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Vale distribui valor recorde de dividendos, R$ 40 bilhões; veja quem recebe

Raphael Coraccini

Colaboração para o UOL, em São Paulo

25/09/2021 04h00

A mineradora Vale (VALE3) vai distribuir R$ 40 bilhões em dividendos na próximo quinta-feira (30). O valor é o maior da história da companhia, segundo analistas ouvidos pelo UOL. O investidor vai receber R$ 8,20 por ação.

Os retornos da Vale bem acima dos oferecidos pelas outras empresas que operam na Bolsa têm sido recorrentes, mas o valor atual surpreendeu. Veja abaixo quem deve receber os dividendos da empresa, como eles serão distribuídos e se ainda existe espaço para a Vale oferecer dividendos neste patamar nos próximos meses.

Valor não depende do tempo de investimento

Os mais de R$ 40 bilhões serão distribuídos entre todos os investidores que detinham ações da empresa ou ADRs (para investidores estrangeiros) até o dia 22 de setembro. Serão pagos R$ 8,20 por ação. O valor cai na conta da corretora que o investidor usou para comprar as ações e pode ser sacado ou reinvestido.

Por outro lado, quem comprou ações a partir da sessão da Bolsa do dia 23 (conhecido como 'data-ex') não tem direito aos proventos. Portanto, o valor a ser recebido independente do fato de o investidor ter a ação há um mês, um ano ou 10 anos, por exemplo.

Também não tem diferença no valor a ser recebido por ação entre quem tem ações ordinárias (VALE3) e preferenciais (VALE4). A diferença está apenas na ordem de recebimento, com as preferenciais puxando a fila.

Comprar só para receber dividendos vale a pena?

Para especialistas, não é um bom negócio porque o mercado desconta o percentual pago de dividendos do valor total da empresa e, por consequência, do preço das ações. Por isso, comprar o papel pouco antes da 'data-ex' e vender em seguida faz com que o investidor fique no zero a zero.

De maneira geral, quem pensa em construir poupança tende a comprar as ações, receber os dividendos e usar esses proventos para aumentar a participação dentro da empresa ao longo dos anos.

Empresa vai continuar pagando altos dividendos?

Além da distribuição de dividendos em março e setembro, como acontece todo ano, pode haver uma distribuição extraordinária até o final de 2021.

Phil Soares, chefe de análise de ações na plataforma de investimentos Órama, explica que a distribuição recorde neste mês e a possibilidade de uma terceira distribuição partem de uma decisão interna da empresa.

"Ficou decidido devolver o excedente para o acionista do acúmulo de caixa das atividades operacionais da empresa", diz o analista.

Se realmente houver um terceiro pagamento da Vale, ele deverá ser mais modesto que os anteriores, diz Soares.

"O preço do minério já caiu pela metade nos últimos meses, reduzindo a geração de caixa da empresa". Caso não haja a entrega de dividendos extraordinários, o próximo pagamento virá em março de 2022.

Vale a pena reinvestir os dividendos?

Os analistas são unânimes em dizer que compensa reinvestir na Vale, mas com a ressalva de que o investidor não deve esperar proventos tão altos quanto os liberados neste mês.

Soares alerta ainda que o reinvestimento deve ser feito "sempre balanceando os pesos entre as ações periodicamente", ou seja, evitando concentrar ativos demais da Vale ou de qualquer outra empresa para evitar uma surpresa negativa.

Regis Chinchila, analista da casa de investimentos Terra, ressalta que houve uma queda acentuada das ações da Vale nos últimos dois meses por conta da redução gradual da demanda por minério de ferro e da crise da Evergrande, gigante chinesa do setor imobiliário que pode anunciar falência, o que traz possibilidades de novas aquisições para o investidor.

"Acredito no potencial de recuperação das ações da Vale e penso ser um bom momento para reinvestir após o pagamento dos dividendos", diz o analista.

André Rocha, chefe da mesa de renda variável da assessoria de investimentos Manchester, aconselha o reinvestimento de dividendos porque, no longo prazo, o recurso reinvestido tende a aumentar a rentabilidade da carteira por conta dos ganhos atrelados aos juros compostos (juros sobre juros).

"Neste caso, a Vale seria uma das opções (para reinvestimento), mas não apenas ela. No reinvestimento dos dividendos, cada investidor deve analisar a sua estratégia de carteira, tendo em vista a concentração de setores e empresas. Essa avaliação é muito importante e estratégica para o crescimento da carteira", afirma Rocha.

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