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Fez letras, quis ser marinheiro, mas virou investidor e analista de mercado

Marcio Loréga é gerente de Research e Economia do PagBank - Divulgação
Marcio Loréga é gerente de Research e Economia do PagBank Imagem: Divulgação

Fernando Barbosa

Colaboração para o UOL, em São Paulo

07/11/2021 04h00

A imagem de um analista de mercado ou gestor de investimentos está em geral ligada a números e carreiras das exatas. A história de Marcio Loréga, 37, chefe de Equity Research e Economia do PagBank, mostra que na prática, pode ser diferente.

Antes de cursar ciências econômicas na Universidade Estácio de Sá, instituição de ensino privada, no Rio de Janeiro, Loréga estudou letras com especialização em inglês durante seis semestres na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Depois tentou trabalhar na marinha mercante (que realiza o transporte de mercadorias em navios). No final, acabou se firmando na área de investimentos.

Marcio Loréga estará no próximo Guia do Investidor UOL para falar sobre o passo a passo para investir na Bolsa. O evento acontece no dia 9, às 11h, nas páginas do UOL, do UOL Economia e na página de Investimentos.

Mudanças de rota na carreira

"Eu tranquei [a faculdade de letras] porque não tinha muita clareza do que queria fazer. Na hora do vestibular, decidi pelo inglês. Foi ótimo porque pude desenvolver o aprendizado em algumas línguas", disse ele, que fala também espanhol, um pouco de alemão e tem noções de japonês.

Isso também o ajudou nas chamadas "soft skills", aquelas habilidades extras para além das competências técnicas. "Como era uma carreira para ser professor, aprendi muito a falar em público e a ter um lado um pouco teatral", disse.

Ainda na faculdade de letras, resolveu tentar carreira na marinha mercante por influência do pai. Durante as aulas de geografia econômica, geografia política, história e matemática e o consumo de notícias diárias de jornais especializados em economia, veio o estalo para a correção de trajetória.

Os primeiros passos no sistema financeiro

A influência da economia na vida do analista veio bem antes. Durante a infância, ele explica que os pais sempre ensinaram sobre importância de ter consciência dos investimentos, valor do trabalho e como manejar o dinheiro. Em algumas ocasiões, era preciso fazer escolhas a respeito de comprar este ou aquele objeto.

Durante os estudos e muita leitura na escola de marinha mercante, resolveu finalmente cursar economia.

"Foi magnífico. Quando comecei a estudar as matérias, me encontrei. Minhas notas eram altas, e eu interagia muito com os professores", declarou. As coisas finalmente começaram a fazer sentido, e a paixão pelos números, a prosperar.

A primeira experiência profissional no sistema financeiro se deu de forma curiosa. Um amigo de sala que trabalhava no Santander o avisou sobre um processo seletivo de estágio no banco espanhol. Ele se inscreveu para a seleção na sexta-feira e foi chamado para uma entrevista no dia seguinte. A urgência era tamanha que acabou contratado pelos gestores em pleno sábado.

Quando chegou à fila de contratação, se deparou com um amigo funcionário efetivo do banco. "Para a minha surpresa, eu entrei direto como caixa, e não estagiário. Descobri quando estava no local", disse.

O hoje chefe de Equity Research do PagBank conta que enfrentou dificuldades para conseguir se colocar no mercado de trabalho por estudar em uma faculdade privada.

"Em muitas entrevistas, antes de ingressar no Santander, diziam que eu falava bem e tinha um conhecimento técnico bacana. Mas que eu estudava em uma instituição particular e que não tinha experiência na área —mesmo eu procurando uma vaga de estágio, o que era muito curioso", disse.

O começo como investidor

Marcio Loréga diz que a trajetória como investidor começou quando ainda estava no Santander. "Como bem arrojado que sempre fui, comecei logo que eu entrei no banco. Comecei a colocar no fundo de ações. Eu queria saber como era, como funcionava aquele movimento em renda variável", afirmou.

As primeiras apostas em renda variável foram com compras de papéis e fundos da Petrobras e Vale.

"Eram consideradas blue chips [entre as melhores empresas para investir], e eu não era um exímio conhecedor do mercado. Consegui bons retornos nos fundos de ações em um prazo curto. Às vezes, subiam 3% em um dia. Depois, caíam 5%, 10%. Aí comecei a ter uma visão de longo prazo", afirmou.

Ascensão

Depois de um ano como caixa no banco, foi promovido a gerente. Ficou seis meses até ser convidado para trabalhar na corretora do Santander.

Em seguida, passou pelo Bradesco, atuando com debêntures, ações, mercado de derivativos e mercados futuros. Foi uma experiência mais ampla no mercado financeiro até chegar a certificação como analista, disse. Ele optou sair após a compra do HSBC.

Daí, surgiu o empreendedorismo. Loréga decidiu fundar uma empresa de investimento e educação financeira ao lado da esposa, a também economista Christiane Monteiro, 39.

O objetivo era tornar o mercado mais acessível para investidores por meio de análises, lives e com a construção de carteira de investimentos —algo que sempre gostou de fazer e que desempenhou também na Ativa Investimentos, onde esteve por um ano e quatro meses antes de chegar ao PagBank, em maio deste ano. "Sempre gostei dessa parte de análise e queria ampliar a voz para os investidores."

No caso de investidores iniciantes, ele recomenda buscar o conhecimento necessário antes de operar com renda variável. "Estudo é muito importante. Se não tiver como estudar, delegue isso a gestores que possam ajudar a manter os investimentos de forma saudável", declarou.

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