colocou a operação do país à venda. A companhia está pedindo R$ 1 bilhão pelo negócio, cerca de 16 vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 2020.

A companhia chegou a protocolar pedido de IPO (oferta pública inicial de ações, na sigla em inglês) na B3, em abril deste ano, mas suspendeu a oferta em julho, por conta da piora do ambiente de mercado. Antes do IPO, teria iniciado conversas com algumas varejistas online para negociar a venda da operação, porém o processo não avançou.

A Privalia é uma plataforma de comércio eletrônico focada em flash sales, um modelo baseado em um ecossistema que conecta marcas renomadas a consumidores engajados, por meio de descontos e de uma experiência de compra diferenciada.

A companhia foi fundada em Barcelona em 2006, e iniciou suas operações no Brasil em 2008. Em 2016, foi adquirida pela varejista francesa Veepee, se tornando uma subsidiária integral, em um movimento que incluiu a operação brasileira.

Além do segmento de moda, a Privalia opera em outros nove segmentos: pets, calçados, casa & decoração, kids, acessórios, esportes, vinho & gastronomia, beleza e eletrônicos. No terceiro trimestre, a receita líquida cresceu 7,1%, atingindo o montante de R$ 728,8 mil, com uma receita bruta de R$ 1,01 milhão.

O Veepee, grupo francês que controla a Privalia, quer sair da operação já há algum tempo, tendo realizado a venda da Privalia no México para o grupo Axo. Com o avanço das negociações, a companhia controladora deixaria de atuar em mercados emergentes, passando a controlar apenas o negócio na Europa, onde atua na Espanha, França e Itália.

Para vender o negócio no Brasil, a Privalia contratou o Itaú BBA, que vem apresentando as condições atuais do negócio a empresas interessadas. Empresas como Magazine Luiza, Mercado Livre, Americanas, Lojas Renner e Dafiti são compradores potenciais.

A Lojas Renner pode ser um potencial comprador do negócio, visto que está com caixa bastante reforçado para novas e grandes aquisições e tem planos de expandir o digital da companhia. A varejista apresentou bons resultados no terceiro trimestre, revelando um caixa líquido de R$ 2,42 bilhões, em razão da emissão de 102 milhões de novas ações, no valor de cerca de R$ 4 bilhões no segundo trimestre.

Recentemente, o Magazine Luiza entrou no setor de moda, anunciando que há um plano de ação para o marketplace do grupo em andamento, que envolve a criação de uma marca própria de vestuário. O forte aumento da competição no digital tem levado empresas já bastante consolidadas do setor, como Lojas Renner e Americanas, a buscarem parcerias e estudarem novos projetos de fusões e aquisições.

Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo estrategista-chefe e sócio-fundador Rafael Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.

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Errata: este conteúdo foi atualizado
Uma versão anterior deste texto informava no título que a Privalia quer sair do Brasil. Na verdade, a empresa controladora, a Veepee, quer vender o negócio, de maneira que a Privalia continue no país, com novo dono. A informação foi corrigida.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL