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OPINIÃO

Recuo de 1,4% no PIB nos EUA no 1º trimestre não é tão ruim quanto parece

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden - Brendan Smialowski/AFP
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden Imagem: Brendan Smialowski/AFP

Rafael Bevilacqua

29/04/2022 09h29

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O Departamento do Comércio dos Estados Unidos divulgou na quinta-feira (28) que o PIB (Produto Interno Bruto) norte-americano recuou 1,4% em termos anualizados no primeiro trimestre de 2022.

O resultado veio muito abaixo do consenso do levantamento feito pela empresa de dados Refinitiv, que apontava crescimento de 1,1% da atividade econômica no período.

Mas, afinal, o que o representa essa retração da maior economia do planeta? Para responder essa pergunta, é preciso entender quais os elementos que puxaram o recuo do PIB dos EUA.

O primeiro fator a ser levado em consideração é a forte redução dos pagamentos de auxílios pelo governo aos cidadãos norte-americanos em virtude do arrefecimento da pandemia do coronavírus.

Além disso, as importações cresceram 17,7% no período em comparação com o quarto trimestre de 2021. No cálculo do PIB, o volume de importações tem peso negativo, sendo subtraído do resultado.

Sendo assim, a retração da atividade econômica dos EUA no trimestre pode ser atribuída a fatores pontuais, e não a uma tendência de recessão na maior economia do planeta.

O que reforça a perspectiva positiva para a economia norte-americana são os sinais de que a demanda segue aquecida no país, com os gastos com consumo crescendo em ritmo acelerado desde o momento mais crítico da pandemia. O mercado de trabalho também continua aquecido, com a taxa de desemprego em níveis historicamente baixos.

Devido a esses fatores, o encolhimento do PIB no primeiro trimestre não deve alterar os planos do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) de acelerar o ritmo de alta dos juros no país, podendo elevá-los além do patamar considerado neutro.

Para as próximas reuniões do Federal Open Market Committee (Fomc, o comitê de política monetária dos EUA), enxergo ainda aumentos de 0,5 ponto percentual da taxa básica de juros como o cenário mais provável, uma vez que a inflação segue em patamares muito elevados nos Estados Unidos.

Leia no 'Investigando o Mercado' (exclusivo para assinantes do UOL Investimentos): informações sobre os resultados da mineradora Vale no primeiro trimestre de 2022, além do plano de recompra de ações anunciado pela companhia.

Um abraço,

Rafael Bevilacqua
Estrategista-chefe e sócio-fundador da Levante

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