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Investimentos que incentivam agro e imóveis ganham com alta dos juros; veja

Alta dos juros eleva ganhos dos títulos de renda fixa LCI e LCA, que são isentos de imposto - Caio Borges
Alta dos juros eleva ganhos dos títulos de renda fixa LCI e LCA, que são isentos de imposto Imagem: Caio Borges

João José Oliveira

Do UOL, em São Paulo

05/10/2021 04h00

O movimento de alta dos juros iniciado em março deste ano pelo Banco Central já elevou a taxa básica de juros, a Selic, de 2% para 6,25% ao ano em apenas seis meses, mas deve continuar firme até pelo menos o fim deste ano, segundo economistas, que projetam juros de 8,25% ainda em 2021. Esse movimento favorece algumas aplicações de renda fixa que têm o ganho determinado pela Selic.

Entre essas aplicações, duas opções aparecem com uma vantagem extra, dizem profissionais de mercado: as LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e as LCAs (Letras de Crédito Agrícola), porque não pagam Imposto de Renda. Assim, aproveitam mais a alta dos juros que outras aplicações que pagam IR, como os CDBs. Veja abaixo o que são LCIs e LCAs, como aplicar nesses títulos e orientações de especialistas sobre as vantagens e desvantagens desses produtos.

O que são LCIs e LCAs?

LCIs e LCAs são títulos de renda fixa vendidos por bancos.

A LCI é usada pelos bancos para dar empréstimos imobiliários, como financiamento à casa própria. E a LCA serve de lastro para empréstimos de bancos a produtores rurais.

Esses títulos podem ser oferecidos pelos próprios bancos emissores ou em plataformas de investimento de corretoras.

LCIs e LCAs são parecidos com CDBs: a pessoa aplica o dinheiro por um determinado período até a hora do resgate, recebendo um rendimento conforme o combinado com a instituição financeira.

Para o investidor, LCI e LCA não fazem diferença. Na prática, ele está emprestando dinheiro ao banco que, por sua vez, pode apenas usar esse dinheiro para os setores imobiliário e agrícola.

O importante é analisar o banco que está oferecendo o papel porque quem emite o título é o responsável pelo pagamento no vencimento, afirma o especialista em investimentos da Genial, Luigi Wis.

Papéis mais acessíveis

Profissionais de mercado destacam que LCIs e LCAs se tornaram mais acessíveis por causa das plataformas de investimentos, o que aumentou a lista de alternativas disponíveis. Com isso, o valor mínimo para a aplicação também caiu.

No último ciclo de alta de juros, entre 2015 e 2016, quando as LCIs e LCAs também tiveram crescimento de procura, elas custavam de R$ 10 mil para cima. Hoje, há diversas opções a partir de R$ 1.000,00.
Luigi Wis, Genial Investimentos

Rendimento

As LCIs e LCAs podem ter rendimento prefixado ou pós-fixado.

  • Prefixados: o rendimento é determinado já no momento da aplicação, seguindo uma taxa acertada. O investidor consegue calcular quanto irá ganhar na data de vencimento do título.
  • Pós-fixados: o rendimento vai depender de algum índice, que pode ser o CDI, que segue a taxa básica de juros Selic, ou também a variação da inflação --nesse caso, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

Nesse cenário de juros subindo, os pós-fixados têm sido uma boa opção para investidores de forma geral, porque vão acompanhar a alta da Selic. E para pessoas que buscam também proteção contra a inflação, as LCIs e LCAs que acompanham o IPCA são válidas.
Camilla Dolle, chefe de renda fixa da XP Investimentos

Isenção de imposto ajuda...

A alta dos juros favorece todas as aplicações que acompanham a Selic, mas no caso das LCIs e LCAs a vantagem é maior porque elas não pagam impostos, destacam profissionais de mercado. Assim, todo o rendimento a mais proporcionado pela alta dos juros se transforma em lucro do aplicador.

Para as pessoas com perfil mais conservador que iniciam a jornada no mundo dos investimentos pelos ativos de renda fixa, as LCIs e LCAs são boas opções, se considerarmos o aumento da taxa Selic e a isenção de imposto, fatores que as tornam mais competitivas.
Karina Garbes, economista do App Renda Fixa

A economista da plataforma de comparação de investimentos App Renda Fixa, Karina Garbes, destaca ainda que as LCIs e LCAs batem a poupança. Embora a caderneta seja isenta de imposto também, ela rende apenas 70% do CDI, ou seja, abaixo das LCIs e LCAs.

...mas não é garantia de vantagem

A isenção do Imposto de Renda é uma vantagem das LCIs e LCAs sobre outras aplicações de renda fixa, como CDBs, que pagam IR, mas não uma garantia de que sempre serão a melhor opção para o aplicador. Isso porque os produtos concorrentes podem oferecer uma taxa maior que compense o imposto cobrado sobre eles.

A economista do App Renda Fixa fez duas simulações, considerando aplicações de R$ 1.000,00, para ajudar o aplicador a comparar LCIs e LCAs com CDBs, por exemplo. Veja abaixo.

Simulação 2 anos

Um CDB de dois anos que rende 100% do CDI vai dar um valor líquido de R$ 1.102,62 depois de pagar alíquota de Imposto de Renda de 17,5% em cima do rendimento. Ou seja, tira do aplicador R$ 21,77.

Já LCIs e LCAs que rendem 100% de CDI vão dar ao investidor no saque um valor de R$ 1.124,38 após dois anos.

Simulação 3 anos

O CDB que rende 100% do CDI vai dar ao aplicador, após 36 meses, R$ 1.163,54, após descontada a alíquota de Imposto de Renda, de 15%, que vai comer R$ 28,86.

Já as LCIs e as LCAs proporcionariam ao investidor no saque um valor total de R$ 1.192,40.

Quanto menor o prazo, maior a vantagem das LCIs e LCAs

O especialista em investimentos da Genial Luigi Wis destaca que quanto menor o prazo da aplicação, maior pode ser a vantagem das LCIs e LCAs sobre os CDBs. Isso porque a alíquota do IR diminui com o passar dos meses. Ou seja, quanto menos tempo o dinheiro ficar aplicado, maior a mordida do governo no CDB.

Quanto um CDB precisa render a mais para se igualar com LCI e LCA

O especialista da Genial fez também simulações para mostrar quanto um CDB precisaria pagar a mais para igualar o rendimento de LCI e LCA de mesmos prazos. Na conta, ele considerou as taxas praticadas no último dia 29 de setembro por papéis oferecidos na plataforma da Genial.

Prazo de um ano

  • Melhor LCA: oferece 111% do CDI
  • CDB: precisa oferecer 133% do CDI para ter rendimento nominal igual.

Para prazo de seis meses

  • Melhor LCA: paga 110% do CDI;
  • CDB: precisa pagar 136% do CDI para igualar com LCI e LCA.

Cuidado com o prazo

Os especialistas destacam ainda outras condições que o aplicador precisa considerar antes de escolher entre LCI ou LCA e um CDB.

  • Carência: por regra, todas as LCIs e LCAs têm prazo de carência de pelo menos 90 dias. Ou seja, depois de aplicar o dinheiro lá, a pessoa só pode resgatar após três meses. Por isso, é fundamental que o investidor saiba por quanto tempo terá que ficar sem sacar aquele capital.
  • Vencimentos: os CDBs com liquidez diária são bastante comuns, enquanto as LCIs e LCAs de liquidez diária são raríssimas. Na plataforma App Renda Fixa, por exemplo, para apenas uma LCI com liquidez diária, há 75 CDBs que oferecem liquidez diária.

Na maioria dos casos, as LCIs e LCAS são oferecidas com prazos de 90 dias a 10 anos de vencimento.

Se o aplicador precisar do dinheiro antes do vencimento, terá que vender o título no mercado secundário, ou seja, para outro investidor. As corretoras atuam nesse mercado, intermediando o negócio para o aplicador, que poderá ter prejuízo.

Isso vai depender principalmente de quanto falta para o vencimento. Quanto mais tempo faltar para o vencimento do título, maior o risco de a pessoa resgatar menos do que aplicou. Por isso, é muito importante planejar o prazo da aplicação.
Luigi Wis, Genial

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