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Clubes de investimentos reúnem amigos e família; veja se ideia é segura

Vinicius Pereira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

09/08/2021 04h00

Reunir um grupo de amigos para formar um clube de investimentos pode ser uma opção para quem não tem tanto dinheiro para comprar um número de ações considerado vantajoso ou para conseguir acessar produtos ou serviços limitados a grandes investidores. Segundo dados da B3, hoje existem cerca de 1.500 clubes de investimentos no país.

Na definição da B3, um clube de investimento é "um condomínio constituído por pessoas físicas para a aplicação de recursos comuns". Dessa forma, com mais dinheiro em jogo, em uma operação que costuma reunir amigos ou a família, é possível "diversificar a aplicação, investindo em ações de diferentes empresas e setores da economia, com custos de transação proporcionalmente menores". A proposta parece atraente, mas será que é segura? Será que vale a pena? Confira abaixo.

Como funcionam os clubes?

Quem deseja montar um clube deve reunir um grupo de três a 50 pessoas, além de um administrador, que deve ser uma corretora ou um banco, sendo que a gestão será feita por um gestor profissional contratado ou por algum membro do grupo, desde que ele seja certificado e credenciado pela CVM (Comissão de Valores Mobililários).

A tributação, de 15% sobre o lucro das operações, ocorre no resgate das cotas, assim como em um fundo de ações. Além disso, no mínimo 67% do montante deve ser alocado necessariamente em renda variável. As taxas cobradas variam entre as instituições e, principalmente, de acordo com o tamanho do montante gerido pelo clube.

Assim, a principal diferença entre um clube de investimentos e um fundo de ações está no modelo de gestão. Enquanto o fundo possui uma gestão obrigatoriamente profissional e o cotista não opina sobre as estratégias, no clube há uma aproximação maior do investidor.

"Um clube de investimentos é como se fosse um clube de poupadores que querem investir em ações, aprendendo e interferindo nas decisões, com essas pessoas se reunindo, emitindo opiniões sobre o que comprar, etc", disse João Peixoto, diretor da Ouro Preto Investimentos.

O Banco Inter, por exemplo, já oferece a possibilidade de os clientes criarem ou entrarem para um clube de investimentos. Segundo a instituição, os membros desses clubes possuem melhores taxas em produtos de renda fixa e, em clubes com patrimônio total acima de R$ 3 milhões, há cashback de 100% nos fundos.

Os Clubes valem a pena? Quais os riscos

Especialistas ouvidos pelo UOL afirmam que o clube só é interessante caso os investidores gostem e desejem acompanhar de perto a gestão dos ativos.

"A ideia do clube lá atrás era autorizar uma reunião de pessoas, a taxas mais baratas, para que elas pudessem aprender a investir em ações. Hoje, o clube é como se fosse um fundo pequeno de pessoas. Essas pessoas se reúnem com periodicidade para investir e discutir o investimento", afirma Peixoto.

Segundo ele, com a oferta atual de fundo de ações, cada dia mais acessíveis, os clubes devem entrar em desuso.

Um dos pontos de atenção, segundo Ronaldo Lee, consultor de investimentos na Nord Wealth, são os preços e as condições para os invesidores montarem um clube, como corretagem e taxa de administração.

"Dependendo delas, pode ser melhor investir em um fundo de ação, com gestores experientes e experiência comprovada do que num um clube que não sabemos se há uma equipe competente fazendo a gestão", disse.

De acordo com Bruna Amalcaburio, analista de investimentos da Top Gain, antes de o investidor entrar em qualquer fundo ele precisa entender se a gestão está alinhada aos seus interesses.

"O investidor precisa verificar se a política de investimento é condizente com suas estratégias. Fique atento às taxas e de como a gestão é feita. Além disso, o clube de investimento é mais restrito, geralmente usado por família e amigos, enquanto fundos de investimento possuem mais regras e normatizações em suas operações.

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