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ANÁLISE

Como proteger seus investimentos no Brasil diante da guerra na Ucrânia?

Depósito de petróleo perto de Kiev foi atingido por bombardeios no 4º dia de guerra entre Rússia e Ucrânia - Maksim Levin/Reuters
Depósito de petróleo perto de Kiev foi atingido por bombardeios no 4º dia de guerra entre Rússia e Ucrânia Imagem: Maksim Levin/Reuters

Colaboração para o UOL, em São Paulo

06/03/2022 04h00

Como uma guerra do outro lado do mundo, envolvendo Rússia e Ucrânia, pode afetar seus investimentos aqui no Brasil? No Papo com Especialista, programa ao vivo do UOL, o economista César Esperandio mostra os setores que serão mais impactados diretamente com o conflito e como proteger sua carteira de investimentos nesse cenário de crise.

Leia abaixo a análise do economista e assista ao programa completo, que é um tira-dúvidas sobre investimentos exclusivo para assinantes e transmitido quinzenalmente, às quintas-feiras, das 15h às 16h.

Barril de petróleo é o primeiro a ser impactado

Esperandio diz que o primeiro impacto é a alta do preço do barril do petróleo. "O petróleo vai ficar mais caro. Isso porque a Rússia é um dos maiores produtores de gás, enquanto a Ucrânia tem uma rede de gasodutos estratégicos que abastece toda a Europa. Então, isso fica interrompido, não só por causa da guerra, mas também pelas perspectivas dali para frente", diz ele, que é também do canal Econoweek.

O barril do petróleo já passou dos US$ 100. "Havia oito anos que o preço não chegava a esse patamar. A hora em que sobe o petróleo, tudo tende a ficar mais caro", afirma.

Matérias-primas tendem a ficar mais caras

O economista diz que o preço de algumas commodities (matérias-primas) como as alimentares —milho e soja, por exemplo— tende a aumentar em períodos de incerteza, principalmente envolvendo uma guerra.

"Neste cenário, as cadeias produtivas são aos poucos estranguladas naquela região, e isso faz aumentar o preço das commodities", declara.

Investir em empresas de petróleo é uma boa?

"Depende", diz Esperandio. "Se você quisesse ganhar fazendo trading [compra e venda em períodos curtos, como no mesmo dia] com ações de empresas de petróleo, teria que ter apostado nisso antes da guerra, quando o preço do barril do petróleo ainda estava baixo. Agora ele encareceu", afirma.

Segundo ele, os principais analistas de mercado falam que o impacto de uma guerra, seja no preço do petróleo ou de qualquer outro ativo, tende a ser passageiro. "Há um susto inicial, e daí os preços vão se readequando".

A principal companhia de petróleo no Brasil é a Petrobras (PETR3 e PETR4) —é a segunda da Bolsa também, atrás apenas da Vale (VALE3).

E investir na Petrobras não é necessariamente uma boa, com a alta do petróleo. Uma das grandes brigas na Petrobras é justamente a disparidade entre o preço internacional do barril de petróleo e o quanto é praticado para revenda aqui no Brasil. Já havia um grande déficit de 15% antes da guerra.

O economista ressalta que a Petrobras, por não ser uma companhia privada, sofre influência política. "Daí, ela vende petróleo abaixo da cotação internacional e pode ir acumulando prejuízos", diz.

Portanto, se a Petrobras começar a dar muito prejuízo por conta dessa defasagem de preço, ela se torna insustentável.

"Até por isso, não necessariamente uma alta do preço do petróleo lá fora impacta na cotação da Petrobras mais alta aqui. Comprar ações de empresas de petróleo agora não é uma boa blindagem da sua carteira de investimentos", declara.

Mas essa guerra é boa ou ruim para o Brasil?

Em uma economia cada vez mais globalizada e interdependente, o impacto no Brasil depende das sanções que serão impostas aos envolvidos nesta guerra.

"Quando uma sanção é imposta à Rússia, isso pode impactar também aqui e em outros países do mundo", afirma.

Onde investir agora?

Para o economista, a melhor recomendação é diversificar a sua carteira de investimentos —sempre respeitando seu perfil de investidor.

De acordo com relatório da UBS [uma gestora de patrimônios], é importante o investidor mais experiente manter um portfólio diversificado em classes de ativos, setores e em regiões. Ou seja, investir em renda fixa e renda variável, em setores diferentes, como varejo, mineração, shoppings etc., e em regiões, investindo no Brasil, nos EUA, na Europa e assim por diante.

Ele diz, ainda, que "dentro dessa ótica de diversificação, a UBS recomenda investir em commodities [matérias-primas]. Em momentos de risco, as commodities podem ser justamente uma proteção da carteira. Enquanto a cotação de um investimento cai, a de outros pode subir, mantendo a performance da sua carteira equilibrada".

Para o investidor iniciante, a dica é não comprar enquanto o preço das ações está subindo. "E nem comprar qualquer ação, só porque está barata e deve subir. É preciso analisar outras questões daquela empresa, como sua saúde financeira. Mas não se desespere, porque suspiros no mercado financeiro sempre vão ocorrer", diz Esperandio.

Na renda fixa, segundo o economista, a perspectiva é de juros altos para este ano -a taxa Selic está em 10,75% ao ano, e há expectativas de alta.

"Invista em títulos protegidos pelo FGC [Fundo Garantidor de Créditos]. Na renda fixa, não há o que temer, pois a rentabilidade vai continuar elevada. Na renda variável, não se desespere nem tome decisões precipitadas", declara.

Papo com Especialista é quinzenal

O programa Papo com Especialista é transmitido às quintas-feiras, quinzenalmente, das 15h às 16h, na página inicial do UOL, no UOL Economia e no UOL Investimentos, e é exclusivo para assinantes. Reveja programas anteriores aqui.

Você pode enviar perguntas ao Papo pelo e-mail uoleconomiafinancas@uol.com.br —elas podem ser respondidas no programa.

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Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.