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5 maiores erros que fazem você perder dinheiro ao mexer nos investimentos

Para não perder dinheiro ao movimentar o dinheiro, investidor deve levar em conta todas condições que envolvem a aplicação - Getty Images/iStockphoto
Para não perder dinheiro ao movimentar o dinheiro, investidor deve levar em conta todas condições que envolvem a aplicação Imagem: Getty Images/iStockphoto

João José Oliveira

Do UOL, em São Paulo

13/04/2021 04h00

Resumo da notícia

  • Cometer um desses pecados pode levar investidor a deixar ganhos pelo caminho
  • Incertezas do mercados elevam risco de investidor desatento cometer erros, dizem profissionais de mercado
  • Veja o que recomendam especialistas para evitar erros ao movimentar as aplicações

Em momentos de incertezas sobre a economia, como o que estamos vivendo desde 2020, a instabilidade toma conta dos mercados. O sobe e desce das ações, dos fundos imobiliários e até de aplicações de renda fixa, dizem consultores financeiros, deixa muita gente tentada a mudar estratégias, sacando de uma aplicação para colocar o dinheiro em outra.

É aí que mora o perigo, segundo especialistas. Antes de movimentar o dinheiro, o aplicador precisa levar em conta todas as condições que envolvem um investimento - e que vão muito além do rendimento bruto de cada produto.

Em momentos de maior volatilidade dos mercados, o investidor tende a ficar mais desconfortável com as suas aplicações. E nesses momentos de incertezas é muito maior o risco de ele cometer erros, quando a emoção fala mais alto que a razão.
Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos

Segundo Simone, também professora de economia na ESPM, a falta de planejamento antes de investir amplia o risco de perdas do investidor ao cometer um erro na hora de movimentar o dinheiro de uma aplicação para outra. Veja abaixo o que dizem os especialistas e entenda quais erros você precisa evitar.

Motivos errados para trocar de investimento

Profissionais de mercado dizem que os motivos que levam o investidor a movimentar o dinheiro entre aplicações já podem ser fontes de erros que levam a perdas.

Existe um viés comportamental segundo o qual a pessoa se sente obrigada a reagir sempre que algo acontece. Mas isso não é necessário. Muitas vezes, o investidor não precisa e nem deve mudar suas aplicações.
Valter Police Jr, planejador fiduciário da Fiduc

Veja três motivos errados para alguém movimentar o dinheiro, segundo o planejador da Fiduc:

  1. Mudar para um investimento só porque está na moda;
  2. Sair do investimento porque rendeu pouco;
  3. Investir sem se basear em opinião qualificada.

Antes de investir, defina objetivos e prazos

Um dos maiores pecados que um investidor pode cometer é o de sacar o dinheiro antes da hora de uma aplicação que tem prazo de vencimento, por exemplo. Isso acontece com maior frequência com quem não planejou corretamente o objetivo e prazo da aplicação.

Por isso, dizem consultores, é importante o investidor definir - antes mesmo de começar sua aplicação - qual o objetivo e o prazo de cada investimento.

Quando a pessoa começa a guardar dinheiro sem ter uma finalidade específica ou objetivos definidos ela fica mais exposta ao risco de sacar da conta no momento errado, ou a trocar de aplicação deixando parte dos ganhos para trás.
Gabriela Mosmann, analista de investimentos da Suno Research

Cinco maiores erros na hora de movimentar investimentos

Planejadores financeiros dizem que muitos erros são cometidos a partir de um pecado original: considerar apenas o ganho bruto de uma aplicação e não o rendimento líquido. Quando faz isso, o aplicador deixa de considerar custos que corroem parte ou todo o ganho de uma aplicação no momento da transferência.

Um problema é o investidor que fica encantado com o vizinho, com um conhecido que está em outro fundo que está rendendo mais, e acaba transferindo sem levar em conta os custos dessa transação. E aquele a mais que ele pretendia ganhar no novo fundo talvez nem compense o que ele está deixando pelo caminho.
Márcia Silva, gerente de desenvolvimento de negócios em investimentos da Sicredi Vale do Piquiri Abcd SP/PR

Veja abaixo os cinco principais pecados que os aplicadores devem evitar na hora de movimentar o dinheiro de uma aplicação para outra, segundo profissionais de mercado.

  1. Sacar antes do vencimento - Ao movimentar o dinheiro de uma aplicação que tem prazo definido para resgate, a pessoa perde parte ou todo o ganho. Dependendo do produto, pode perder até parte do valor inicial. Fundos de investimento que não têm a chamada liquidez diária - quando a pessoa pode sacar a qualquer momento -, por exemplo, vão cobrar a taxa de administração mesmo que o rendimento tenha sido zero.
  2. Ignorar taxas e custos - Aliás, deixar de colocar na conta os custos com as taxas é outro erro que o investidor tem que evitar para não deixar escorrer seus ganhos. Nos fundos de investimento, a taxa de administração é cobrada sobre o total aplicado e não sobre o rendimento. Como os juros estão muito baixos no Brasil, apenas 2,75% ao ano, mesmo uma taxa de 0,5% já faz uma diferença enorme. Além disso, tem outras taxas que podem ser cobradas, como tarifas por transferências.
  3. Esquecer o imposto - Algumas das aplicações de renda fixa mais usadas pelos brasileiros, como os fundos de investimentos e CDBs, por exemplo, pagam imposto de renda conforme o tempo que o dinheiro fica aplicado. Quando mais tempo, menor a alíquota paga. É a chamada tabela regressiva. Se o dinheiro ficar aplicado por menos de 180 dias, o investidor vai pagar uma alíquota de 22,5%. Se esperar mais um dia, a taxa já cai para 20%, e segue nesse patamar até completar 360 dias. De 361 a 720 dias, a alíquota recua para 17,5%, e a partir de 720 dias, o IR fica em 15%. Se não considerar isso, o aplicador pode estar deixando uma parte maior do seu lucro para o governo.
  4. Realizar o prejuízo - A quantidade de novos investidores pessoas físicas na Bolsa triplicou nos últimos três anos. Depois de quatro temporadas seguidas de ganhos, de 2016 a 2019, o ano de 2020 deixou muitos novatos desconfortáveis, com perdas que chegaram a quase 70% no primeiro trimestre, conforme o Ibovespa. Quem se assustou e transferiu o dinheiro para um fundo de renda fixa acabou perdendo a chance de recuperar-se do tombo, já que o Ibovespa, nos meses seguintes, foi voltando aos patamares pré-crise.
  5. Concentrar o investimento - Ao trocar uma aplicação por outra, a pessoa precisa checar se não vai deixar a carteira dela desequilibrada após a mudança - concentrando muito capital em um único negócio. Tirar todo o dinheiro de um fundo de renda fixa para colocar em um fundo imobiliário que está bombando, por exemplo, vai deixar essa carteira com um perfil de risco maior - e, pior, dependendo de um único setor.

O importante na hora de movimentar o dinheiro entre investimentos é saber o retorno total dos seus investimentos, considerando todas as variáveis implícitas para se chegar ao que realmente importa, que é o rendimento líquido, que já desconta impostos e taxas.
Luis Gustavo Jorge Politi, sócio de desenvolvimento de negócios da Consulenza Investimentos

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