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Mais dividendos e maior valorização: por que investir em bancos em 2022?

Setor bancário é um dos mais rentáveis e estáveis da Bolsa brasileira, mesmo na pandemia - Alexandre Moreira/Brazil Photo Press
Setor bancário é um dos mais rentáveis e estáveis da Bolsa brasileira, mesmo na pandemia Imagem: Alexandre Moreira/Brazil Photo Press

13/04/2022 11h00

Durante o primeiro trimestre de 2022, o setor bancário foi um dos principais responsáveis por puxar a alta do Ibovespa, o principal índice de ações da Bolsa de Valores brasileira (B3).

Os papéis dos quatro grandes nomes listados — Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco (BBDC3/BBDC4), Itaú (ITUB4) e Santander (SANB11) — respondem por 14,3% da carteira teórica do índice, e iniciaram o ano em forte alta.

Há potencial de valorização dessas empresas? E quais motivos devem fazer com que os bancos voltem a pagar dividendos generosos aos acionistas em 2022? Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe e sócio-fundador da Levante Ideias de Investimentos, responde logo abaixo e diz se vale ficar de olho no setor.

Bancos começaram 2022 em alta

"Banco do Brasil e Itaú foram as estrelas do período, em virtude da divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2021 —melhores que o esperado", diz Bevilacqua.

O especialista diz que Santander e Bradesco, por outro lado, apresentaram resultados mais fracos que o aguardado para os últimos três meses de 2021, com atenção para o recuo do lucro líquido do Bradesco em comparação ao mesmo período de 2020.

Confira, a seguir, um comparativo entre a valorização das ações dos bancos no primeiro trimestre:

  • Itaú (ITUB4): +29,8% (Abertura: R$ 21,17 / Fechamento: R$ 27,48)
  • Santander (SANB11): +22,3% (Abertura: R$ 30,15 / Fechamento: R$ 36,88)
  • Banco do Brasil (BBAS3): +19,1% (Abertura: R$ 29,13 / Fechamento: R$ 34,70)
  • Bradesco (BBDC4): +14,4% (Abertura: R$ 19,41 / Fechamento: R$ 22,22)

Apesar da alta, as ações seguem baratas

O setor bancário demorou para dar início a um movimento de retomada passado o momento mais crítico da pandemia, de acordo com Rafael Bevilacqua.

Isso porque uma medida implementada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 2020 limitou o pagamento de dividendos (proventos distribuídos aos investidores) por essas companhias, fazendo com que as ações se mantivessem em patamares baixos, a despeito dos lucros bilionários auferidos no período.

Todavia, com a divulgação dos resultados sólidos de 2021 e com a flexibilização do pagamento de dividendos, essas ações voltaram a chamar a atenção dos investidores nas últimas semanas de 2021, e seguiram em alta ao longo do primeiro trimestre deste ano.

Mesmo com o movimento de alta, as ações dos grandes bancos seguem sendo negociadas a preços inferiores ao observado no período anterior à pandemia, o que revela que ainda há espaço para valorização.
Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe e sócio-fundador da Levante

As ações do Itaú fecharam o último pregão de 2019, antes da pandemia, cotadas a R$ 28,50, enquanto as do Bradesco eram negociadas a R$ 27,89. Na mesma data, os papéis do Banco do Brasil eram cotados a R$ 46,12, enquanto os do Santander eram negociadas a R$ 40,07.

Santander - Matthew Horwood / Getty Images - Matthew Horwood / Getty Images
Entre os grandes bancos, o Santander teve a maior proporção de lucro distribuído aos acionistas em 2021
Imagem: Matthew Horwood / Getty Images

Volta dos dividendos

"Com o avanço da vacinação e o controle da covid-19, parece que caminhamos rumo ao fim da pandemia", diz o estrategista-chefe da Levante. Dessa forma, para ele, assim como as demais medidas emergenciais adotadas, "as políticas impostas para garantir a liquidez do sistema financeiro durante a crise sanitária vêm sendo flexibilizadas ou até mesmo abandonadas".

Em 2021, com a reabertura da economia, os bancos puderam distribuir uma parcela maior de seus lucros na forma de proventos em comparação ao ano anterior, o que chamou a atenção dos investidores.

O indicador que mede a porcentagem do lucro líquido distribuído na forma de dividendos é conhecido como payout. Segundo dados da FactSet, empresa americana de softwares e dados financeiros, o Santander teve o payout mais alto entre os grandes bancos em 2021, com 54,9% do lucro tendo sido pago aos acionistas.

O Banco do Brasil ficou com a segunda posição, com um payout de 35,8%, seguido de perto pelo Bradesco, com 34,5%.

"Curiosamente, o Itaú, que obteve o maior lucro no período, fechou o ano com um payout de 22,9%, bem abaixo dos concorrentes", afirma Bevilacqua.

Para efeito de comparação, em 2019, antes da pandemia, o Itaú distribuiu 66,2% do seu lucro líquido na forma de dividendos e juros sobre capital próprio (JCP).

"Porém, a distribuição de uma parcela menor do lucro do Itaú em 2021 não é um mau sinal, mas sim parte da estratégia do banco para lidar com as incertezas do período", declara.

Todavia, ele afirma que os números apresentados anteriormente estão muito abaixo da média histórica de payout dos grandes bancos, que frequentemente gira em torno de 60% a 70%.

Portanto, diante dos bons resultados recentes e da diminuição dos riscos trazidos pela pandemia, o mercado projeta que os grandes bancos tendem a pagar proventos mais generosos neste ano.

Em busca de novos recordes

Bevilacqua diz que, além da distribuição de uma parcela maior do lucro na forma de dividendos, os investidores também podem esperar por resultados mais fortes em 2022, já que o cenário atual de juros altos e reabertura econômica tende a beneficiar os grandes bancos.

Com a taxa básica de juros (Selic) a 11,75% ao ano e diante da perspectiva de elevação para 13% ao ano ainda em 2022, o setor bancário é o principal beneficiado.

Com juros mais altos, cria-se espaço para o aumento do spread bancário — a diferença entre os juros pagos pelas instituições financeiras ao captar dinheiro e os juros cobrados em operações de empréstimo e financiamento.

Além disso, com a reabertura total do varejo e do setor de serviços, a tendência é de crescimento da demanda por crédito, tanto da parte dos consumidores quanto das empresas. "De olho nisso, os bancos aproveitaram os últimos anos para rechear suas carteiras de crédito, e estão preparados para suprir essa demanda — e lucrar com isso", afirma o especialista.

Assim, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander se deparam com um cenário favorável em busca da superação dos recordes de lucro auferidos no período anterior à pandemia.

É hora de investir em bancos?

O setor bancário é conhecido por ser um dos mais rentáveis e estáveis da Bolsa brasileira, e isso não mudou com a pandemia.

"No presente momento, as ações dos bancos negociam a preços atrativos, ainda abaixo do patamar observado em 2019. Portanto, há espaço para uma valorização expressiva dos papéis do setor caso as projeções de lucro para este ano se confirmem", declara Bevilacqua.

Todos os quatro papéis acima têm muito para crescer ainda, levando em consideração a média histórica do Preço/Lucro dos últimos 10 anos.

Acesse aqui o relatório completo da Levante sobre por que investir em bancos em 2022.

Carteiras conforme o perfil

Para quem ainda não pegou as recomendações de investimentos, elas estão a seguir:

- Carteira para quem não aceita risco algum

- Carteira para quem tem perfil mais conservador, mas aceita um pouquinho de risco

- Carteira para quem é mais moderado

- Carteira para quem aceita mais risco

- Carteira para quem aceita alto risco

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Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo analista Felipe Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.