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Black Friday dos investimentos: analistas indicam ações baratas na Bolsa

Paula Pacheco

Colaboração para o UOL, em São Paulo

25/11/2021 04h00

O desempenho da B3 em 2021, em trajetória de queda desde junho, tem criado boas oportunidades para os investidores. Ações de empresas bem posicionadas em seus mercados e que estão com os preços das ações abaixo do esperado representam, na avaliação dos especialistas, uma chance de bons ganhos.

Especialistas ouvidos pelo UOL prepararam, cada um, uma lista com dez ações que, na sua avaliação, têm os maiores potenciais de valorização. Para chegar a essas empresas, os analistas levaram em consideração uma série de características, não apenas o valor atual que o papel é negociado.

Nicolas Merola, analista de fundos da Inversa, explica que em primeiro lugar busca entender o negócio da empresa, como ela gera valor, quais são seus competidores, como se comporta o setor em que ela está inserida, quais são suas vantagens e desvantagens com relação aos pares.

Posteriormente, são analisados os números do negócio (como demonstrações financeiras) e as perspectivas de futuro. Isso permite definir o "valuation", ou valor real da empresa, por fluxo de caixa descontados (método de utilizado quando se deseja encontrar um preço justo para a ação de uma companhia).

"Por último, analisamos a governança da empresa, buscamos entender quem são os acionistas controladores e os principais executivos da companhia. Também é importante conversar com o time de relação com investidores das empresas analisadas, visando conhecer ainda mais do negócio e sobre novos projetos e quando possível, realizamos visitas in loco para conhecer mais de perto a empresa", explicou Merola.

A lista elaborada por Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama, foi baseada na chamada análise fundamentalista —que estuda as perspectivas de preço de uma ação no futuro, considerando não só seu valor atual, mas principalmente a saúde financeira e a governança da companhia.

"Algumas dessas empresas oferecem um potencial de apreciação mais alto, pois contam com uma exposição grande à atividade econômica interna. Colocamos também algumas com um perfil um pouco mais defensivo, tendo em vista reduzir a volatilidade da carteira", disse.

Assessor de investimentos na iHUB Investimentos, Diogo Santos diz que o cenário macroeconômico do país e o microeconômico da empresa são os dois fatores que pesam na definição dos papéis. "Saúde econômica, posicionamento no mercado em que atua e potencial de crescimento são exemplos de fatores que são levados em consideração na hora de escolher uma ação."

Há quem prefira não investir nessas empresas com medo de elas não alcançarem o preço alvo. Mas Merola, analista da Inversa, explica que cada uma carrega os riscos intrínsecos ao seu negócio ou setor em que atua. De forma geral, segundo ele, o risco maior está nas companhias negociadas a valores acima do seu valor junto, não abaixo.

Já o especialista da iHUB explica que o principal risco de investir em uma ação considerada muito abaixo do preço justo é o da análise estar errada. "Ou ainda, a análise pode estar certa, mas no timing errado. Isso pode fazer o resultado demorar para se concretizar", disse Santos.

Os motivos da volatilidade podem ser diversos, diz Santos, o que torna mais difícil isolar apenas o fator preço como determinante das oscilações. "Mas quando muita gente enxerga que determinada ação está muito abaixo do preço, isso pode aumentar a volatilidade sim, uma vez que a procura pelo papel também aumenta."

Há períodos, diz Santos, em que o mercado fica pessimista, e muitos investidores, apesar de verem uma grande oferta de ações baratas na Bolsa, se sentem temerosos. Agora, por exemplo, a desconfiança está nos riscos gerados pela elevação da Selic, a alta da inflação e o estresse político. "Isso pode fazer com que uma ação esteja barata, mas não é garantia de que ela vá subir", explicou.

Para o analista da Inversa, a atratividade nesses papéis está no que se chama de convexidade. "Normalmente investir em empresas descontadas expõe a uma situação em que você tem muito a ganhar e pouco a perder", afirmou Merola. Santos, da iHUB, completa: "A principal vantagem é você chegar antes de todo mundo, comprar barato e capturar todo o ganho da ação até ela chegar no valor que você considera justo."

Já Soares, da Órama, é categórico ao afirmar que "comprar ações que você acredita que estão negociando abaixo do preço justo é vantajoso, porque, se você estiver certo na sua tese de investimento, eventualmente o mercado vai se corrigir". "Os participantes vão identificar a oportunidade e entrar na compra, puxando o preço para cima", afirmou.

Pedro Palmezani, analista CNPI da CM Capital, vai na mesma direção. "Essas ações possuem um excelente potencial de valorização para premiar o investidor que consegue identificar boas oportunidades."

A recomendação de Merola é que, quando não se conhece muito bem uma empresa, os aportes fiquem ente 2% e 5% do total da carteira. Com o passar do tempo, quando o investidor se sentir seguro quanto aos riscos do papel, esse percentual pode subir.

Apesar de os especialistas levarem em consideração uma série de informações sobre a empresa e o setor em que atua, nem sempre um papel com preço abaixo do justo e com potencial de valorização consegue atingir essa meta, segundo Palmezani, da CM Capital. Se prevalecer a tese pessimista sobre o ativo, sua recuperação pode demorar. Portanto, existe um risco.

As 10 ações da Inversa*

Empresa/ preço atual/ preço alvo

  • Pão de Açúcar (PCAR3): R$ 22,87 / R$ 75
  • Metalúrgica Gerdau (GOAU4): R$ 10,80 / R$ 15,50
  • Bradesco (BBDC3): R$ 20,79 / R$ 32
  • Vale (VALE3): R$ 65,84 / R$ 110
  • Neoenergia (NEOE3): R$ 16,52 / R$ 25
  • Porto Seguro (PSSA3): R$ 24,33 / R$ 35
  • Klabin (KLBN11): R$ 23,18 / R$ 65
  • BRF (BRFS3): R$ 22,49 / R$ 35
  • Engie (EGIE3): R$ 39,12 / R$ 65
  • Alupar (ALUP11): R$ 23,94 / R$ 45

*Por Nicolas Merola, analista de fundos

As 10 ações da iHUB Investimento*

Empresa/ preço atual/ preço alvo

  • Arezzo & Co (ARZZ3): R$ 69,63 / R$ 108
  • Assaí (ASAI3): R$ 14,19 / R$ 23
  • Banco do Brasil (BBAS3): R$ 29,50 / R$ 52
  • Gerdau (GGBR4): R$ 25,32 / R$ 32
  • Localiza (RENT3): R$ 51,42 / R$ 76
  • Multiplan (MULT3): R$ 20,26 / R$ 29,50
  • Raia Drogasil (RADL3): R$ 23,05 / R$ 27
  • São Martinho (SMTO3): R$ 37,39 / R$ 38
  • Vale (VALE3): R$ 65,84 / R$ 122
  • Weg (WEGE3): R$ 35,57 / R$ 50

*Por Diogo Santos, assessor de investimentos

As 10 ações da Órama*

Empresa/ preço atual/ preço alvo

  • Ambev (ABEV3): R$ 17,50 / R$ 18,66
  • Bradesco (BBDC4): R$ 20,79 / R$ 29,07
  • BTG Pactual (BPAC11): R$ 20,71 / R$ 44,67
  • Petz (PETZ3): R$ 19,62 / R$ 28,10
  • CVC (CVCB3): R$ 15,22 / R$ 39,54
  • Light (LIGT3): R$ 11 / R$ 28,34
  • Simpar (SIMH3): R$ 11,20 / R$ 21,25
  • Grupo Ultra (UGPA3): R$ 13,27 / R$ 27,01
  • Vale (VALE3): R$ 65,84 / R$ 103,60
  • Via (VIIA3): R$ 5,61 / R$ 10,70

*Por Phil Soares, chefe de análise de ações

As 10 ações da CM Capital*

Empresa/ preço atual/ preço alvo

  • 3R Petroleum (RRRP3): R$ 30,11 / R$ 68
  • Blau (BLAU3): R$ 35,89 / R$ 65
  • BR Partners (BRBI11): R$ 17,50 / R$ 44
  • Iochpe-Maxion (MYPK3): R$ 15,87 / R$ 27
  • C&A (CEAB3): R$ 7,01 / R$ 28
  • Jalles Machado (JALL3): R$ 9,58 / R$ 14
  • Marcopolo (POMO4): R$ 2,68 / R$ 4,30
  • Vulcabras (VULC3): R$ 9,97 / R$ 12
  • Grupo Soma (SOMA3): R$ 14,47 / R$ 22
  • Bemobi (BMOB3): R$ 15,38 / R$ 30

*Por Pedro Palmezani, analista CNPI

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