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Como o Ibovespa é calculado e por que isso é importante para o investidor?

Fernando Barbosa

Colaboração para o UOL, em São Paulo

13/01/2022 04h00

Quem opera no mercado de ações está acostumado a observar os níveis da taxa básica de juros, a Selic, e a variação do dólar. Outro componente importante nesse conjunto é acompanhar o sobe e desce do Ibovespa, o principal índice do mercado brasileiro.

Mas como o Ibovespa é calculado? O que representam os seus milhares de pontos? Segundo especialistas, o indicador pode balizar as estratégias futuras de entrada ou saída de determinado ativo.

Enrico Cozzolino, analista da Levante Ideias Investimentos, esclarece que o Ibovespa é um indicador de referência no mercado de capitais composto por 93 empresas, em que cada uma possui peso diferente na sua formação.

Dessa forma, cada ponto do índice equivale a R$ 1. "A quantidade teórica das ações é refletida em pontos. Ou seja, se a gente está falando em 100 mil pontos, significa dizer que essas empresas equivalem a R$ 100 mil", explicou.

O chefe de equity research e economia do PagBank, Márcio Loréga, explica que o Ibovespa é calculado, em tempo real, baseado no desempenho de uma carteira teórica de ativos. "Ele funciona como um termômetro de desempenho das principais ações do mercado", disse.

Para integrar o indicador, as companhias devem ter uma boa oferta de liquidez e participar de uma quantidade relevante de pregões do mercado. "Quanto mais líquido, mais volume nas negociações diárias, mais chances as empresas têm de entrar", afirmou Loréga.

De maneira simples, ele diz que, se o índice subir, mesmo que algumas ações estejam em queda, com a maioria no azul, o fluxo deve ser positivo. "Algumas vão ter maior peso e força para puxar o Ibovespa, e outras nem tanto."

Entre as empresas que têm maior força para mudar os rumos do fechamento diário do pregão, estão Vale, Petrobras e os grandes bancos que atuam no país —Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Santander.

O analista da Levante diz que o Ibovespa não necessariamente afeta o bolso do investidor. Isso porque são mais de 350 companhias de capital aberto no país. Portanto, o indicador não abrange todos os grupos.

"É importante como referência, assim como o S&P500 nos EUA. Mas é possível ter o Ibovespa caindo e ter uma cesta de ações que não estão relacionadas ao Ibovespa, em alta", afirmou Cozzolino.

"Isso acaba sendo um grande balizador, uma referência para o nosso mercado de ações, para saber se está bom ou não, se é um momento de comprar ou de vender. No cenário atual, estamos testando um movimento de baixa, com dificuldade [do indicador] para subir", declarou Loréga.

O economista do PagBank entende que o receio momentâneo sobre as empresas listadas acontece por conta de questões fiscais, problemas internos e o cenário externo desafiador com a variante ômicron. Além de questões políticas, inflação e a alta das taxas de juros também são fatores adversos, segundo ele.

Assim, se o investidor desejar montar uma carteira de longo prazo —o mais indicado por analistas para obter ganhos na Bolsa—, ele precisa estar atento a boas companhias.

"São empresas que a gente chama de 'blue chips', que, mesmo com a onda das fintechs, continuam sendo sólidas e boas pagadoras de dividendos", afirmou Loréga. Vale, Petrobras e os grandes bancos se encaixam bem como exemplos.

Loréga diz ainda que o cenário atual oferece diversas oportunidades, uma vez que muitas companhias estão com a relação de preço do papel x retorno (lucro) abaixo da média.

"Por questões de lucratividade das empresas, a Bolsa está negociando bem abaixo da média. Isso é uma excelente oportunidade para o longo prazo", afirmou ele. No entanto, o investidor precisa entender se possui o perfil adequado para aguentar a oscilação constante.

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