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Bolsa desaba com crise política: o que fazer com seus investimentos agora?

Raphael Coraccini

Colaboração para o UOL, em São Paulo

08/09/2021 18h27

A Bolsa de Valores já apresentava quedas importantes nos últimos dias, mas depois das declarações antidemocráticas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas manifestações realizadas ontem (7), o Ibovespa desabou quase 4% na sessão desta quarta-feira (8). O que fazer com os seus investimentos agora?

Veja abaixo o que disseram analistas ouvidos pelo UOL. Eles falaram se é hora de entrar na Bolsa, o que fazer se você já tem ações e em quais setores investir agora.

Quem está na Bolsa não deve sair

VanDyck Silveira, CEO da Trevisan Escola de Negócios, não recomenda a fuga da Bolsa, principalmente de quem perdeu dinheiro nas últimas semanas. "Eu sugiro sempre aguardar para não realizar uma perda [ter prejuízo] que pode ser mitigada ou até mesmo zerada no médio prazo", afirma.

Silveira avalia que o recuo da Bolsa reflete mais uma volatilidade do que a aproximação de uma tragédia, e que o sobe e desce forte da Bolsa deve continuar até o próximo ano.

"Depois disso, esses ativos devem voltar (a se valorizarem). Esse é a melhor maneira de encarar a Bolsa hoje", diz.

Quem quer entrar, esse é o momento

Para quem deseja entrar na Bolsa, Silveira diz que sempre é momento, "mas isso depende do estômago e do tipo de ativo que você vai buscar".

A recomendação é de papéis relacionados à alimentação e ao petróleo. Por outro lado, o investidor deve manter distância de setores como o automotivo e o de serviços, "que vão sofrer mais pesadamente até que o país entenda a direção que deve seguir", afirma Silveira.

Para a equipe de análises da Diagrama Investimentos, escritório de agentes autônomos de investimentos credenciados à XP Investimentos, o cenário pode ser de boas oportunidades de compra, mas só para quem está disposto a enfrentar oscilações frequentes.

"Uma estratégia bastante utilizada é ir fazendo compras, caso o investidor enxergue alguma oportunidade, para ir ajustando seu preço médio caso a ação caia mais", disse a empresa.

Opção por setores defensivos

Para Rodrigo Natali, diretor de estratégia da Inversa Publicações, empresa de análise de investimentos, apesar das incertezas, não é momento de abrir mão da Bolsa. A opção deve ser pela compra de ações dos setores que ele classifica como "mais defensivos".

"Eu gosto muito das exportadoras, que são empresas que estão bem abaixo dos picos do meio do ano". Ele se refere ao setor de commodities, que pode se beneficiar da retomada da economia global e amortizar os riscos internos.

Por outro lado, empresas muito relacionadas à economia interna devem ser evitadas. Natali destaca Via Varejo, Cogna e Magazine Luiza, que além de estarem mais sujeitas às oscilações da economia real brasileira também são ações compradas por muitos pequenos investidores, que estão mais sujeitos a abandonar a Bolsa diante de ambientes incertos.

Ubirajara Silva, gestor da Galapagos Capital, também não descarta investimento em Bolsa e crê que o dólar mais forte e a economia global crescendo devem estimular investimentos em empresas exportadoras de papel e celulose, mineradoras e siderúrgicas.

Mas ele destaca também a necessidade de investir no exterior para atenuar os riscos. Diversificar com papéis de empresas estrangeiras, os BDRs, "pode ser uma opção muito boa", afirma.

Renda fixa pode ficar mais atraente

Outro movimento a ser observado, segundo André Perfeito, economista-chefe da Necton, é o dos juros, que podem subir ainda mais diante da perspectiva de novas altas da inflação. Novos avanços nos juros devem causar deslocamentos de investimentos da Bolsa para a renda fixa.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, destaca o risco de debandada de investidores de curto prazo, o que pode piorar os índices da Bolsa nas próximas semanas.

"Parte dos investidores já está exigindo um retorno maior, faz posições defensivas, com proteção maiores e exige ganhos maiores. Esses investidores de curto prazo já não colocam o Brasil como um emergente estável —o que é problemático para o país".

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.