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Dólar, inflação, juros: veja 6 questões que afetaram investimentos em 2021

Fernando Barbosa

Colaboração para o UOL, em São Paulo

25/12/2021 04h00

O ano de 2021 foi difícil para os investidores. Havia esperança de melhoras na economia, com a perspectiva de vacinação em massa contra a covid-19 e a demanda reprimida pelo consumo de bens e serviços. Mas houve problemas, com dólar disparando, desemprego, inflação e o país entrando oficialmente em recessão técnica.

Veja a seguir seis fatos de 2021 que complicaram a situação econômica e a vida dos investidores.

1) Inflação passa de 10%

As primeiras previsões para a inflação neste ano eram de 3,34%, conforme o primeiro boletim Focus, do Banco Central, de 8 de janeiro. Mas, na realidade, os preços dispararam, e a inflação passou de 10%.

O aumento no valor da energia, por causa da escassez de chuvas nos reservatórios para abastecer as hidrelétricas, a elevação no preço da gasolina, em função do custo alto da matéria-prima no mercado internacional, e também a alta dos alimentos fizeram com que os preços escalassem de forma colossal.

Nos 12 meses até novembro, o IPCA chegou a 10,74% ao ano. "Houve uma confluência de fatores para que isso acontecesse. No mundo, houve desequilíbrio nas cadeias de produção globais, com o abre e fecha das fábricas, dos portos e das fronteiras. E a volta da atividade nos países foi feita de maneira desigual", afirmou a chefe de economia da Rico Investimentos, Rachel de Sá.

Essa retomada, segundo a economista, gerou um descasamento entre a oferta e a demanda de produtos em todo o mundo.

2) Dólar caro

Segundo Rachel de Sá, a "cereja do bolo" para o avanço da inflação tem origem no câmbio depreciado, já que insumos para a produção de itens industriais e alimentos são importados.

Atualmente, o dólar passou de R$ 5,60. No começo do ano, a expectativa dos economistas entrevistados para o relatório Focus era de que a moeda americana ficasse em R$ 5 —o que já seria considerado elevado.

"A nossa moeda ficou bastante desvalorizada ao longo do ano, e, como muitos itens são dolarizados, isso também impactou no reajuste de preços", disse Rachel.

3) Alta dos juros

No início de 2021, a taxa básica de juros, a Selic, estava em 2% ao ano. Era um movimento do Banco Central para estimular a retomada da atividade, que ficou comprometida em 2020 por conta da pandemia. Entretanto, os sucessivos aumentos de preços fizeram com que o BC reajustasse os juros de forma progressiva.

O BC aumenta os juros para combater a inflação. Em tese, com crédito fica mais caro, as pessoas consomem menos e os produtos têm os preços reduzidos.

Na reunião do dia 8 de dezembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic em 1,5 ponto porcentual, para 9,25% ao ano.

"Há um aperto das condições financeiras e das condições de crédito, o que afasta investimentos e gera um cenário mais sombrio para o PIB no ano que vem", afirmou Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.

Para 2022, segundo o Boletim Focus, a expectativa é que a taxa básica de juros chegue a 11,25%, o que deve ocorrer já no primeiro trimestre.

4) Renovação do Auxílio Emergencial

Após gastar R$ 293 bilhões em 2020 com o Auxílio Emergencial, política de Estado para amenizar os impactos da pandemia sobre a população de baixa renda, uma nova rodada do benefício começou a ser paga a partir de abril. Entretanto, neste ano a quantia para as pessoas girou entre R$ 150 e R$ 375, bem abaixo dos R$ 600 que chegaram a ser distribuídos no último ano.

Entre os economistas, há consenso sobre os benefícios da medida. No entanto, a grande preocupação é com o crescimento da dívida pública.

5) Fim do Bolsa Família e início do Auxílio Brasil

Depois de 18 anos, o governo encerrou o Bolsa Família, programa de distribuição de renda instituído em 2002, para tirar do papel o Auxílio Brasil e colar a imagem do presidente Jair Bolsonaro ao benefício. O novo programa começou a ser pago em novembro, com valor médio de R$ 217. Em dezembro, o valor passou a ser de R$ 400.

Segundo o Ministério da Cidadania, 14,6 milhões de famílias serão contempladas. No próximo ano, a expectativa é que até 17 milhões de famílias recebam os valores.

6) PEC dos Precatórios

Para aumentar o desembolso com o Auxílio Brasil, o governo enviou ao Congresso uma Proposta de Emenda à Constituição para driblar o teto de gastos. Trata-se da PEC dos Precatórios, medida que adia o pagamento de dívidas da União já reconhecidas pelo Judiciário. Isso abre folga para gastos do Orçamento de 2022.

A primeira parte do texto foi aprovada no início de dezembro. Mas outros pontos, como o que trata do prazo para o pagamento das dívidas, são alvos de discussão entre a Câmara e o Senado.

"Isso tende a colocar uma pulga na orelha do investidor, porque é uma mudança antecipada. A perda de credibilidade pressiona o câmbio e a inflação e, como consequência, age também as taxas de juros futuras", afirmou Beyruti, da Guide Investimentos.

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