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OPINIÃO

Hapvida e NotreDame Intermédica têm resultados fracos antes da fusão

Rafael Bevilacqua

25/03/2022 09h00

Hoje comentaremos os resultados das operadoras de planos de saúde Hapvida e NotreDame Intermédica referentes ao quarto trimestre de 2021, os últimos balanços das companhias antes da fusão entre elas, realizada em fevereiro deste ano.

Confira a seguir o comentário de Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe e sócio-fundador da casa de análise Levante Ideias de Investimento, sobre o tema. Todos os dias, Bevilacqua traz notícias e avaliações de empresas de capital aberto para você tomar as melhores decisões de investimento. Este conteúdo é acessível para os assinantes do UOL. O UOL tem uma área exclusiva para quem quer investir seu dinheiro de maneira segura e lucrar mais do que com a poupança. Conheça!

Hapvida e NotreDame Intermédica divulgam resultados fracos

O grupo NotreDame Intermédica (já incorporado nas ações HAPV3) e a Hapvida (HAPV3) anunciaram seus resultados referentes ao quarto trimestre de 2021, último balanço pré-fusão das companhias. Os números vieram ligeiramente mais fracos do que o esperado, e o lucro líquido da Hapvida foi impulsionado por eventos não recorrentes.

A Hapvida fechou o trimestre com um resultado aquém do esperado em termos de vidas adicionadas de maneira orgânica à sua base de clientes, captando apenas 14 mil vidas, ante expectativa de adição de 30 mil a 40 mil. A sinistralidade do período aumentou em 5,4 pontos percentuais, totalizando 65% no trimestre, número também ruim, mas ainda muito melhor do que o anunciado pela concorrente SulAmérica (SULA11).

A receita líquida do trimestre fechou em R$ 2,6 bilhões, uma alta de 14,3% em relação ao quarto trimestre de 2020, crescimento proveniente principalmente das aquisições realizadas pelo grupo durante o ano de 2021. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da companhia foi de R$ 394 milhões, queda de 10% em relação ao quarto trimestre do ano anterior.

O lucro líquido da Hapvida no trimestre totalizou R$ 200,2 milhões, valor 112,4% superior ao auferido no quarto trimestre de 2020. Todavia, o lucro da companhia foi afetado por eventos não recorrentes, como amortização do valor justo proveniente da combinação de negócios com a NotreDame, além da dedução do imposto corrente da amortização.

Quando olhamos para o resultado da NotreDame, a sinistralidade teve um impacto parecido com o da Hapvida, com aumento de 5,4 pontos percentuais, fechando o trimestre em 79,5%. A NotreDame adicionou 44 mil vidas ao seu portfólio de maneira orgânica, número aquém do consenso, que projetava a adição de 50 mil a 60 mil vidas.

A receita líquida da companhia teve um crescimento de 16% na comparação anual, atingindo R$ 3,3 bilhões no trimestre, enquanto o Ebitda ajustado da companhia somou R$ 265 milhões, 35% inferior ao número apresentado no mesmo trimestre do ano anterior.

A NotreDame reportou prejuízo de R$ 4,9 milhões no período, revertendo o lucro de R$ 155,2 milhões obtido no quarto trimestre de 2020.

Com o contínuo impacto da alta sinistralidade nos resultados, um aumento considerável na dívida líquida, em um cenário de alta da taxa de juros, além de um resultado muito ruim na adição de vidas, esperamos impacto negativo nas ações HAPV3 no curto prazo.

Os principais desafios para a companhia pós-fusão serão baixar o nível de sinistralidade para patamares normais, uma vez que com o avanço da vacinação os impactos da covid-19 são cada vez menos relevantes, e aproveitar as sinergias da fusão e os ganhos de escala para melhorar o número de vidas adicionadas de forma orgânica.

As ações da Hapvida fecharam em queda de 5,09% no pregão de quinta-feira, cotadas a R$ 11,37.

Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo estrategista-chefe e sócio-fundador Rafael Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.