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5G promete valorizar ações na Bolsa; analistas mostram opções para investir

Mariangela Castro

Colaboração para o UOL, em São Paulo

09/11/2021 04h00

O leilão para a exploração e oferta do 5G no Brasil rendeu R$ 47 bilhões em contratos, segundo o governo federal. A esperada definição sobre quais empresas levarão internet móvel de última geração aos municípios brasileiros a partir do segundo semestre de 2022 também cria oportunidades para investidores no longo prazo.

Vale destacar que o leilão realizado pelo governo privilegia desenvolvimento, e não apenas regulamentação da tecnologia.

O valor que será pago pelas empresas é baixo, mas, em contrapartida, elas terão a responsabilidade de desenvolver infraestruturas para cobrir com o 5G todas as cidades com 50 mil habitantes até 2028.
Bernardo Guttmann, analista de telecomunicações da XP Investimentos

Veja abaixo o que dizem especialistas sobre setores e empresas que podem ser vantajosos para o investidor.

Operadoras, fibra ótica e internet das coisas

Guttmann recomenda que os investidores acompanhem principalmente as grandes ganhadoras do primeiro dia de leilão: Telefônica Brasil (VIVT3), dona da marca Vivo, e TIM (TIMS3). Ambas subiram na sexta, após o leilão. A Claro também levou uma parcela expressiva, mas suas ações não estão listadas na Bolsa de Valores brasileira.

Companhias provedoras de fibra também podem ser escolhas inteligentes. Em sua análise, Guttmann aponta a Brisanet (BRIT3), que estreou na Bolsa em julho de 2021 e arrematou lotes regionais para levar a conectividade 5G ao Centro-Oeste e ao Nordeste.

Pensando no longo prazo, Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos, acredita que o 5G vai mudar a comercialização de serviços no país e, por isso, espera ver pequenas empresas (small caps) lançando novos produtos baseados na tecnologia de quinta geração. "A Sequoia (SEQL3), por exemplo, trabalha com logística final de produtos e pode criar entregas muito mais eficientes", diz.

O especialista também cita a produtora de motores WEG (WEGE3), que, apesar de não ser small cap, pode lucrar com "motores inteligentes e com centrais de dados".

Essas criações são comumente descritas como internet das coisas. Para os analistas, é uma das áreas com maior potencial de crescimento com o avanço do 5G. João Daronco, analista da Suno Research, enxerga com bons olhos empresas ligadas a casas inteligentes. "Lâmpadas, fechaduras e até geladeiras com internet serão cada vez mais possíveis", diz. "Empresas como Intelbras (INTB3) e Multilaser (MLAS3) podem se beneficiar".

Carros autônomos e cidades inteligentes

Guttmann, da XP, também encara com otimismo o surgimento de novos modelos de negócios. Para ele, empresas de carros autônomos e cidades inteligentes podem ser bons investimentos. "Essas soluções já são feitas com o 4G e agora podem acelerar ainda mais", diz.

Com essas revoluções em mente, os analistas também enxergam benefícios para o setor de saúde, com o avanço da telemedicina, para empresas de entretenimento, com aplicação de realidade aumentada e óculos inteligentes, e para companhias de educação, graças ao ensino híbrido e ganho das atividades online.

O agronegócio, responsável por 26,6% do PIB brasileiro em 2020, também está na lista de setores que ganham, com monitoramento de lavouras e aplicação de tecnologia nos campos. "A agricultura terá uma eficiência maior, e o Brasil todo pode crescer. A produtividade vai aumentar, e as cadeias de grãos que estão cada vez mais complexas podem ficar mais fluídas", afirma Costa, da Fatorial Investimentos.

É cedo para investir pensando no 5G?

Ainda assim, para os especialistas, talvez não seja a melhor hora para investir em setores que não estão diretamente relacionados ao leilão de 5G.

O mercado, em geral, não paga com muita antecedência por algo incerto e que ainda não trouxe resultados", explica Daronco, da Suno Research. "O 5G vai aumentar a produtividade do país e das pessoas, mas eu não veria como uma mudança que se reflete no Ibovespa e na Bolsa como um todo.
João Daronco, analista da Suno Research

Para saber quando comprar ações, Daronco aconselha os investidores a analisar o valor do papel, a quantidade de caixa gerada pela empresa e qual pode ser o incremento do 5G neste valor. "Sempre depende do preço. Para aqueles que não estão pagando caro demais, ou esperando resultados demais, faz sentido entrar agora", analisa.

Ao montar uma carteira de investimentos voltada para ganhos com o 5G, é importante lembrar que os resultados em ações e dividendos devem ser esperados ao longo prazo. De acordo com o leilão realizado pelo governo, a internet de quinta geração deve começar a funcionar no país entre um ou dois anos.

Para Daronco, da Suno, esse é o tempo mínimo para a rede gerar os primeiros resultados nos balanços das companhias. "A maturidade só deve ser atingida em oito ou dez anos", avalia.

Além de ações, Costa, da Fatorial, considera que debêntures e títulos de dívida relacionados ao 5G, assim como o surgimento de fundos imobiliários para aluguel de antenas, podem ser boas opções de investimento ligados à tecnologia para diversificação de carteira.

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Errata: este conteúdo foi atualizado
Uma versão anterior deste texto informava incorretamente que o código da ação da Telefônica Brasil na Bolsa é TELB4. Na verdade, é VIVT3. A informação foi corrigida.