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Saúde é opção para investir, e ações estão baratas, dizem analistas

Raphael Coraccini

Colaboração para o UOL, em São Paulo

11/06/2021 04h00

Nos últimos cinco anos, o Grupo Fleury gastou R$ 1 bilhão na compra de uma dezena de empresas do setor de saúde. Em 1º de junho, quando a empresa anunciava a aquisição de laboratórios no Espírito Santo, a Rede D'Or incluía mais um hospital na lista de adquiridos. Alguns dias antes, acionistas aprovavam a fusão entre Hapvida e NotreDame Intermédica.

Para especialistas, a concentração no setor deve ser o grande motor da valorização das empresas de saúde na Bolsa de Valores nos próximos anos, e elas devem continuar crescendo mesmo após a pandemia. Uma análise da Suno Research apontou que o movimento deve eliminar ineficiências, e levar o setor a uma taxa de crescimento anual de 25% nos próximos anos.

O UOL Economia+ ouviu analistas do mercado para entender quais empresas do setor são oportunidades para os investidores. Eles contaram também quais são os papéis que estão baratos e valem o investimento. Confira abaixo quais são eles.

As ações mais atraentes para os investidores

André Querne, sócio da Rio Gestão, diz que as principais vencedoras nessa expansão devem ser Hapvida e NotreDame Intermédica.

São empresas que têm 90% do atendimento dos seus planos de saúde realizados dentro dos seus próprios hospitais e clínicas, isso permite ter o controle de custos e despesas.
André Querne

Isso garante, segundo o analista, serviços até 40% mais baratos que os oferecidos por empresas que não são verticalizadas.

Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos, destaca como positiva a perspectiva para as ações de Hapvida (HPAV3) e NotreDame (GNDI3), que podem chegar a R$ 18 e R$ 100, respectivamente, diante dos atuais R$ 15 e R$ 86.

Segundo ele, o movimento de concentração do mercado também deve favorecer o desempenho da Rede D'Or (RDOR3), que pode chegar a R$ 76, uma valorização de 10%.

Há ainda muito espaço para que essas fusões e aquisições aconteçam. Essas empresas estão encontrando um bom momento para pagar menos por isso.
Henrique Esteter

A valorização dos papéis da Rede D'Or deve ser amparada principalmente pelo crescimento baseado na expansão no número de leitos que hoje pertencem a empresas menores.

Querne afirma que 70% dos hospitais brasileiros particulares têm menos de 50 leitos.

É um mercado pulverizado e dominado por pequenos [negócios], e toda vez que há dificuldades econômicas, um monte deles não sobrevive. Nos últimos anos, o que houve foi uma redução do número de leitos.
André Querne

A perspectiva é a de que a Rede D'Or, que detém 7% do mercado, chegue a 13% ao final de cinco anos, com uma estratégia voltada para aquisição desses hospitais em dificuldades financeiras.

Veja quais ações do setor estão baratas

Dany Chvaicer, sócio da Ébano Investimentos, aponta boas possibilidades para as ações descontadas no setor de varejo farmacêutico. Os casos mais notórios, segundo ele, são da Rede D1000 (DMVF3), dona das redes Drogasmil, Drogaria Rosário, Drogarias Tamoio e Farmalife, e Panvel (PNVL3) que têm boas perspectivas baseadas na "aceleração das vendas online e logística para atender o público que sai menos de casa".

A Rede D1000 deve ter uma alta de mais de 100% no preço das suas ações, chegando a R$ 24, enquanto a Panvel tem preço-alvo de R$ 43, perspectiva de 50% de alta, segundo a Eleven Research.

No setor de seguros de saúde, Roberto Nemr, especialista da OhmResearch, aponta que os movimentos de fusão e aquisição podem impulsionar ações como as da SulAmérica (SULA3), que hoje estão 20% mais baratas que os R$ 50 vistos como preço-alvo.

Além da possibilidade de integrar alguma grande transação no futuro, a empresa deve ser beneficiada pelo aumento dos juros. "Parte da sua receita vem de juros e caiu com eles, mas isso deve ser revertido agora", analisa Nemr.

Outra que está descontada é o Grupo Fleury (FLRY), operando na casa dos R$ 26, e que pode chegar ao patamar de R$ 30, segundo as avaliações.

"Ela não tem motivo para cair abaixo disso", avalia Nemr, com base na retomada da rotina de exames. "E se houver algum anúncio de compra da Fleury, a perspectiva é pagar 30% a mais pelas ações."

Outras possibilidades no setor, segundo o analista da OhmResearch, são os certificados de ações estrangeiras (BDRs), em especial, da Pfizer, que valorizaram durante o pico mundial da pandemia, mas que hoje estão descontados.

Com a reabertura, essas ações ficaram para trás. A Pfizer está mais barata que a média da Bolsa norte-americana. É uma boa opção para comprar porque as tendências de envelhecimento da população e aumento da demanda não serão revertidas no longo prazo.
Roberto Nemr, da OhmResearch

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