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Tensão entre Rússia e Ucrânia derruba Bolsas; como proteger seu dinheiro?

Imagem do presidente da Rússia, Vladimir Putin; veja como risco de invasão russa na Ucrânia afeta seus investimentos - Anatolii Stepanov/AFP
Imagem do presidente da Rússia, Vladimir Putin; veja como risco de invasão russa na Ucrânia afeta seus investimentos Imagem: Anatolii Stepanov/AFP

Vinícius de Oliveira

Colaboração para o UOL, de São Paulo

28/01/2022 12h13

A tensão entre a Rússia e a Ucrânia tem afetado os mercados do mundo inteiro nesta semana. A situação levou à queda de índices na Europa e nos EUA.

De acordo com especialistas entrevistados pelo UOL, um possível conflito entre Rússia e Ucrânia pode causar aumento de juros e reduzir o crédito na economia. Diante disso, como o investidor deve proteger seu dinheiro? É hora de fugir da Bolsa de Valores? Leia a seguir.

O que esperar do cenário internacional

Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, diz que a Rússia é o segundo maior produtor de petróleo do mundo. Por isso, as tensões com o governo russo podem ter impacto global.

"A partir do momento em que você tem um conflito, isso pode gerar embargos ou retaliações. Isso afeta diretamente o preço do petróleo. Pode até haver uma redução da produção russa, pressionando ainda mais o preço", afirma Velloni. O petróleo já chegou a US$ 89 com a situação.

Daniel Abrahão, sócio e assessor da iHUB Investimentos, declara que a Ucrânia é um território estratégico, pois por lá passam os gasodutos que levam o gás natural produzido na Rússia para a Europa. "A Rússia é responsável por quase 40% do abastecimento de gás natural da Europa. [Um conflito na região] pode pressionar a inflação, que já está alta globalmente".

"Outro fato não muito dito é que a Ucrânia hoje é uma grande exportadora de milho e de grãos para o território banhado pelo Mar Negro. Isso pode afetar uma cadeia de produção muito grande, já que o milho é matéria-prima, causando efeitos no preço dos grãos em geral e pressionando ainda mais a inflação", afirma Abrahão.

Busca por investimentos mais seguros

Mestre em Economia Internacional, Gustavo Bertotti, da Messem Investimentos, diz que as principais economias do mundo tentam reduzir o dinheiro disponível na economia, com aumento dos juros básicos, para combater a inflação. Isso é reforçado em situações de conflitos.

Segundo ele, com a alta inflação no mundo todo, que pode piorar com a situação na Ucrânia, as pessoas tendem a fugir de investimentos considerados de risco, como as Bolsas de Valores. "Muitos investidores vão buscar mais segurança, saindo de investimento de renda variável que tem uma instabilidade muito maior".

Instabilidade é uma coisa de que o mercado financeiro não gosta. Não saber os efeitos e até onde vai essa crise faz com que as pessoas migrem, quase de imediato, para investimentos mais conservadores.
Daniel Abrahão, sócio e assessor da iHUB Investimentos

Impacto na Bolsa brasileira

As tensões no Leste Europeu podem afastar investidores estrangeiros da B3. "A possibilidade de conflito faz com que os investidores internacionais liquidem posições na Bolsa brasileira. Eles reduzem posições em mercados emergentes e levam de volta o dinheiro, o que faz o dólar aumentar", declara Gustavo Bertotti.

Apesar disso, o analista acredita que não seja hora de sair correndo da Bolsa. Para ele, o investidor que compra ações em Bolsas de Valores deve ter em mente que imprevistos podem acontecer.

Acho que é um momento de aguardar um pouco em relação ao que vai acontecer. Existe a preocupação de uma queda em curto prazo da Bolsa brasileira, mas isso é natural.
Gustavo Bertotti, analista da Messem Investimentos

Ações de petróleo em alta

O possível conflito entre Rússia e Ucrânia pode elevar o preço das commodities (empresas de matéria-prima) de energia, principalmente de petróleo e gás natural. "Quem tem ações ligadas ao petróleo está em um ponto bom, com expectativa de valorização", diz Fabrizio Velloni.

As ações da Petrobras (PETR4), por exemplo, subiram 20,21% nos últimos 30 dias (entre 28 de dezembro e 27 de janeiro), seguindo a cotação do barril de petróleo Brent —que subiu 18,45% no mesmo período.

"O preço do nosso ativo está muito correlacionado ao preço internacional do barril. Se eu entender que o conflito vai impactar no aumento do preço das commodities de energia, parte do preço da empresa vai aumentar também. Os papéis vêm acompanhando essa valorização", afirma Daniel Abrahão da iHub.

No entanto, ele declara que a Petrobras é uma empresa estatal e que só no período mais recente é que adotou a política de paridade de preço de importação (PPI). Caso a medida —que foi colocada em prática durante o governo de Michel Temer (MDB)— mude, as ações podem não seguir mais a valorização internacional do barril de petróleo.

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