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18 de 44 ações novatas na Bolsa caíram no 1º mês; vale a pena investir?

Camila Mendonça

Do UOL, em São Paulo

16/03/2021 04h00

A Bolsa de Valores (B3) está registrando recordes de empresas em seu mercado: desde o ano passado, 44 companhias entraram na Bolsa e fizeram seu IPO (Oferta Inicial de Ações). Foram 28 em 2020 e 16 neste ano até 9 de março. A expectativa é que 2021 registre um novo recorde até o final do ano.

Apesar do boom, das 44 estreantes, 18 tiveram perdas em suas cotações no primeiro mês após a estreia, segundo a consultoria Economatica. Ou seja, se o investidor comprasse ações na abertura e as vendesse em 30 dias, teria prejuízo. As perdas em 2020 variaram de 2,92% (JSL) a 42,74% (Moura Dubeux). Neste ano, entre as estreantes, as perdas no primeiro mês ficaram entre 4,71% (Hbr Realty) e 32,31% (Westwing).

Das empresas em que é possível avaliar o desempenho em seis meses (14 estreantes), oito seguem com desempenho negativo. Com expectativa de novas aberturas, e diante desse retorno, vale a pena apostar nas novatas da Bolsa?

Novas empresas na Bolsa beneficiam investidor

A pandemia forçou os bancos centrais ao redor do mundo a criarem medidas de estímulo, como a redução de juros, e isso beneficiou o mercado de ações. As empresas então mantiveram seus calendários e estrearam na Bolsa.

O ano realmente foi muito difícil, mas em termos de mercado ele foi muito positivo, porque existiam várias condições favoráveis, como dinheiro sendo injetado, taxas de juros baixas --fazendo com que investimentos de renda fixa não fossem vantajosos. Além disso, vimos o investidor querendo saber mais sobre a Bolsa.
Gabriela Joubert, head de Equity Research do banco Inter

Ilana Bobrow, sócia-fundadora e responsável pela área comercial da gestora Vitreo, avalia que o calendário de estreias de muitas empresas foi mantido porque há mais pessoas na Bolsa brasileira —o que favorece o volume de negociações. "Há um espaço maior, até para trazer mais setores", afirma.

Em geral, as empresas listadas hoje não representam o que é a economia brasileira. Ter mais empresas traz uma diversidade maior para a Bolsa.
Ilana Bobrow, da
Vitreo

Vale a pena investir nas novatas?

Com mais empresas na Bolsa, investir nas novatas vale a pena?

Gabriela Joubert, do Inter, levanta dois pontos: o primeiro é que mais empresas na Bolsa, de setores e tamanhos diferentes, podem garantir ações mais baratas, permitindo o acesso ainda maior da Bolsa aos pequenos investidores. Por outro lado, com mais opções, fica também mais difícil analisar e escolher bem as empresas.

É por esse motivo que Romero Oliveira, head de Renda Variável da Valor Investimentos, afirma: "Não entre. Espere e observe. É a decisão mais prudente".

Ele diz que o grande risco de investir em novatas é a base de informação sobre a empresa. "O risco está aí: com as novas empresas [de Bolsa e de mercado]. Você não tem a capacidade de avaliar como elas lidam com determinados momentos da economia, porque não há histórico", afirma.

O risco, diz, é tanto para quem quer investir no longo prazo ou em até um ano. "Warren Buffett, um dos maiores investidores do mundo, nunca entra em um IPO. Ele prefere esperar para depois tomar a decisão", afirma Oliveira.

Rodrigo Moliterno, head de Renda Variável da Veedha Investimentos, defende a compra na abertura, desde que seja por um valor "interessante", dentro do preço justo —o preço que analistas dizem que o papel vale.

Dicas para o investidor escolher uma estreante

Quem quiser investir em uma nova empresa da Bolsa deve seguir alguns cuidados. Confira abaixo as dicas dos especialistas Rodrigo Moliterno, da Veedha Investimentos; Romero Oliveira, da Valor Investimentos; Gabriela Joubert, do Inter; e Ilana Bobrow, da Vitreo.

Afeição à marca não pode ser decisivo: Embora muitos investidores escolham ações de empresas das quais gostam e até frequentam, esse fator não deve ser o decisivo. A afeição pode impedir de ver pontos importantes, como a saúde da empresa, quem são os fornecedores, os clientes, o mercado, os concorrentes.

Conheça o motivo da empresa para entrar na Bolsa: Estrear na Bolsa é uma forma de as empresas captarem dinheiro no mercado. Esse dinheiro é usado para alguma coisa. Normalmente, as companhias explicam os motivos pelos quais querem esses recursos. Entenda esses motivos.

Pesquise o preço justo: O preço justo de uma ação é o valor que mercado acredita ser o ideal. Veja se não vai pagar muito acima.

Compare com concorrentes: Compare estrutura, saúde financeira e preço da ação. A ideia é entender se a empresa está cara em relação à concorrência.

Não coloque todo o seu dinheiro na mesma empresa: Esse é um dos maiores erros dos investidores iniciantes. Os especialistas recomendam colocar apenas uma pequena parte da carteira, até 3%, em empresas novatas. Depois acompanhe pelo menos o primeiro ano da empresa na Bolsa, ainda que o investimento seja de longo prazo.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.