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Tesouro Direto que rende 10%: conheça uma pegadinha antes de investir

Raphael Coraccini

Colaboração para o UOL, em São Paulo

08/09/2021 04h00

Os títulos prefixados do Tesouro Direto já pagam mais de 10% ao ano depois do último aumento da taxa de juros, determinado pelo Copom no começo do mês. A opção mais rentável é o prefixado 2031 com juros semestrais, que pode fazer um investimento de R$ 15 mil, por exemplo, chegar a mais de R$ 36,7 mil no fim do contrato, daqui a quase 10 anos.

Porém, esses investimentos, considerados conservadores, não têm exatamente lucratividade garantida, alertam os analistas. Diferentemente de outros títulos do Tesouro Direto, o prefixado tem uma pegadinha. Veja abaixo que pegadinha é essa, e se vale a pena investir, segundo os especialistas.

Pegadinha do prefixado

A pegadinha do prefixado é a inflação e a própria taxa de juros. Um título prefixado a 10% ao ano pode ser desvantajoso se a inflação e os juros dispararem, como têm acontecido. Quem aposta no prefixado está, na verdade, torcendo para que tanto inflação como juros caiam —assim, esses títulos ficam bem vantajosos.

Ainda que exijam algum cuidado, investimentos no Tesouro Direito prefixado com prêmios na casa dos 10% são bastante atrativos.

Para Fabricio De Lucca, coordenador da assessoria de investimentos da corretora Terra, o momento é favorável para investir no Tesouro Direto Prefixado.

"Caso essas taxas prefixadas retrocedam, torna-se inclusive oportunidade de vender o título antecipadamente com alto lucro", afirma.

Ele explica que é no espaço entre a taxa contratada e a taxa de juros futura, determinada pelo mercado, que está a rentabilidade do investidor.

Portanto, se a inflação e os juros começarem a cair, o investidor sai ganhando. Mas o cenário atual indica o contrário e pode oferecer algum perigo para a lucratividade, principalmente de títulos de vencimento mais longo.

Entre as modalidades oferecidas pelo Tesouro para títulos prefixados, De Lucca aponta o de 2031 com pagamento semestral como o mais arriscado entre eles.

"Não sabemos se, neste período, até o vencimento do título, teremos um período de forte inflação e consequente alta da Selic. Por outro lado, em caso de estabilidade econômica do país, essa taxa prefixada torna-se bastante atrativa", afirma.

Diversidade é o caminho para evitar perdas

O avanço dos juros pagos dos títulos prefixados acompanha os juros da economia e acontece, segundo De Lucca, devido ao momento de incerteza da trajetória fiscal do país, com o adiamento das discussões e votação das reformas tributária e administrativa no Congresso, além da pressão inflacionária.

Para Guilherme Cadonhotto, especialista em renda fixa e estrategista da Spiti, as taxas são atrativas porque dificilmente a inflação deve seguir em patamares tão altos que justifiquem um crescimento sustentado da taxa de juros pelos próximos anos.

Segundo Cadonhotto, "essa alta da inflação está relacionada a um cenário de pandemia e não a uma retomada econômica forte", o que justificaria uma política de juros altos prolongada para segurar os preços.

Ainda que as taxas sejam atrativas, ele avalia que, nos próximos meses, elas podem melhorar ainda mais.

"O cenário econômico ainda é de incerteza por conta dos próximos passos relacionados ao endividamento do brasileiro e também por conta das eleições do ano que vem. Essas incertezas podem fazer com que esses ativos de médio e longo prazo - 2026 e 2031 - tenham taxas ainda melhores", afirma.

Por isso, De Lucca aconselha o investidor a diversificar.

"A estratégia de diversificação entre títulos públicos com diferentes indexadores de remuneração é a mais assertiva, dado que não temos convicção sobre a trajetória das taxas dos títulos públicos. Faz sentido ter em carteira títulos que remuneram através de indexadores pós-fixados e atrelados à inflação também, como é o caso do Tesouro Selic e Tesouro IPCA", diz o analista.

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