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Índice de ações da Bolsa sobe o triplo do Ibovespa; veja qual

Veja os índices de ações na Bolsa que mais ganharam e os que menos subiram na pandemia - Cris Fraga/Estadão Conteúdo
Veja os índices de ações na Bolsa que mais ganharam e os que menos subiram na pandemia Imagem: Cris Fraga/Estadão Conteúdo

João José Oliveira

Do UOL, em São Paulo

22/04/2021 04h00

Resumo da notícia

  • Teve Índice de ações que subiu 171% em 12 meses, ante 56% do Ibovespa
  • Procura por commodities pela China e dólar valorizado afetam índices importantes
  • Índices de setores imobiliário e de consumo estão atrás do Ibovespa; entenda

O Ibovespa acumula valorização de 55,6% em 12 meses, um desempenho positivo para quem colocou dinheiro na Bolsa em fundos que acompanham esse indicador a partir de abril de 2020. Mas há índices que estão batendo com sobra esse ganho, enquanto outros andaram menos que o principal indicador do mercado acionário brasileiro.

Segundo profissionais de mercado, isso acontece porque cada setor da economia foi impactado de forma diferente pela pandemia. Enquanto o setor exportador está se beneficiando do dólar valorizado e da retomada econômica de economias como a chinesa e a americana, outros ramos de atividade que dependem das vendas domésticas sofreram mais com as medidas de isolamento social.

Confira abaixo quais foram os índices que mais caíram e os que mais subiram nos últimos 12 meses e os motivos dessas oscilações, segundo analistas ouvidos pelo UOL.

Sobe e desce dos índices

Na lista dos principais índices de ações na Bolsa brasileira, o campeão de ganhos no período de 12 meses é o Imat (IMAT), formado por empresas que atuam no setor de matérias-primas, produzindo minério, aço, celulose, por exemplo. Esse indicador acumula alta de 171% desde abril do ano passado —três vezes o desempenho do Ibovespa no período.

Por outro lado, o índice que andou menos nesses 12 últimos meses foi o Utilities (UTIL), formado por ações de concessionárias de utilidade pública, como geradoras e distribuidoras de energia, ou empresas de saneamento. Esse índice variou 30,2% nessa mesma janela de comparação.

Veja abaixo quanto variaram alguns dos principais índices da Bolsa brasileira B3 e comentários de profissionais de mercado.

Dólar e pandemia afetaram índices

Índice de Materiais Básicos

Formado por 11 empresas que têm em comum atuarem no setor de matérias-primas, o Imat representa um grupo de gigantes, como a mineradora Vale, as siderúrgicas CSN e Usiminas, e as produtoras de papel e celulose Suzano e Klabin.

É um setor muito ligado ao mercado externo. Quanto maior a procura por seus produtos no exterior, mais essas companhias vendem. Como elas faturam em dólar, quanto mais a moeda norte-americana se valoriza, mais essas empresas ganham.

A China, que está saindo da crise da pandemia mais rapidamente que o Brasil, é o maior comprador mundial de produtos como minério e aço. Por isso, o cenário para esse índice segue positivo, dizem profissionais de mercado.

As grandes economias do mundo vão injetar ainda mais dinheiro para crescer e isso vai demandar commodities. Mas o setor de commodities não consegue aumentar a oferta tão rapidamente porque isso exige investimentos pesados. Como a oferta não consegue acompanhar a procura, a pressão de alta de preços das matérias-primas deve continuar.
Rodrigo Franchini, sócio e chefe de produtos da Monte Bravo

Índice das Small Caps

Outro índice que tem apresentado desempenho superior ao do Ibovespa é o das Small Caps (SMALL), formado por 41 empresas de menor capitalização, ou que têm um volume de negociação menor que o registrado pelas integrantes do Ibovespa.

Esse índice é muito misturado. Tem algumas empresas que estão ligadas ao setor de tecnologia e de commodities, que foram bem na crise, negócios conseguiram se destacar na crise.
Eduardo Carlier, gestor de renda variável da AZ Quest

IEE (Índice de Energia Elétrica) e Utilities (Índice de Utilidade Pública)

Na lista dos índices de ações que estão subindo menos estão indicadores que reúnem concessionárias de serviços públicos, como o IEE, de energia elétrica, e o Utilities (UTIL). São companhias que tiveram o faturamento afetado por problemas de inadimplência de consumidores com dificuldades para quitar as contas em meio à pandemia.

Segundo profissionais de mercado, esses índices devem seguir pressionados enquanto o governo não conseguir acelerar a vacinação da população para que as medidas de isolamento sejam suspensas e, assim, a atividade econômica volte ao que era antes.

Essas empresas podem ser afetadas também pela alta dos juros, que elevam os custos de investimento do setor. Mas os juros reais continuam ainda baixos e essas empresas já estão muito descontadas, e que devem voltar a apresentar bom desempenho depois que a crise passar porque acompanham o ritmo do crescimento econômico
Betina Roxo, estrategista-chefe da Rico Investimentos

Índice de Consumo

O Índice de Consumo (ICON) é formado por mais de 100 empresas que dependem do mercado doméstico, que vai de redes de supermercados a redes de comércio de vestuário, de grupos de comércio eletrônico e farmácia, a locadoras de automóveis e produtoras de alimentos.

Por ser tão diverso, esse índice tem empresas que foram muito bem na crise, como varejistas do comércio eletrônico, mas também companhias que sofreram bastante com o isolamento social, como as de turismo e de construção. Na média, esse indicador depende mesmo da retomada da economia doméstica para conseguir bater o Ibovespa de forma consistente, dizem analistas.

Índice Imobiliário

O setor imobiliário sofreu com o fechamento dos estandes de vendas e interrupção de obras durante a pandemia, afetando o Índice Imobiliário (IMOB) da Bolsa. No segundo semestre do ano passado, construtoras e incorporadoras até conseguiram retomar vendas, mas apenas reduzindo os estoques que estavam altos.

O retorno de medidas de quarentena em grandes cidades no primeiro trimestre deste ano travou as vendas novamente e reacendeu o alerta da incerteza no radar dessas companhias.

Índice Financeiro

O índice do setor financeiro (IFNC) também subiu menos que o Ibovespa ao longo dos últimos 12 meses, com o desempenho de grandes bancos afetando esse indicador. O impacto da crise econômica sobre o crédito levou grandes instituições financeiras a aumentarem o volume de dinheiro separado para cobrir eventuais perdas.

O setor imobiliário vem sendo impactado pela perspectiva de alta de juros e isso afeta os novos lançamentos. Como uma área de consumo, [esse setor] também depende do emprego e da renda. No setor financeiro, o que vimos é que grandes bancos foram impactados pela redução da rentabilidade do negócio, pela necessidade de reduzir dividendos e pela concorrência das empresas financeiras digitais.
Roberto Indech, estrategista-chefe da Clear Corretora

Bolsa não é apenas o Ibovespa

Conhecer outras referências na Bolsa além do Ibovespa é importante para o investidor poder calibrar suas aplicações em ações, dizem profissionais de mercado. O Ibovespa é formado atualmente por 82 ações que são as mais negociadas na Bolsa. Mas esse indicador apresenta uma forte participação de algumas companhias, como Petrobras e Vale, que juntas representam 22% desse indicador.

Se colocar nessa conta os grandes bancos listados - Itaú Unibanco, Bradesco e Banco do Brasil - são mais 15% de peso. Ou seja, apenas esses cinco gigantes já representam quase 40% do comportamento do Ibovespa.

Se o investidor não gosta e nem tem ações de Petrobras, Vale ou bancos, não faz sentido usar o Ibovespa como referência. O investidor precisa ver na carteira dele qual a melhor referência para avaliar se o investimento dele está indo bem ou não.
Rodrigo Franchini, sócio e chefe de produtos da Monte Bravo Investimentos

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