Bancos lucram bilhões, mas calotes ainda preocupam; veja como investir

Resultados dos bancos seguem positivos, mas atenções quanto à inadimplência continuam em foco.

O Itaú (ITUB3; ITUB4) divulgou seus resultados bastante positivos, apesar de alguns pontos de atenção. O banco fechou o segundo trimestre de 2022 com um lucro recorrente gerencial de R$ 7,679 bilhões, alta de 17,4% em relação ao segundo trimestre de 2021.

O resultado veio acima do consenso de mercado e superior se comparado com seus principais concorrentes, o Bradesco (BBDC4), que reportou lucro recorrente de R$ 7,04 bilhões, crescimento de 11% e o Santander (SANB11), terceiro maior banco privado do país, que reportou um lucro líquido gerencial de R$ 4,084 bilhões, 2,1% na mesma base de comparação.

Rentabilidade dos bancos aumentou: A margem financeira (resultado da diferença entre os juros cobrados pelos créditos concedidos e os juros pagos àqueles que emprestam dinheiro para o banco) do Itaú somou R$ 22,6 bilhões no período em análise, alta de 20,5% em comparação com o 2º Trimestre de 2021.

O Bradesco, em comparação, teve uma margem financeira de R$ 16,9 bilhões, alta de 25,8% na comparação anual. De acordo com o Itaú, o aumento no volume de crédito e o crescimento relativo de produtos com melhores ganhos em produtos como cartão de crédito e crediário, foram os responsáveis pelo aumento da margem financeira. Já o Santander reportou uma margem financeira com clientes de R$ 14,288 bilhões, alta de 24,5% na comparação com o 2T21.

O ROAE (Retorno sobre patrimônio médio, utilizado para mensurar a rentabilidade do banco) do Itaú foi de 20,8%, avanço de 1,9 ponto percentual. O Bradesco, por sua vez, teve uma alta menos expressiva do ROAE, de 0,5 ponto percentual, fechando o trimestre em 18,1%. Enquanto o Santander reportou um número igual ao do Itaú, de 20,8%, porém representando uma queda de 0,3 ponto percentual em relação ao 2º trimestre de 2021.

A carteira de crédito total do Itaú aumentou 19,3%, atingindo valor de R$ 1,084 trilhão, com destaque para o crescimento da carteira de pessoas físicas. Já o Bradesco fechou o trimestre com uma carteira expandida de R$ 855 bilhões, alta de 18%, com destaque para as também operações de pessoas físicas, principalmente produtos de cartão de crédito e crédito pessoal/consignado, de acordo com a própria instituição financeira.

O Santander, por sua vez, reportou uma carteira de crédito de R$ 523,666 bilhões, um crescimento de 6,4% na comparação anual, também com destaque para o crescimento dos empréstimos para pessoas físicas.

O que ainda preocupa os investidores? Os pontos de atenção citados no começo do texto ficam com o Custo de Crédito e com a taxa de inadimplência. O custo de crédito ficou em R$ 7,5 bilhões, alta de 8,1% ante o trimestre anterior e 60% acima em relação ao mesmo período do ano de 2021, enquanto a inadimplência seguiu crescendo, saindo de 2,6% no trimestre anterior para 2,7% no trimestre atual.

Apesar de crescente, a inadimplência do Itaú ainda se mantêm controlada, principalmente quando comparada com o Bradesco, que fechou o trimestre em 3,5%, alta de 0,3 ponto percentual em relação ao 1T22 e 1 ponto percentual e com o Santander, que reportou analise com uma inadimplência de 2,9%, alta de 0,7 ponto percentual em relação ao segundo trimestre de 2021.

Além dos pontos citados acima, o Itaú também elevou algumas de suas projeções para o ano de 2022, prevendo um crescimento da carteira de crédito total entre 15,5% e 17,5% (ante 9% e 12%), margem financeira com clientes entre 25% e 27% (ante 20,5% e 23,5%) e receita de prestação de serviços e resultado de seguros entre 7,0% e 9,0% (ante 3,5% e 6,5%).

Entendemos que o resultado de Itaú (ITUB3; ITUB4) veio bastante positivo, já que o banco seguiu crescendo sua carteira de crédito e melhorando suas margens e rentabilidade, sem aumentar muito o risco da carteira. A inadimplência do Itaú segue controlada, mas é um ponto que deve ser monitorado no setor como um todo, devido a maior exposição dos Bancos aos produtos de pessoas físicas, como empréstimos pessoais e cartões de crédito.

Como investir? O Pagbank tem recomendação de compra para as ações do Itaú (ITUB4) com um preço alvo de R$ 33,00, valorização de quase 50% em relação ao preço do último fechamento, de R$ 22,12.

E o Banco do Brasil? Enquanto o Banco do Brasil (BBAS3), ainda não divulgou seus resultados do segundo trimestre de 2022, que está previsto para o dia 11 de agosto, continua sendo a nossa preferência para o setor.

Nossas estimativas para o banco são positivas, seguindo com seu crescimento na carteira de crédito e nas margens, sem renunciar à qualidade de crédito, mantendo a inadimplência abaixo das suas concorrentes. Entendemos que isso seja possível devido à alta exposição do Banco do Brasil ao setor agro, que segue resiliente e possui baixas taxas de inadimplência.

Temos recomendação de compra para as ações do Banco do Brasil (BBAS3) com um preço alvo de R$ 44,20, o que seria uma alta de 11,53%.