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Investir no exterior: quais os melhores jeitos de aplicar em outro país?

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Imagem: Getty Images

Vinicius Silva

Colaboração ao UOL, de São Paulo

25/01/2022 11h00

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Com a instabilidade do mercado brasileiro nestes últimos anos, o investidor passou a olhar com mais carinho para a possibilidade de aplicar parte de seu patrimônio no exterior. Para isso, ele possui alguns caminhos como os ETFs (Exchange Traded Fund), os BDRs (Brazilian Depositary Receipts), fundos ou mesmo a compra de ações diretamente lá fora. Veja abaixo as vantagens e características de cada uma dessas alternativas, e qual opção pode render maiores retornos financeiros e diversificação.

Por que investir fora do Brasil

Riscos fiscais e políticos, bem como a inflação e a taxa de juros em alta, desfavorecem o cenário brasileiro. De acordo com Clara Sodré, professora dos cursos da XP, "enquanto em 2021, as bolsas americanas bateram as máximas, no Brasil o principal índice fechou no negativo".

Para Clara, a ideia de buscar ativos do exterior pode ajudar o investidor brasileiro a diversificar sua carteira, reduzindo os riscos e fazendo com que, no longo prazo, sua rentabilidade possa aumentar.

O UOL ouviu especialistas para entender quais das opções podem se adequar melhor às características dos investidores. Confira.

Melhores opções de investimentos no exterior

ETFs

Quem procura investir no exterior, mas não tem condições de analisar as empresas listadas lá fora pode optar por comprar os ETFs. Conhecidos por serem fundos negociados em bolsa, utilizam como referência um índice do mercado, como o norte-americano S&P 500, por exemplo.

De acordo com Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank, os ETFs podem ser excelentes opções para que o investidor possa diversificar a carteira —como ao comprar um ETF de empresas norte-americanas. Por terem gestão passiva, os custos são, normalmente, mais baixos para o investidor.

ETF é sempre uma boa oportunidade. Você tem excelentes ETFs locais, ETF listados lá fora, em outros países, e ETF voltados para determinados setores globais. Então, o ETF é sempre uma boa oportunidade, basta fazer um bom estudo que você encontra um horizonte muito bom para investir.
Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank

Não à toa, os ETFs cresceram muito no último ano. De acordo com dados da B3, o número de investidores com ETFs na carteira passou de 269 mil para 505 mil em 2021.

Fundos

Além dos ETFs, o investidor também pode buscar fundos aqui no Brasil com pelo menos 40% de ações listadas no exterior. Neles, não é preciso escolher uma ação específica, quem faz isso é o gestor.

E por contarem com uma gestão profissional nessa seleção, os fundos de ações têm um custo maior do que os ETFs, mas também buscam ter uma rentabilidade melhor no longo prazo.

"Para quem está iniciando, também já há os fundos de investimentos internacionais, que contam com um gestor profissional montando uma cesta de ações e com aplicações a partir de R$ 100", disse Sodré.

A facilidade de acesso atual fez com que os investidores brasileiros passassem a ampliar a participação nesse tipo de fundo. O número de cotistas brasileiros em fundos de investimento no exterior cresceu 700% no período entre dezembro de 2019 e abril de 2021.

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Diversos investidores miram em empresas de tecnologia no exterior, como Google
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BDRs

Outra opção são os BDRs. Eles são recibos negociados na B3 de empresas listadas no exterior. Na prática, são papéis que representam ações de empresas estrangeiras, como Tesla, Google e Amazon, geralmente listadas nos EUA.

É uma forma de o brasileiro investir, com uma conta em banco e corretora no Brasil, em empresas lá de fora sem precisar, de fato, comprar a ação da companhia em uma Bolsa estrangeira.

O BDR dá acessibilidade, dando acesso mais fácil ao mercado de capitais lá fora. [Caso opte por comprar ações no exterior diretamente], o investidor precisa enviar recursos para fora do Brasil, se atentar sobre impostos, flutuação do câmbio que os especialistas dizem ser difícil prever, então por isso o BDR é mais simples.
Clara Sodré, professora da XP

A facilidade parece agradar. O número de brasileiros que investem em BDR cresceu cerca 1.414% nos últimos 12 meses encerrados em outubro do ano passado, sendo os últimos dados disponíveis pela B3.

Ações

Para Rodrigo Crespi, analista da Guide, a melhor maneira de investir no exterior, no entanto, é uma gestão ativa do investidor, abrindo e enviando recursos para fora do Brasil.

"Eu, particularmente, prefiro uma corretora estrangeira, pois, além de você não ter problema de liquidez, você tem muitas mais opções lá fora, pois há empresas que ainda não têm BDRs listados por aqui", diz.

Segundo o analista, quem já possui empresas dos EUA voltadas à tecnologia na carteira não deve sair neste momento. Já quem busca comprar novas ações, pode observar outros setores, como os bancos ou commodities com empresas listadas nos EUA.

Eu não recomendaria sair de empresas mais voltadas à tecnologia, como Apple, Google, Amazon, Microsoft, que são empresas com maior representatividade no índice S&P 500 --que eu não deixaria de ter em carteira, já que, como elas geram muito caixa, elas não são tão afetadas pela alta de juros nos EUA.
Rodrigo Crespi, analista da Guide

"Mas eu também exploraria outros setores, como os grandes bancos, como o Morgan Stanley, e empresas voltadas às commodities, como ConocoPhillips, uma petrolífera que tem sido muito benéfica para nossa carteira. Empresas de consumo, como a P&G pode ser uma boa pedida também", complementa.

As desvantagens ficam por conta dos custos de envio do dinheiro à corretora estrangeira, da variação do dólar em relação ao real, o que sempre pode prejudicar a rentabilidade, e de uma maior taxação do patrimônio em caso de herança ou dividendos, por exemplo.

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