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ANÁLISE

Eleições, ômicron e alta dos juros: o que esperar da Bolsa em 2022?

29/12/2021 04h00

O que vai acontecer com a Bolsa no próximo ano? Quais são os desafios e as oportunidades nesse período que promete ser de alta instabilidade para as ações?

Felipe Bevilacqua, analista da Levante Ideias de Investimentos, comenta a seguir a influência das eleições para presidente, da variante ômicron e da alta dos juros nos seus investimentos em 2022. Leia e fique preparado.

Um desafio chamado Brasil

Levando em consideração apenas os resultados corporativos, um investidor poderia concluir que a maioria das empresas listadas na B3 estão muito baratas, e que seria loucura não entrar de cabeça nesse mercado, diz Bevilacqua.

"Entretanto, ao observar o cenário macro, esse investidor logo entenderia o motivo dos preços baixos e da cautela do mercado. Com a perspectiva de eleições polarizadas, juros altos, deterioração da situação fiscal e inflação no teto da meta, o Brasil não deve ser o mercado mais convidativo do mundo em 2022", afirma.

Mas ele faz um contraponto: no mundo dos investimentos: quanto maior o risco, maior o potencial de retorno. Isso não quer dizer que 2022 será um ano de desempenho extraordinário para a Bolsa brasileira, mas significa que muitas ações podem oferecer um bom retorno.

Sai pandemia, entram eleições

A pandemia do coronavírus ainda é um fator preocupante para os mercados, mas diante da vacinação avançada no Brasil, não há mais motivos para pânico.

Passado o momento mais crítico da crise sanitária, e vislumbrando a possibilidade de reabertura plena da economia em 2022, os investidores brasileiros se deparam com uma nova questão: as eleições presidenciais.

"Períodos de eleição no Brasil tendem a ser marcados pela alta volatilidade dos mercados, pela fragilidade fiscal e pela necessidade de aprovação das reformas voltadas à redução do déficit das contas públicas. Esses devem ser os temas de maior atenção por parte dos investidores ao analisar os discursos dos presidenciáveis", declara o analista.

Pouco se sabe sobre as propostas dos principais candidatos à presidência para a economia brasileira, o que torna difícil fazer projeções para o mercado em 2023. É preciso aguardar um pouco mais perto da eleição.

Juros em alta, e não só no Brasil

Outro fator de cautela é a perspectiva de alta dos juros, não só no Brasil, mas também em países desenvolvidos.

O Bank of England (BoE, o banco central do Reino Unido) surpreendeu o mercado em sua última reunião de política monetária e elevou a taxa básica de juros de 0,10% para 0,25% ao ano.

De olho na alta persistente da inflação, o Federal Reserve (Fed) acelerou o ritmo da redução das compras de títulos públicos no país, e cogita antecipar o início da alta dos juros

Mas o que essa tendência global de alta dos juros sinaliza para 2022?

Primeiramente, com taxas de juros mais altas, espera-se um movimento natural de migração de investimentos da renda variável para a renda fixa.

Isso quer dizer que os investidores devem se revelar menos propensos ao investimento em ações e preferir ativos considerados de menor risco, como títulos públicos ou Certificados de Depósito Bancário (CDBs).

Por fim, juros mais altos são frequentemente associados à desaceleração do consumo, motivo pelo qual as projeções de uma alta mais vertiginosa da Selic têm sido acompanhadas pela redução das estimativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

Entretanto, a expectativa do mercado é de que o Banco Central siga elevando a Selic durante o primeiro semestre do próximo ano, até chegar ao pico estimado pelo mercado entre 11% e 12% ao ano. Com uma resposta positiva da inflação durante os primeiros meses do ano, é possível esperar cortes nos juros ainda em 2022.

O que esperar das commodities?

O principal destaque da Bolsa brasileira em 2021 foi o setor de commodities, especialmente Petrobras (PETR4) e Vale (Vale3), que surfaram a alta dos preços do minério de ferro e do petróleo e reportaram lucros bilionários.

Para 2022, entretanto, o cenário é incerto. Especialistas avaliam que os preços do petróleo ainda podem subir no próximo ano, a depender do ritmo da recuperação econômica global, mas a tendência para o minério de ferro é de queda.

Com a crise do setor imobiliário chinês e a queda da demanda por aço no país, que é o maior consumidor de minério de ferro do planeta, a Vale deve ter dificuldade para repetir os bons resultados financeiros de 2021.

Já a Petrobras deve manter os bons resultados no próximo ano, pagando dividendos generosos aos seus acionistas e dando continuidade à agenda de desinvestimentos da companhia, que vem se desfazendo de uma série de ativos para focar seus esforços na exploração de petróleo na camada pré-sal.

"Porém, com as eleições presidenciais no radar e o fantasma da gestão petista na petrolífera voltando a incomodar os investidores, 2022 promete ser bastante volátil para as ações da estatal", declara Bevilacqua.

Ômicron e a retomada econômica

Com a vacinação em estágio avançado em grande parte do planeta, inclusive no Brasil, a expectativa era de que 2022 começasse em ritmo de reabertura econômica e normalização das cadeias produtivas globais.

Todavia, a descoberta da variante ômicron do coronavírus adiou a retomada plena da economia mundial, e trouxe uma série de incertezas para os mercados acionários mundo afora.

A nova cepa tem se mostrado mais resistente às vacinas disponíveis do que as demais, e segue se disseminando pelo planeta.

Por outro lado, as pessoas infectadas pela ômicron têm desenvolvido sintomas mais leves do que aquelas contaminadas pelas outras variantes, o que levanta um debate acerca da possibilidade de o vírus estar se adaptando para se tornar mais transmissível e menos letal.

Sendo assim, antes de sucumbir ao pânico ou de se entregar à euforia, o melhor a se fazer é esperar por mais informações sobre a variante, para, então, avaliar o rumo de seus investimentos.

O rumo incerto do Ibovespa

Apesar da perspectiva de cenário político agitado, aperto monetário global e temor com o coronavírus, o mercado ainda vê espaço para uma alta do Ibovespa em 2022.

Ações de muitos setores que tiveram seus modelos de negócios prejudicados pela pandemia do coronavírus foram severamente punidas pelos investidores, e muitas empresas que compõem o índice estão sendo negociadas a preços baixos com relação aos resultados entregues.

"Diante dessa conjuntura, é difícil fazer qualquer tipo de previsão para o desempenho da Bolsa em um ano que promete ser tão agitado e com tantos possíveis desfechos negativos ou positivos. Por isso, a diversificação dos investimentos será fundamental nesse período", afirma o analista.

Boa estratégia de investimento

Felipe Bevilacqua faz o seguinte resumo do que esperar para 2022:

"As eleições devem ditar os rumos do mercado no próximo ano, mas ainda há poucas informações sobre as propostas dos principais candidatos. É cedo para tentar antecipar os resultados das urnas. Espera-se que 2022 seja um ano de altos e baixos para a Bolsa, e há muitas oportunidades que se apresentam em cenários como esse. Porém, para navegar pelas águas agitadas do mercado brasileiro em meio às eleições, o investidor precisa ter pulso firme e uma boa estratégia de investimento à qual se agarrar, para não ser arrastado pela correnteza nos momentos de pânico."

Leia aqui o relatório completo da Levante sobre perspectivas da Bolsa em 2022.

Carteiras conforme o perfil

Para quem ainda não pegou as recomendações de investimentos, elas estão a seguir:

- Carteira para quem não aceita risco algum

- Carteira para quem tem perfil mais conservador, mas aceita um pouquinho de risco

- Carteira para quem é mais moderado

- Carteira para quem aceita mais risco

- Carteira para quem aceita alto risco

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Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo analista Felipe Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.