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Inter dispara na Bolsa: dá para ganhar dinheiro investindo nele agora?

Nivaldo Souza

Colaboração para o UOL, em São Paulo

26/08/2021 16h51Atualizada em 27/08/2021 06h30

O desempenho do Banco Inter na Bolsa tem chamado a atenção do mercado. O banco digital com sede em Belo Horizonte acumula uma valorização de quase 100% neste ano, até o fechamento da última quarta-feira (25), e de 219% nos últimos 12 meses, superando com imensa folga o desempenho do Ibovespa, que pontua modestos 0,82% no acumulado do ano.

Depois de uma queda de 4,4% na sessão de quarta, o banco seguiu como a maior alta da Bolsa ao longo da sessão desta quinta-feira (26) —chegou a subir mais de 9% e fechou com alta de 4,6%. O movimento foi na contramão do Ibovespa, que recuou 1,73%. O UOL ouviu quatro analistas especializados em Inter para entender o que explica a valorização e se as ações da fintech seguem como boa opção para o investidor. Veja abaixo.

O que explica o disparo no dia?

O mercado recebeu bem o anúncio feito pelo banco na noite da última quarta-feira (25). O Inter informou a liberação de limite no cartão de crédito para 1,1 milhão de correntistas da sua base de 13 milhões de clientes.

Serão R$ 3 bilhões distribuídos em crédito adicional de R$ 500 por cliente ao longo das próximas duas semanas. Isso eleva em 25% o montante em crédito concedido, que atinge o patamar de R$ 15 bilhões.

O anúncio ajuda a explicar a recuperação em relação à queda registrada na quarta-feira (25).

"Hoje (quinta) foi um dia negativo para o nosso índice acionário como um todo, o Ibovespa, mas o Banco Inter teve boas movimentações de alta. Chegou a subir mais de 8%, muito por conta do aumento de crédito para clientes. Isso deu uma animada no mercado", afirma Victor Bueno, analista da Top Gain.

Por que tem subido tanto?

O Banco Inter teve uma valorização de 219% em 1 ano. No período, o Ibovespa cresceu 19%.

Na avaliação de Vergílio Lage, especialista da Valor Investimentos, a pandemia de covid-19 favoreceu os papéis de empresas ligadas ao setor de tecnologia, como fintechs e e-commerce. Isso porque, em casa, as pessoas descobriram novos serviços e formas de consumir.

Ele considera que o fato de não haver um ambiente exclusivo para negociação de papéis de tecnologia na Bolsa, como ocorre nos Estados Unidos com a Nasdaq, explica o descompasso do Inter com relação ao Ibovespa.

"Essa conjuntura fez empresas de tecnologia, como o Banco Inter e a Magazine Luiza, serem favorecidas com a compra de ações", afirma Lage.

A Nasdaq é o destino onde o mercado espera ver o Inter chegar nos próximos meses em busca de levantar recursos para fazer frente a seu principal concorrente, o Nubank. "A empresa cedo ou tarde vai entrar na Nasdaq", afirma Bueno.

Vale investir no Inter?

O mercado começa a duvidar da capacidade de geração de lucro do Banco Inter, o que pode reduzir a margem de retorno aos investidores. No primeiro semestre, a empresa registrou resultado líquido de R$ 18,2 milhões, o que é considerado como um teto ante a estrutura da fintech atualmente.

Na avaliação de Flávio de Oliveira, analista da Zahl Investimentos, a relação entre lucratividade e custos para expansão precisa ser acompanhada com atenção.

A explicação é o fato de as fintechs crescerem oferecendo serviços com baixo custo em relação aos bancos tradicionais.

"O mercado precifica a continuidade do crescimento do banco. A grande dúvida, porém, é: será que esse banco vai se tornar uma estrutura rentável, entregando custos tão baixos para os clientes?", diz Oliveira.

Enrico Cozzolino, analista da Levante Ideias de Investimentos, aponta que as despesas do Inter estão crescendo na mesma proporção que a sua valorização na Bolsa. Isso ocorre, segundo ele, como parte da estratégia de penetração no mercado digital para não perder de vista o Nubank, que tem atraído investidores como Warren Buffett.

"O principal ponto de risco é justamente o bolo como um todo, que precisa crescer. A gente no mercado tem essa dúvida de quanto desse crescimento vira dividendo, que na indústria financeira é o retorno sobre o capital injetado (pelo investidor)", afirma Cozzolino.

Já o analista da Top Gain não retira a indicação positiva para ação do Inter. Mas sugere a ação na casa dos R$ 70 como topo atingível por enquanto, já considerando uma futura listagem na Nasdaq e eventuais pequenas aquisições.

"A gente não pode garantir que o investidor não pode ganhar dinheiro, porque no curto prazo tudo pode acontecer. Mas se torna cada vez mais difícil ganhar dinheiro com o Banco Inter", afirma Bueno.

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