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Investir em ouro e prata não é tão caro; há opções a partir de R$ 75

João José Oliveira

Do UOL, em São Paulo

03/02/2021 04h00

Investir em ouro e prata não é coisa só para rico, como se pode pensar. É possível entrar em contratos de ouro na Bolsa a partir de R$ 75. Com a prata, o começo já exige mais, no entanto, com valor ainda razoável: R$ 1.000.

O ouro vem se destacando entre as principais aplicações já há algum tempo. Na década encerrada em 2019, teve um ganho nominal de 240%, praticamente cinco vezes mais que a alta do Ibovespa no mesmo período. O metal acumula valorização de 49% nos últimos 12 meses.

A prata subiu 47% ano passado e, na primeira sessão de fevereiro, bateu a maior cotação desde 2013, após subir quase 10% na segunda-feira (1º), após um movimento especulativo, ao estilo do que ocorreu com a loja GameStop, que foi bombada artificialmente em redes sociais.

Um jeito de se proteger

Profissionais destacam que o ouro e prata representam formas de proteção do patrimônio em momentos de incertezas, como guerras e crises econômicas e de saúde, ou de inflação descontrolada.

Segundo especialistas, o mercado do ouro é mais movimentado, com mais negócios e maior liquidez. Já a prata, além de ter um volume de transações menor —e por isso ser mais volátil— tem mais aplicações na economia real, o que influencia a cotação desse ativo.

Em ambos os casos, destacam profissionais de mercado, o investidor pode ter parte da carteira aplicada nesses metais, mas sempre com moderação. Isso porque os metais, negociados em contratos financeiros nas Bolsas, também podem se desvalorizar —por exemplo, em momentos em que não há instabilidades políticas globais ou riscos de inflação crescentes no radar. E também estão sujeitos a movimentos especulativos, que podem derrubar a cotação no curto prazo.

De maneira geral, o ouro é uma proteção do patrimônio contra riscos sistêmicos, como temos agora com a pandemia, e uma proteção contra desvalorização de moeda, contra inflação.
Fábio Figueiredo Filho, economista, assessor de investimentos da Messem Investimentos

Por que ter ouro na carteira vale a pena? Por enquanto, dizem profissionais de mercado, o cenário ainda é de valorização para ouro e prata, olhando o médio prazo, por alguns motivos:

  • Pandemia: Mesmo com a vacinação contra a covid-19 e com os países retomando a atividade econômica, ninguém consegue prever quando tudo voltará totalmente ao normal.
  • Inflação: Os governos de países de todo o mundo estão emitindo muito dinheiro para enfrentar a crise econômica, inclusive aqui no Brasil. O excesso de dinheiro pode provocar inflação mesmo em países desenvolvidos, como os EUA. O ouro e a prata são ativos que protegem o poder de compra da pessoa, mesmo da inflação em dólar.
  • Economia no Brasil: Se o Brasil não conseguir retomar o crescimento, isso tende a afetar diferentes tipos de aplicações em reais, como ações e renda fixa. Já o ouro, que acompanha o dólar, funciona como uma forma de proteção.

Quanto investir

Se a pessoa não tem nada em ouro, ela pode ir comprando aos poucos, diz o planejador financeiro da Planejar José Raymundo de Faria Júnior. A fatia que esse investimento pode ter numa carteira depende de pessoa para pessoa, mas em linhas gerais os consultores financeiros dizem esse ativo pode representar ao redor de 10% dos investimentos de longo prazo.

Como investir

Há basicamente três formas para o brasileiro investir em ouro.

Ouro em barra: A pessoa não precisa ter cerca de R$ 10 mil para comprar uma barrinha padrão de ouro, aquela com 1 onça troy (31,10 gramas) para levar para casa. Há corretoras autorizadas que vendem 1g para quem quer começar com cerca de R$ 320.

Mas antes de levar o metal para casa, é preciso abrir conta em uma corretora autorizada pelo Banco Central e pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) a vender ouro em barras. E depois de comprar, o investidor ainda precisa considerar custos e riscos.

Se levar a barra para casa, assume o risco de ser assaltado ou roubado. Se decidir manter a barrinha com a corretora, terá que pagar uma taxa de custódia, ao redor de 0,2% do valor guardado.

Contratos na Bolsa: Existe a opção de comprar contratos financeiros na B3. O lote padrão de ouro fino é caro: correspondente a um lingote de 250 gramas. Mas há os lotes fracionários, começando de 0,225 grama, o que reduz o investimento inicial para algo ao redor de R$ 75. Mas o investidor tem que pagar taxas, como a de custódia, que ficam ao redor de 0,3% do contrato.

Embora mais acessíveis, os contratos fracionários na Bolsa têm menor liquidez, ou seja, pode ser que a pessoa não consiga encontrar comprador na hora em que pretenda sair da aplicação com a mesma rapidez com que conseguiria se tivesse um contrato padrão, de 250 gramas. Já o Imposto de Renda é isento para aplicações até R$ 20 mil.

Fundos de investimento: A opção mais simples para alguém começar a investir em ouro são os fundos de investimento que aplicam em contratos financeiros de ouro. As aplicações podem ser feitas a partir de R$ 100, com taxas de administração bem baixas, na casa de 0,2%.

Tem o IOF, se a pessoa sacar antes de 30 dias. Esse imposto cobrado sobre o ganho é de 96% no primeiro dia, chegando a 3% no 29º dia e zerado a partir do 30º dia.

Depois há o Imposto de Renda, também regressivo —quanto mais tempo o dinheiro ficar aplicado, menor a alíquota, variando de 15% (para aplicações acima de 720 dias) a 22,5% (aplicações por menos de 180 dias).

Investir em ouro é bem acessível hoje em dia. Mas o aplicador precisa considerar esse ativo como uma forma de diversificação. Tem momento em que a Bolsa vai melhor; tem momentos em que os juros vão melhor e tem momentos em que o ouro vai melhor. Quem tem uma carteira diversificada consegue compensar essas diferenças.
Fábio Figueiredo Filho, economista, assessor de investimentos da Messem Investimentos

Como investir em prata

Para o investidor brasileiro há menos opções para se investir prata que no ouro. Veja abaixo algumas opções.

Ativo físico: É possível comprar a prata física, em estabelecimentos especializados, como bancos e corretores de metais preciosos. A aquisição usualmente é de barras conhecidas como prata 999 (por terem 99,9% de grau de pureza), mas há menos casas que trabalham com a prata na comparação com as que oferecem ouro. E é fundamental a checagem da reputação do vendedor.

Contratos em Bolsa: Diferentemente do ouro, a prata não tem negócios em Bolsa no Brasil. Para adquirir prata na Bolsa à vista ou contratos futuros, o investidor tem que ter conta em uma corretora no exterior que negocie esse ativo. O que implica custos e burocracia que dificultam a transação, especialmente para pequenos investidores.

Fundos de investimento: Também com menos opções que no caso do ouro, a prata tem alguns fundos de investimento no Brasil, caso do Vitreo Prata FIM, que compra ETFs (fundos de investimento que têm cotas negociadas em Bolsa como se fosse uma ação) que investem em contratos de prata no mercado internacional, como os negociados na Bolsa de Chicago. Esse fundo tem investimento mínimo inicial de R$ 1.000 e taxa de administração de 0,25% ao ano sobre o valor investido.

A gente tem o ouro como reserva de valor. Mas quando ouro chegou a um recorde, em setembro, a gente começou a procurar alternativas, e vimos a prata como opção.
Rodrigo Knudsen, gestor da Vitreo

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