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Quais as melhores opções para investir em renda fixa, como Tesouro e CDB?

Fernando Barbosa

Colaboração para o UOL, em São Paulo

01/01/2022 04h00

No início de 2021, os investimentos em renda fixa (como Tesouro ouCDB) foram descartados, porque os juros estavam baixos. Agora a situação se inverteu: os juros subiram, e a renda fixa ganhou destaque.

E ainda tem a vantagem de ser considerada uma aplicação de risco baixo e retorno mais seguro. Para auxiliar quem quer investir nela em 2022, o UOL consultou alguns especialistas e traz dicas e orientações a seguir.

Verifique o rendimento que vai além da inflação

Com inflação alta, é preciso prestar muita atenção ao rendimento real. "Essa é a relação que mais importa", disse o planejador financeiro certificado pela Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar) Valter Police.

Pensando nesse aspecto, ele afirma que há títulos de renda fixa atrelados à inflação, como aqueles do Tesouro Direto que pagam o IPCA mais um percentual. "A grande questão é que esse valor só é pago se o investidor conseguir manter o aporte até o vencimento", explicou.

Em relatório sobre onde investir em 2022, a XP Investimentos entende que a renda fixa continuará sendo uma excelente opção para compor a carteira.

"Com o nível atual da taxa básica de juros, a Selic, e expectativas de juros nominais superiores a 10% já no início de 2022, mantemos nosso otimismo em relação ao retorno oferecido pela renda fixa, principalmente na parcela de pós-fixados, com baixa volatilidade em um momento que será de grandes incertezas no país", diz trecho do relatório da XP.

A XP acredita que, mesmo que a Selic volte a cair durante o ano, em um cenário de inflação mais controlada, os pós-fixados devem continuar em patamares elevados.

Atenção aos investimentos pós-fixados

Alkeos Saroglou, sócio da Alta Vista Investimentos, pensa de forma similar. "O investimento que acaba sendo mais impactado são aqueles pós-fixados. São os que rendem uma porcentagem do CDI ou da Selic ou aqueles que pagam CDI ou Selic mais uma taxa de juros. Os outros são os que pagam uma porcentagem, como 120% do CDI", afirmou ele.

Por outro lado, aqueles ativos ligados especificamente a indicadores que mensuram os reajustes de preços ficam mais dependentes da atuação do BC, segundo Saroglou.

"Se a subida da Selic for menor do que o mercado imagina para frear a inflação, isso traz estresse para os agentes econômicos, e essas taxas futuras podem até aumentar. Então, um papel que pagava IPCA+5% pode passar a pagar IPCA + 5,5%", disse.

Equilibrar cada tipo de investimento

Segundo o economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso, tanto opções de pós-fixados como prefixados são importantes, sendo importante colocar na balança o peso de cada porção.

"O objetivo inicial de toda carteira é pelo menos manter o poder de compra do investidor e cobrir a inflação, o que torna os investimentos em IPCA+ essenciais. De modo geral, os pós-fixados têm o papel de reduzir a volatilidade da carteira por minimizar o risco de mercado, além de servirem como um caixa remunerado", afirmou.

Caruso diz que o Original passou a recomendar os prefixados nas carteiras nesse final de ano. "As taxas estão bastante atraentes face à piora do risco-país", disse ele.

O economista-chefe do Banco Original entende que o investidor deve encarar como oportunidades a previsão de desaceleração da inflação e os riscos de uma recessão para 2022, o que indica que o ciclo de alta da Selic pode estar perto do fim.

Tesouro, CDB e debêntures

O sócio da Alta Vista Investimentos acredita que a procura pela renda fixa continuará aquecida ao longo do ano, com destaque especial para o Tesouro Direto, os CDBs e as debêntures incentivadas (papéis emitidos por empresas para financiar projetos; são um "empréstimo" a uma empresa).

"Quando essas opções seguras estão pagando 9% ou 10% ao ano, eu penso muito mais na hora de me expor ao risco", diz. Ou seja, é melhor investir nesses títulos do que arriscar na renda variável, como a Bolsa.

No entanto, diz Saroglou, vale o investidor observar o seu perfil de risco e as diferenças de liquidez e riscos dos papéis.

"Se o investidor quer entrar em CDBs, é preciso entender se é possível abrir mão da liquidez ou não. Se o assunto for as debêntures incentivadas, é necessário observar o risco do emissor", disse.

As debêntures incentivadas ou de infraestrutura são títulos de dívidas que têm como benefício a isenção do Imposto de Renda, mas não contam com o respaldo do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

Por isso, mais uma vez, é preciso estar atento aos detalhes antes de qualquer decisão.

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