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10 empresas que crescem na Bolsa, mas você nunca ouviu falar delas

Raphael Coraccini

Colaboração para o UOL, em São Paulo

23/04/2021 04h00

Algumas ações ganharam um lugar no coração do investidor brasileiro no último ano, como Magazine Luiza, CSN, Vale e tantas outras. Porém, existem empresas que não estão exatamente no hall da fama da Bolsa (B3), mas que apresentaram importante valorização acumulada do começo do ano passado até agora.

Tem empresa que já valorizou mais de 400% desde janeiro de 2020 até abril deste ano, mas que não são conhecidas de grande parte dos investidores —principalmente os iniciantes. Levantamento do UOL Economia+, com base em dados da consultoria Economatica, elencou as 10 empresas cujas ações mais se valorizaram nos últimos meses, mas que não são tão populares assim. Confira:

Recrusul: que empresa é essa?

Os dados da Economatica avaliaram o desempenho de empresas que estiveram em pelo menos 90% das sessões da B3 e com movimentação acima de R$ 1 milhão, em média. A partir dessa lista, o UOL Economia+ elencou as desconhecidas dos investidores.

No topo da lista está a Recrusul, empresa que produz reboques e carrocerias para veículos de carga. As ações da companhia subiram 437,5% de janeiro de 2020 a abril deste ano.

Segundo analistas, essa valorização está relacionada ao aquecimento da demanda por serviços logísticos durante a pandemia. Atrás dela está a IGB. A empresa fabricante de eletrônicos está em recuperação judicial, mas suas ações dispararam nos últimos meses, com valorização de 290% desde janeiro de 2020.

O professor da FGV Carlos Alberto Di Agustini alerta, porém, que a valorização da Recrusul e da IGB representa pouco para o mercado por conta da falta de liquidez das empresas. No caso da IGB, ele ressalta que o resultado das ações nada tem a ver com um eventual ressurgimento.

É uma empresa que não está operando, mas que tem bens que podem ser vendidos para beneficiar os acionistas. E como ela estava muito em baixa, o menor movimento faz ela dobrar.
Carlos Alberto Di Agustini

Segundo o professor, a Recrusul, embora em situação mais confortável, também não ostenta faturamento suficiente para ser considerada uma boa aposta. "Tanto Recrusul quanto IGB são empresas falidas, tecnicamente falando. A Recrusul tem mais chances porque ainda tem parque industrial funcionando, força de trabalho e clientes".

Ainda assim, a empresa foi retirada da carteira de small caps (empresas com baixa capitalização) do BB Investimentos em abril.

Crescimento sem fundamento

Essa ascensão súbita, mas sem fundamentos que garantam a manutenção dos resultados, é a realidade da maior parte das empresas pouco conhecidas que figuram entre as de maior valorização na Bolsa.

Sustentar os bons números de 2020 têm sido o desafio da Heringer, que deu a volta por cima depois de anunciar recuperação judicial em 2019. A fabricante de fertilizantes virou o jogo ao renegociar seu passivo e reduzir sua dívida de curto prazo a um quarto do que era, segundo balanço do terceiro trimestre de 2020.

A empresa figura entre as pouco conhecidas que tiveram os melhores desempenhos na Bolsa, com retorno acumulado de 166% desde a aprovação da sua recuperação judicial, em janeiro do ano passado.

Outra que teve que se submeter à recuperação judicial, mas que tem visto suas ações dispararem 259% é a Lupatech. Essa valorização está muito relacionada aos contratos fechados com a Petrobras, em 2020. "A Petrobras é capaz de levar o foco do mercado para essas smalls caps —isso traz uma confiança muito grande para o mercado", avalia Danielle Lopes, analista da Nord Research.

Confira a lista das desconhecidas

Baratas, mas nem tanto

Para Jennie Li, estrategista de ações da XP Investimentos, o momento é positivo para identificar empresas pouco comentadas e com boas oportunidades de rentabilidade, em especial, entre as small caps — empresas com baixa capitalização. Segundo ela, essas empresas têm mais facilidade de apresentar crescimento no pós-crise.

Doze meses depois do pior momento da crise de 2008, o índice small caps se valorizou quase 150%, enquanto o Ibovespa subiu cerca de 80%. Agora, a gente vê um movimento parecido.
Jennie Li, estrategista de ações da XP Investimentos

Li ressalta a importância das empresas apresentarem bons fundamentos, independentemente do preço das ações —mesma preocupação de Dany Chvaicer, sócio da Ébano Investimentos.

Chvaicer acrescenta que, para escolher boas ações é preciso olhar para além da valorização delas no passado recente e identificar a capacidade que as empresas têm de gerar bons resultados na economia real —ou seja, no dia a dia das pessoas. "Precisa ver se a empresa tem qualidade, se ela continua faturando a mais para construir valor e pagar dividendos", alerta o especialista.

Desconhecidas quase conhecidas

Na lista das empresas que apresentaram crescimento nos últimos meses na Bolsa estão duas companhias que, até pouco tempo, eram desconhecidas, mas têm recebido holofotes dos investidores.

A Weg é uma delas. A empresa, que produz máquinas para siderúrgicas e mineradoras, vem se destacando por conta dos seus projetos em dólar e pelo aquecimento da demanda interna nos setores de exploração e transformação de minérios.

"No Brasil, a retomada observada desde o terceiro trimestre de 2020 manteve elevada a demanda por nossos produtos e soluções", disse André Rodrigues, superintendente de RI da Weg, na última conferência com investidores.

Neste mês, o Bank of America recomendou a compra das ações da empresa, indicando a sustentação das altas depois de uma valorização de 125% desde janeiro do ano passado.

No setor de petróleo, uma empresa tem conseguido dar a volta por cima é a PetroRio, que subiu 197% na Bolsa desde janeiro de 2020. A petrolífera foi recentemente indicada aos investidores pelas equipes do Bradesco, Santander, Safra, BTG e Itaú BBA.

Segundo Danielle Lopes, analista da Nord Research, o sucesso da recuperação "fez com que bancos de investimento entendessem melhor o que acontece dentro da empresa e passassem a recomendar". A reorganização da casa, a valorização do preço do barril e os resultados finais no balanço da empresa refletiram no preço das ações, avalia.

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