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Méliuz sobe 250% desde estreia na Bolsa; entenda por que e se vale investir

Israel Salmen, CEO e fundador do Méliuz - Instagram
Israel Salmen, CEO e fundador do Méliuz Imagem: Instagram

Carolina Pulice

Colaboração para o UOL, em São Paulo

13/10/2021 04h00

A startup Méliuz (CASH3) tem chamado a atenção do mercado pelo seu rápido e farto crescimento. Desde sua estreia na Bolsa, em novembro do ano passado, a empresa apresentou crescimento de mais de 250%. A plataforma de descontos e cashback tem planos para crescer e se tornar uma fintech rentável para seus investidores.

Apesar do crescimento na Bolsa, alguns analistas afirmam que a empresa está cara e ainda não tem apresentado resultados financeiros sólidos. No primeiro trimestre deste ano, o lucro líquido da empresa foi de R$ 3 milhões. Já no segundo, o Méliuz teve prejuízo de R$ 6,7 milhões. Será que a empresa é uma boa opção de investimento? Veja abaixo o que disseram analistas consultados pelo UOL

Empresa precisa provar seu valor

"O mercado colocou expectativa em cima da empresa, e ela precisa provar [seu valor] ainda, precisa mostrar resultado", afirma Fabiano Vaz, analista da Nord Research.

No segundo trimestre deste ano, por exemplo, a companhia reportou um prejuízo de R$ 6,7 milhões, ante lucro de R$ 6,5 milhões registrados no primeiro trimestre de 2020.

Seu Ebitda, valor que reflete os ganhos antes de descontos, foi negativo no segundo trimestre deste ano pelo segundo ano consecutivo, de R$ 2,4 milhões, ante perda de R$ 7,2 milhões no mesmo período no ano anterior.

A aposta da empresa em cashback — um sistema de retorno de parte do dinheiro gasto em compra pelo consumidor — aliada ao aumento do número de usuários, de 10 milhões para 18,8 milhões no segundo trimestre, é vista com bons olhos pelos analistas, que esperam um crescimento da empresa no curto e médio prazo.

Um dado importante que mostrou a boa escolha de estratégia da companhia é seu GVM, ou volume de vendas, que teve um crescimento de 128% no segundo trimestre deste ano em comparação com o ano anterior, fechando em R$ 1,1 bilhão.

Por que a empresa cresceu tanto na Bolsa?

"O motivo que levou a empresa a ter essa alta foi a expectativa do mercado de que ela consegue escalar seu negócio através do crescimento da base de usuários e da diversificação de portfólio", afirma João Gabriel Abdouni, especialista em investimentos da Inversa, empresa de análise de investimentos.

Abdouni ressalta, ainda, que o plano de oferecer mais produtos tem levado a empresa a ganhar ainda mais destaque no mercado.

"De fato, a empresa vem crescendo bem e começou a diversificar seus produtos, por exemplo iniciando trabalhos com cartão de crédito."

A companhia espera lançar, no início do ano que vem, seu cartão de crédito, que já conta com seis milhões de pedidos neste ano. Além disso, lançou, em março, a plataforma Méliuz Empréstimos, que permite a qualquer pessoa simular um empréstimo em dezenas de instituições financeiras.

Os últimos resultados financeiros também destacaram o crescimento da companhia após a compra das empresas Picodi, Promobit e Melhor Plano, escolhas que tornaram o Méliuz internacional, como explica a analista da Empiricus, Cristiane Fensterseifer.

"A empresa fez aquisições importantes, o que motivou parte desta alta. A aquisição da Picodi marcou a internacionalização da empresa como plataforma de cashback e cupons", afirma.

Com planos de se tornar uma fintech, startup de soluções financeiras tecnológicas, a empresa espera atrair ainda mais investimentos no futuro.

Vale a pena investir no Méliuz?

Para os analistas do BTG, a recomendação é de compra, uma vez que "a equipe é brilhante, jovem e apaixonada, e com uma grande base de clientes pronta para se tornar mais engajada".

"O estoque tem passado por dificuldades, parcialmente explicadas pela falta de ímpeto, já que o segundo trimestre foi mais fraco do que o mercado esperava e o novo aplicativo e as novas funcionalidades de serviços financeiros só devem ser lançados no início do próximo ano", diz o banco em relatório.

A empresa apresentou no último dia 5 uma prévia operacional do terceiro trimestre em que reportou um total de 20,8 milhões de usuários, um aumento de 78% em relação ao terceiro trimestre de 2020 e uma alta de 10% frente ao segundo trimestre deste ano.

Para Cristiane Fensterseifer, da Empiricus, apesar da volatilidade no preço das ações da empresa, ainda há um potencial de entrega de resultados.

"Da mesma maneira que a empresa tem crescimentos explosivos na Bolsa, em alguns dias ela tem quedas grandes. A volatilidade faz com que a gente acredite que vale a pena investir na empresa pela sua entrega boa e potencial, mas ponderando pelo risco", diz.

A analista recomenda que as ações do Méliuz representem apenas uma pequena parcela da carteira do investidor.

Segundo Vaz, da Nord Research, a companhia ainda enfrentará o desafio da alta competição do setor, uma vez que novas fintechs têm surgido a cada dia no país.

"Vemos que é um setor que está ficando muito competitivo. Já temos bancos grandes entrando nesta parte de bancos digitais", afirma.

Ou seja, a vida do Méliuz no mercado pode ficar cada vez mais difícil. O especialista ressalta, no entanto, a importância de o investidor analisar se vale a pena investir na companhia tendo como base os objetivos de investimentos e as expectativas sobre a empresa no curto, médio e longo prazo.

"Para quem tem ações e acredita na tese faz sentido continuar [investindo na companhia]. Mas é necessário sempre acompanhar a evolução da empresa, e o que ela vem mostrando de resultado", completa.

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