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Por que a inflação dos Estados Unidos pode afetar os seus investimentos?

Do UOL, em São Paulo

26/05/2021 04h00

Para estimular a economia, o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos EUA, reduziu sua taxa básica de juros para quase zero e implantou um programa de recompra de títulos públicos, para aumentar a liquidez no sistema financeiro —ou seja, na prática, ele colocou mais dinheiro para rodar.

Com taxa de juros menor e mais dinheiro circulando, a busca por produtos e serviços aumenta. Uma das consequências disso, conhecida na economia, é o aumento da inflação —a demanda por esses produtos e serviços fica maior que a oferta, e força o aumento de preços.

A inflação no país foi de 0,8% em abril ante março, acima da projeção de 0,2%, ultrapassando a meta anual de 2%. "Isso, sem sombra de dúvida, sinaliza uma possível alteração na política monetária do país, o que deixa os investidores um tanto quanto preocupados", afirma o economista Felipe Bevilacqua, analista da Levante Ideias de Investimento. Por que a inflação maior nos Estados Unidos preocupa os investidores? O que um indicador norte-americano tem a ver com os seus investimentos? Veja abaixo a análise do economista, e conheça um fundo negociado no Brasil afetado pelo indicador.

Esse fundo está em uma das carteiras recomendadas pelo analista. Para quem ainda não pegou as recomendações, elas estão aqui:

Impacto da inflação nas bolsas

Antes mesmo da divulgação do indicador de inflação, as bolsas norte-americanas apresentaram desempenho negativo consecutivo, se descolando da Bolsa brasileira.

Dias antes da divulgação de dados de inflação, as bolsas americanas vinham sofrendo baixas com os temores da provável alta do índice que mede a inflação no país. Isso porque uma alta da inflação sinaliza mudanças na política ultraestimulativa adotada pelo país.
Felipe Bevilacqua

O que isso quer dizer? Com o aumento da inflação, é possível que o Fed possa iniciar um ciclo de alta na taxa de juros do país.

Por que a alta da taxa de juros é prejudicial?

Se uma taxa de juros menor estimula a economia, a taxa básica de juros em patamares elevados diminui o dinheiro em circulação e, consequentemente, o ritmo de retomada da economia.

A alta prejudica as empresas como um todo, mas em especial as empresas de tecnologia que têm o seu fluxo de caixa projetado no futuro. Em outras palavras, é possível afirmar que as empresas de tecnologia são, geralmente, companhias de crescimento que demandam altos níveis de investimentos para continuarem crescendo. Entretanto, com as taxas de juros mais altas, esse crescimento tende a ficar mais caro, diminuindo, assim, o fluxo de caixa das empresas no futuro.
Felipe Bevilacqua

Segundo o analista, vale ressaltar que essas empresas, historicamente, são negociadas a múltiplos (indicadores utilizados como parâmetro para a identificação de oportunidades) altíssimos. "Isso se deve ao fato de o seu valor estar projetado no que ela será no futuro, resultado de todo esse investimento em expansão e inovação", avalia.

Para entender na prática

Como isso afeta os investimentos aqui no Brasil? Para ficar mais claro, o analista dá como exemplo a recente volatilidade do IVVB11, ETF que replica o índice americano S&P 500, presente na carteira arrojada montada pelo analista para os leitores de UOL Economia+.

O S&P500 é um índice composto por 500 empresas norte-americanas listadas nas bolsas de Nova York e Nasdaq, com maior volume de negociação no mercado norte-americano.

As empresas de tecnologia e informação representam 26,32% da composição do índice S&P500, ou seja, a maior composição em peso no índice. "Por isso, qualquer movimentação dessas empresas é capaz de causar grandes oscilações no índice de referência", afirma Bevilacqua.

Desde que entrou para a carteira, o IVVB11 teve um desempenho de 3,38% ante a um desempenho de 9,51% do Ibovespa. O fundo estava em linha crescente até meados de abril, quando começou a recuar em função dos temores de alta da inflação.

O preço dos ativos, hoje, representa o que eles podem ser no futuro, ou seja, nessa queda já está precificada uma possível alteração na taxa de juros norte-americana. É importante acompanharmos as próximas regulamentações do Fed, que nos dará uma sinalização mais concreta do futuro da política monetária do país.
Felipe Bevilacqua

O que muda na carteira?

Apesar de ser um movimento no curto prazo, o ETF permanece alocado na nossa carteira. E isso porque ele é o índice acionário mais importante da maior economia do mundo, onde mais de 55% da população investe em Bolsa. Estamos falando das maiores e mais cobiçadas empresas do mundo.
Felipe Bevilacqua

Além disso, o analista reforça as principais vantagens de incluir o ETF na estratégia:

  • Maior diversificação de investimentos;
  • Exposição ao dólar;
  • Exposição a grandes empresas de outros países;
  • Gestão passiva;
  • Maior potencial de retorno no médio e longo prazo.

Sendo assim, o analista mantém a recomendação de investimento no fundo. Para entender a análise completa, você pode acessar aqui o relatório criado pelo economista para você.

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Tem alguma dúvida sobre algum investimento? Pode enviar para o Felipe: duvidasparceiro@uol.com.br

Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo analista Felipe Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.