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Ações da Vale e outras opções para ganhar dinheiro com a alta do minério

Minério de ferro, principal matéria-prima na indústria do aço, opera ao redor da maior cotação desde fevereiro de 2011 - David Gray
Minério de ferro, principal matéria-prima na indústria do aço, opera ao redor da maior cotação desde fevereiro de 2011 Imagem: David Gray

João José Oliveira

Do UOL, em São Paulo

04/05/2021 04h00

Resumo da notícia

  • Minério de ferro chegou a bater maior valor em uma década
  • Compras da China e oferta limitada vão manter preço do metal em alta
  • Especialistas falam sobre opções no mercado para investidor aproveitar esse ciclo

O minério de ferro, principal matéria-prima na indústria do aço, atingiu a maior cotação desde fevereiro de 2011. O material vem sendo negociado no mercado à vista ao redor de US$ 190 a tonelada, e já acumula alta de 20% este ano e de 125% em 12 meses. Essa valorização está sendo alimentada pelo aumento das compras da China e por uma oferta limitada por parte das mineradoras que não conseguem acompanhar a demanda maior, dizem especialistas.

A valorização do metal está alimentando ganhos de empresas que atuam no setor, caso da brasileira Vale, negociada na Bolsa com peso de 14,4% no comportamento do Ibovespa. Segundo profissionais de mercado, aplicar em ações da mineradora é uma das formas de aproveitar essa onda positiva das commodities metálicas. Mas não a única.

Confira abaixo como aproveitar a alta do minério de ferro para ganhar dinheiro.

Por que o minério está subindo?

Demanda crescente: a China, segunda maior economia do planeta, está retomando de forma acelerada projetos de infraestrutura que foram afetados pela pandemia do novo coronavírus. A China está produzindo mais aço e, por isso, precisa de mais matéria-prima. O país já é o maior comprador mundial dessa commodity, respondendo por cerca de 70% das importações globais.

Além da China, outras economias com peso no PIB global também estão retomando as atividades com injeção de capital na infraestrutura, caso dos Estados Unidos.

Oferta estável: projetos de mineração exigem investimentos elevados e tempo para implementação. O último grande ciclo de aumento de oferta aconteceu cerca de uma década atrás. Até que novos projetos das maiores mineradoras mundiais saíam do papel, a oferta tende a ficar ao redor da atual.

Essa onda pode acabar logo?

Segundo profissionais de mercado, as compras pela China de minério de ferro e outras matérias-primas para a indústria vão continuar fortes porque o país está retomando o crescimento econômico com forte investimento em infraestrutura.

Por outro lado, as empresas de mineração não devem conseguir aumentar a oferta rapidamente porque novos projetos de extração do metal demoram mais de dois anos para sair do papel.

Com demanda crescente e oferta estável, os preços tendem a subir, apontam analistas de mercado, pelo menos até que a produção mundial da matéria-prima aumente.

A demanda voltou a crescer com força, mas não há maiores ofertas entrando porque nenhuma mineradora investiu pesado em grandes projetos nos últimos anos. Então, oferta nova só deve entrar no mercado dentro de uns três anos. Isso dá uma certa previsibilidade de que os preços devem se sustentar.
Pedro de Marco, analista e sócio da Reach Investimentos

Vale investir em minério de ferro?

Para analistas, a combinação de demanda forte e oferta limitada dentro de um horizonte de médio prazo, pelo menos, justifica a inclusão do setor de minério de ferro numa carteira de investimentos, mesmo após as valorizações recentes.

Segundo analistas, o setor de matérias-primas metálicas pode entrar no radar do investidor por três fatores:

  1. Diversificação geográfica: ao aplicar em ativos relacionados a esse setor, o investidor brasileiro vai ter uma parte de sua carteira ligada indiretamente ao desempenho da economia de outros países - no caso, da China, economia que mais cresce no mundo desenvolvido;
  2. Diversificação por moeda: as commodities são cotadas em dólar. Assim, ao investir em empresas que atuam nesse setor o aplicador vira sócio de uma companhia que se beneficia da valorização da moeda norte-americana ante o real;
  3. Proteção contra a inflação: no longo prazo, as matérias-primas tendem a acompanhar a inflação porque os contratos de fornecimento tendem a seguir a variação dos preços em dólar.

Como investir em minério de ferro

Embora existam contratos futuros de commodities negociados nas Bolsas, inclusive no Brasil, a forma mais simples e descomplicada para o investidor aproveitar a alta do minério de ferro é aplicando em ações de empresas que atuam nesse setor.

Isso pode ser feito comprando ações de companhias brasileiras negociadas na Bolsa, ou aplicando em BDRs, que são os recibos de ações de companhias estrangeiras, ou ainda por meio de fundos de investimento ou ETFs, que são fundos que acompanham índices de ações.

Veja abaixo alguns exemplos:

Ações e BDRs

Vale: a empresa brasileira é a terceira maior mineradora do mundo e a líder em produção de minério de ferro. Após atravessar crises por crimes ambientais que protagonizou com os rompimentos de duas barragens, a companhia voltou ao trilho dos lucros e reportou no primeiro trimestre deste ano um ganho 3.000% maior, em reais, que um ano antes. Além disso, a companhia tem grande peso no Ibovespa, o principal índice de ações da Bolsa brasileira.

CSN Mineração: a empresa que nasceu da siderúrgica CSN é menor que a Vale, mas também é exportadora de minério que se aproveita da valorização do metal no mercado global.

BHP: a mineradora anglo-australiana tem recibos de ações negociados no Brasil. Maior mineradora do mundo, a BHP tem seu BDR negociado na Bolsa a R$ 400.

Rio Tinto: segunda maior mineradora do mundo, o grupo também tem capital anglo-australiano. O BDR no Brasil está sendo negociado ao redor de R$ 470.

Investir numa ação de mineradora é uma forma indireta de investir em commodities, por meio de empresas que atuam no setor. Mas é importante lembrar que ao fazer isso, o aplicador não está exposto apenas ao preço de commodities puramente, mas também aos custos e às margens da empresa que está investindo.
Betina Roxo, estrategista chefe da Rico Investimentos

Fundos e ETFs

Plataformas de investimento oferecem, a investidores locais, alternativas de investimentos no setor de matérias-primas por meio de carteiras, incluindo fundos que são negociados na forma de ETFs.

O MATB11, por exemplo, é o ETF de um fundo lançado pelo Itaú Unibanco. O produto busca refletir a performance do Imat, o Índice de Materiais Básicos, calculado pela B3, que acumula alta de 34% este ano e de 162% em 12 meses. Na composição desse ETF, a mineradora Vale tem peso de 20%, enquanto a CSN responde por 13%.

Outro fundo que aplica em commodities - não apenas metálicas - é o Trend Commodities, lançado pela XP Investimentos, que replica o desempenho do DBC - Invesco DB Commodity Index Tracking Fund. Além de metais industriais, esse produto acompanha também petróleo, commodities agrícolas e metais preciosos. A aplicação mínima é de R$ 100,00.

Gestores de recursos destacam que há diversos outros fundos de investimento multimercados que também aplicam em commodities mas que não são negociados em Bolsa como opções para quem deseja ter uma parte da carteira de renda variável nesse setor.

Estamos vendo o lançamento de ETFs e BDRs de ETFs que dão ao investidor brasileiro maior liquidez para movimentar a aplicação quando precisar.
Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos

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