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Bolsa tem novos fundos de criptomoedas: veja riscos e rentabilidade

Raphael Coraccini

Colaboração para o UOL, em São Paulo

27/08/2021 04h00

A sopa de letrinhas pode dificultar a compreensão sobre o que são exatamente os fundos de criptomoedas. Só em agosto surgiram ETHE11, QETH11 e BITH11. Se no papel são iguais, na prática, apresentam diferenças consideráveis na rentabilidade porque espelham índices de desempenho das principais criptomoedas do mercado, que têm diferentes valores e oscilações frequentes.

Especialistas em criptoativos ouvidos pelo UOL explicam o que são exatamente esses novos ETFs (fundos de índices) e quais os riscos e as possibilidades de rentabilidade ao investir em um fundo de criptomoedas. Veja abaixo o que eles disseram.

Novos fundos podem ter valorização alta, mas são mais arriscados

O lançado mais recentemente é o ETHE11 e diferencia da maioria dos outros ETFs de criptomoedas, por ter 100% da sua composição em ether, o token da ethereum. Seu desempenho replica o índice da Bolsa norte-americana que calcula em tempo real o preço desta moeda digital (NQETH).

O que isso quer dizer? Basicamente, oportunidades de rendimento bem acima da renda variável, mas sob alto risco. O preço da moeda no dia 1º de janeiro era de US$ 730 e fechou em US$ 3.217 no dia 25 de agosto, uma valorização de 450%. Porém, quem comprou a moeda no auge da sua valorização, em 11 de maio, ao preço de US$ 4.132, viu o preço do ativo despencar mais de 30% desde então.

O ETHE11 é o segundo ETF disponível na Bolsa brasileira que tem sua rentabilidade totalmente atrelada à variação do ether. O primeiro deles é o QETH11, também lançado em agosto desde ano e que replica o índice norte-americano CME CF Ether Reference Rate.

Há outros fundos que são compostos totalmente de bItcoins, a moeda digital pioneira, como o BITH11, que espelha a oscilação do Hashdex Nasdaq Bitcoin Reference Price. O índice valorizou quase 30% desde que o fundo foi aberto, em 5 de agosto.

Outros ETFs disponíveis na B3 têm em seu portfólio moedas variadas. É o caso do HASH11, o primeiro lançado no Brasil, que possui, atualmente, quase 80% de bitcoin, 17% de ethereum e o restante de moedas digitais menos conhecidas, como litecoin (LTC) e bitcoin cash (BCH), ainda mais expostas à volatilidade que as duas principais.

Fundos são para quem gosta de risco

Para Felippe Percigo, a Hashdex, que detém os fundos BITH11 e ETHE11 é a que detém os fundos mais seguros, porque são compostos basicamente das moedas mais negociadas, e também os mais baratos, com as menores taxas administrativas.

Sobre quais fundos oferecem o maior lucro, ele diz que é difícil identificar "porque a maioria acompanha outras criptomoedas", além de ethereum e bitcoin, o que dificulta comparar as rentabilidades.

O especialista afirma que o investimento em ETFs de criptoativos são destinados a investidores que querem experimentar o risco, mas com certa cautela. "São pessoas que buscam investimentos através de veículos tradicionais e que não têm aptidão ao risco de comprar suas criptomoedas diretamente na corretora", afirma.

Os grandes saltos das moedas têm a ver, basicamente, com o anúncio de grandes empresas na direção de incluir os ativos em negociações do dia a dia, na economia real.

As quedas mais recentes estão relacionadas às ações da China de tentar regular esses ativos. Porém, prever a oscilação das moedas no curto prazo é uma tarefa que beira o impossível porque não há muita racionalidade envolvida nas oscilações, o que faz desse ativo um dos mais arriscados.

Investir nos fundos é mais 'confiável' que investir diretamente nas moedas

Rodrigo Borges, analista de criptoativos da OhmResearch, explica que, como estruturas de investimento, os fundos de criptoativos são "extremamente confiáveis. Esses ETFs têm como aspecto de segurança o fato de estarem na Bolsa, uma entidade privada e submetida a forte regulação. Além disso, trabalham com índices confiáveis do mercado norte-americano", afirma.

Mas Borges destaca que a segurança do investimento passa pelo tamanho da aposta que o investidor faz ao aderir a esse ativo.

Os fundos de cripto, para ele, são "para perfis moderados ou agressivos. E tudo vai depender também do nível de exposição. O que recomendamos é de 5% a 10% do seu patrimônio nesse tipo de ativo inicialmente para experimentar a temperatura da água, o que te obriga a buscar educação e empresas sérias para poder ampliar essa participação", diz.

Ele afirma que a exposição crescente ao risco, com o investidor ganhando conhecimento sobre o mercado, pode ainda oferecer retornos robustos.

"Fazendo uma comparação, cripto e blockchain podem fazer pela vida das pessoas o que a internet fez em 1997. Ainda nem conseguimos vislumbrar todas as inovações que essa nova classe de ativos vai trazer, começando pelo mercado financeiro", afirma.

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