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Stone despenca 40% no ano; empresa ainda é boa opção de investimento?

Empresa está penando na Bolsa norte-americana - Divulgação
Empresa está penando na Bolsa norte-americana Imagem: Divulgação

Raphael Coraccini

Colaboração para o UOL, em São Paulo

01/09/2021 04h00

A empresa de meios de pagamento Stone (STNE), que abriu capital na Bolsa de Nova York, tem sofrido quedas consecutivas no seu valor de mercado. Desde o começo do ano, a empresa já registra uma queda superior a 40% no valor das suas ações e o motivo está nos prejuízos com a nova empreitada na área de crédito.

A ladeira se acentuou depois do anúncio dos resultados do segundo trimestre, que apontou um prejuízo próximo dos R$ 400 milhões na carteira de crédito da fintech. Será que a empresa pode se recuperar? Ela é uma opção para o investidor? Veja abaixo o que disseram os analistas ouvidos pelo UOL.

Resultados fracos

Para Roberto Nemr, analista da Ohmresearch, os resultados da empresa para o semestre foram mais fracos que o esperado pelo mercado. Ele avalia como pouco provável que a empresa volte a valer os US$ 30 bilhões que valia no começo do ano, o dobro do valor atual.

A Stone é uma fintech conhecida pelos seus meios de pagamento e nessa área teve um resultado positivo, com destaque para as soluções de pagamentos para microempreendedores e profissionais autônomos, que cresceu 27 vezes em relação ao ano passado. Mas a área de crédito tem corroído os resultados.

"O problema é essa empreitada de concessão de crédito, que é mais complexa. Tem os algoritmos envolvidos e a empresa tem experiência menor que a dos bancos. A inadimplência também acabou crescendo bastante e isso justifica os resultados ruins que a empresa teve no segundo trimestre", afirma.

Ações infladas

Sobre a desvalorização das ações, pesa também a questão da comparação do valor da empresa com o de suas concorrentes nacionais, que estava desbalanceado. Os US$ 15 bilhões de valor de mercado (quase R$ 70 bilhões) correspondem a 10 vezes o valor da Cielo, uma das principais concorrentes no mercado de meios de pagamento.

"A questão é que a Cielo é maior que a Stone no mercado doméstico, mas os investidores estavam dando para a Stone um valor de vencedora", diz Nemr, o que quer dizer que o mercado estava avaliando a Stone como líder de mercado, sem que ela fosse, de fato.

As empresas no mercado norte-americano, diz o analista, têm uma base de investidores maior e por isso acabam inflando seu valor real. "E qualquer frustração nos resultados tem um impacto grande. Então, tem que tomar um pouco de cuidado com esse tipo de empresa", afirma.

Expectativa x realidade

O calvário da Stone ao longo deste ano está relacionado ao que Alexandre Masuda, sócio da SFA, gestora de recursos, relaciona com a expectativa excessivamente otimista com o desempenho de algumas fintechs.

Para ele, empresas como a Stone pagaram um crescimento aos acionistas que não se concretizou na realidade. "Entendo que houve um exagero na precificação".

Para Luciana Ikedo, assessora de investimentos, o caminho da Stone é diferente do trilhado pelos players ascendentes do mercado financeiro.

Enquanto os bancos digitais avançam sobre áreas para além do seu negócio principal, a Stone vê outros concorrentes se lançando sobre sua área de atuação.

Ikedo destaca que a empresa "agora concorre com outras tecnologias, como as transferências de valores eletrônicas por meio de redes sociais, pix, adquirência de outros bancos". Isso deve complicar a retomada das ações a patamares registrados anteriormente.

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