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Quanto juntar para receber R$ 2.000/mês para sempre no fundo imobiliário

Fundos imobiliários são opção para quem busca renda mensal como se fosse aluguel de um imóvel - Getty Images/iStockphoto
Fundos imobiliários são opção para quem busca renda mensal como se fosse aluguel de um imóvel Imagem: Getty Images/iStockphoto

João José Oliveira

Do UOL, em São Paulo

31/08/2021 04h00

Fundos imobiliários são opção para quem busca investir em algo que garanta uma renda mensal por muitos anos sem ter que se preocupar com a aplicação, como se fosse um aluguel de imóvel, afirmam profissionais do mercado financeiro. Mas esse plano precisa de cuidados na escolha dos fundos, no acompanhamento das carteiras e na estratégia de diversificação, destacam especialistas.

Mas será que dá para investir em fundo imobiliário até atingir uma meta e, depois, viver só da renda sem se preocupar jamais com o desempenho da aplicação? Veja abaixo o que disseram quatro especialistas ouvidos pelo UOL.

4 motivos para usar fundo imobiliário para ter fonte mensal de renda

Segundo profissionais de mercado, os fundos imobiliários podem funcionar como fonte de renda regular e para sempre. Veja alguns desses motivos.

  • Pagamentos mensais: a maioria dos fundos imobiliários negociados na Bolsa e que fazem parte do Ifix (índice de fundos imobiliários) fazem pagamentos mensais de dividendos. Por regra de mercado, esses fundos precisam distribuir aos cotistas pelo menos 95% do lucro obtido.
  • Isenção de Imposto de Renda: os rendimentos pagos pelos fundos imobiliários são isentos de Imposto de Renda. O aplicador consegue embolsar então uma parte maior do ganho.
  • Principal continua aplicado: quem tem dinheiro aplicado em fundo imobiliário consegue ter o rendimento mensal sem mexer na aplicação principal. O capital principal que ele juntou continua lá, mesmo com os saques mensais dos rendimentos.
  • Proteção da inflação: os fundos imobiliários acompanham de alguma forma a inflação. Isso protege o patrimônio do aplicador, algo fundamental em investimentos de longo prazo --ainda mais no Brasil, um país que tem histórico de inflação.

É possível aplicar em fundos imobiliários para viver de renda, em especial em fundos ativos listados, aqueles negociados em Bolsa. Entre os principais motivos disso, eu cito a frequência de pagamentos, quase sempre mensal, e a obrigatoriedade de distribuir 95% dos lucros, como regra geral.
Caio Araújo, analista de fundos imobiliários da Empiricus

4 vantagens do fundo imobiliário sobre ter um imóvel

Fundos imobiliários apresentam algumas vantagens sobre imóveis físicos para quem viver do recebimento de aluguéis. Veja alguns desses benefícios.

  • Baixa aplicação inicial: é possível começar investindo em um fundo imobiliário com R$ 10,00 e ir montando esse patrimônio aos poucos. Já para ter um imóvel físico, a pessoa precisa juntar centenas de milhares de reais antes para comprar uma única casa ou um único apartamento.
  • Facilidade: comprar ou vender imóvel envolve burocracia, pagamento de impostos, apresentação e checagem de documentos. Para investir em um fundo imobiliário basta abrir conta em uma corretora, com identificação e CPF.
  • Liquidez: se a pessoa precisar se desfazer de parte do imóvel para cobrir alguma despesa inesperada terá que vender tudo de uma vez. E vai ter que aguardar aparecer um comprador que aceite pagar o valor pedido. No fundo imobiliário, a pessoa pode se desfazer de partes da aplicação simplesmente vendendo as cotas na Bolsa, em transações que podem ser feitas de um dia para o outro.
  • Custos: ser dono de imóvel físico pode representar gastos com manutenção, despesas de condomínio e impostos, quando o lugar ficar desocupado. Os imóveis que estão dentro de fundos imobiliários também apresentam despesas, mas os custos são divididos entre muitos cotistas.

Quanto juntar para receber R$ 2.000 mensais para sempre

A pedido do UOL, o analista de fundos imobiliários da Empiricus, Caio Araújo, estimou quanto uma pessoa precisaria juntar para ter uma renda mensal de R$ 2.000 para sempre.

O resultado dessa conta, claro, varia muito. Afinal, depende de quantos fundos a pessoa vai investir, do rendimento de cada fundo e das oscilações que cada carteira apresenta —e tudo isso varia muito ao longo do tempo.

Então para estimar uma média que sirva apenas de referência, a simulação considerou o rendimento médio anual (o chamado yield) dos fundos imobiliários cotados na Bolsa e que fazem parte do Ifix —índice de cotas dos fundos mais negociados na Bolsa, o Ibovespa dos fundos imobiliários.

Na semana passada, o rendimento médio desses fundos que fazem parte do Ifix estava em 8,5% ao ano. Considerando então esse rendimento médio, uma pessoa que queira receber R$ 2.000 pelo restante da vida com fundos imobiliários teria que juntar R$ 280 mil.

Lembrando que, essa é apenas uma simulação e que rendimento passado não é garantia de rendimento futuro.

É possível então investir em fundo imobiliário e esquecer?

Por mais tentadora que seja a ideia de juntar R$ 280 mil para ter R$ 2.000 mensais pelo restante da vida e nunca mais se preocupar com a aplicação, profissionais de mercado dizem que não é aconselhável deixar de acompanhar onde o dinheiro está aplicado.

O comportamento dos imóveis que estão dentro de um fundo imobiliário varia com o tempo. Mudanças nas cidades onde estão esses imóveis ou na economia do país afetam a taxa de ocupação, a inadimplência de inquilinos e outros fatores que influenciam a renda gerada por residências, prédios comerciais, shopping centers, por exemplo.

Por isso, o investidor precisa checar com certa regularidade se o gestor do fundo está trabalhando para fazer com que os imóveis daqueles fundos não se desvalorizem.

Não é recomendável deixar o dinheiro lá e nunca mais olhar. O olho do dono é que engorda o boi. A pessoa pode e deve até buscar auxílio e conselho profissional, mas não deixar de olhar totalmente. Seria até abrir mão de uma ferramenta que os fundos possibilitam, como liquidez e fácil movimentação.
Gustavo Asdourian, Guardian Gestora

4 cuidados que o investidor deve ter

Profissionais de mercado listaram orientações para o aplicador montar uma carteira de fundos imobiliários com objetivo de viver de renda mensal para sempre. Veja algumas.

Ter vários fundos: evitar ter apenas um fundo imobiliário para viver de renda para não depender apenas de uma carteira. Principalmente se for um fundo imobiliário mono-ativo, ou seja, que tem apenas um imóvel na carteira. A recomendação de especialistas é ter entre três e dez fundos imobiliários, para diversificar o risco e também não se perder em meio a tantas carteiras.

É importante pesquisar, ter mais de um fundo, mas numa quantidade que permita se manter atualizado. É melhor entender sobre três ou cinco fundos e acompanhar esse grupo que tentar aplicar em vinte fundos que a pessoa não consegue nem acompanhar e nem entender.
Alessandro Vedrossi, sócio-diretor da Valora Investimentos

Diversificar por setores: além de ter vários fundos imobiliários, o aplicador também deve buscar carteiras que investem em setores diferentes da economia. No mercado há fundos imobiliários que aplicam em shoppings, em prédios de escritórios, em condomínios residenciais, em galpões de logística, agências de bancos, supermercados. Se alguns negócios estiverem indo mal, outros poderão compensar com desempenho positivo e equilibrar a renda do aplicador.

Conhecer os imóveis do fundo: é recomendável que o aplicador tenha noção dos imóveis que estão nos fundos em que está apostando seu dinheiro. Quais são os negócios dos imóveis, onde eles estão localizados, como é a taxa de ocupação e de inadimplência são algumas perguntas que o aplicador deve fazer antes de começar a investir.

Pesquisar sobre o gestor: é o gestor do fundo que vai escolher e cuidar dos imóveis que estão na carteira. Por isso, o histórico do gestor e os resultados que ele apresenta devem ser pesquisados.

É importante conhecer o gestor e o histórico dele, mas também olhar para a frente, checando com o gestor quais são os planos dele para os imóveis e com relação aos locatários dos imóveis para os próximos anos.
Mauro Lima, sócio da RB Capital

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