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Dica de Elon Musk sobre onde investir com alta da inflação é boa mesmo?

Onde o bilionário Elon Musk coloca o seu dinheiro em tempos de alta da inflação? - Win McNamee/Getty Images
Onde o bilionário Elon Musk coloca o seu dinheiro em tempos de alta da inflação? Imagem: Win McNamee/Getty Images

Fernando Barbosa

Colaboração para o UOL, em São Paulo

24/03/2022 04h00

Elon Musk, fundador da Tesla (fabricante de carros elétricos) e da SpaceX (produtora de sistemas aeroespaciais, como foguetes e satélites), é a pessoa mais rica do munndo, com uma fortuna de US$ 248,8 bilhões (mais de R$ 1,2 trilhão). Conhecido por diversas polêmicas, em 13 de março o empresário fez uma postagem no Twitter em que disse que, em momentos de inflação em alta, é melhor ter materiais físicos (como uma casa) e até criptomoedas do que dólar.

Mas, afinal, vale ou não comprar dólar com a inflação em alta? As criptomoedas são uma alternativa interessante? Veja o que dizem os especialistas consultados pelo UOL.

"Como princípio geral, para aqueles que estejam procurando por conselhos, geralmente é melhor ter minhas próprias coisas físicas como uma casa ou ações de empresas que você acredita que produzam bons produtos, do que dólar quando a inflação está alta", declarou Musk, por meio da rede social.

Suas exceções seriam criptomoedas. "Eu ainda possuo e não pretendo vender meu bitcoin, ethereum ou doge fwiw", afirmou ele. Enquanto no Brasil a inflação chegou a 10,54% nos 12 meses encerrados em fevereiro, nos EUA os reajustes de preços alcançaram 7,5% nos 12 meses até janeiro.

Importante não deixar o dinheiro parado

O estrategista-chefe da Davos Investimentos, Mauro Morelli, diz que, seja em dólar ou em real, o mais importante é não deixar o patrimônio parado. "Independentemente de a inflação ser alta ou baixa, ter a moeda parada em conta-corrente sempre vai reduzir o poder de compra. Obviamente, quanto maior a inflação, maior a perda do poder aquisitivo, mas isso sempre existe", declara.

O sócio-fundador da Nord Research, Renato Breia, pensa de forma similar. Para ele, é fundamental ter investimentos no exterior para equilibrar os riscos da carteira.

Não apenas comprar a moeda, mas entendo que ter ativos em dólar é importante. O problema é carregar a moeda onde há muita inflação [caso do Brasil]. Então, ter dólar é uma forma de proteger o patrimônio.
Renato Breia, sócio-fundador da Nord Research

Segundo Morelli, há opções no mercado de ações ou mesmo no segmento imobiliário que podem proteger o investidor neste cenário. "Mas o ideal mesmo seriam os títulos atrelados à inflação", afirma.

Neste sentido, no Brasil a alternativa pode ser os títulos pós-fixados do Tesouro Direto, que garantem o pagamento de um percentual mais a variação da inflação. Nos EUA, um produto equivalente seriam as Tips (Títulos do Tesouro Protegidos da Inflação, na tradução).

Caso o investidor opte por títulos que levem em conta a inflação, o sócio-fundador da Nord Research diz que não indica a compra de ativos com prazos muito longos. Para Breia, o risco é o investidor ter perdas caso decida resgatar o dinheiro antes do prazo de vencimento.

Criptomoedas

Para o CEO da plataforma BitPreço, Ney Pimenta, ao falar em ativos físicos é provável que a referência do bilionário da Tesla seja para ativos finitos. Neste sentido, ele concorda com Elon Musk.

"Há essa diferença de alguns bens, como um terreno na beira do mar ou um apartamento, que são únicos. Ao contrário do dinheiro, que em um momento de inflação perde mais valor com a entrada de mais dinheiro em circulação", declara Pimenta.

Para o especialista, o bitcoin, principal criptomoeda no mercado, se insere bem nessa tese. Ele diz ainda que o bitcoin possui ciclos de supervalorização a cada três ou quatro anos. Com o cenário instável na economia real, entende que é um bom momento para reforçar a posição.

A economia está bastante instável. Então, a tendência é que a inflação em alta não acabe de uma hora para outra. Além disso, um segundo ponto é que há o ciclo da valorização das criptomoedas, que está muito ligado ao ciclo de valorização dos bitcoins. É um bom momento para guardar e talvez vender daqui a um ano e meio a dois anos.
Ney Pimenta, CEO da plataforma BitPreço

Raquel Vieira, especialista em criptomoedas da Top Gain, diz que é sempre interessante ter bitcoin na carteira se tratar de um ativo deflacionário. "O bitcoin é limitado. Então, não é possível ter a entrada de mais ativos no mercado, como ocorre com o dinheiro fiduciário", diz.

Para Fernanda Guardian, analista da Levante Ideias, a principal vantagem dos criptoativos é a independência em relação a agentes políticos. "Como não existem órgãos reguladores, como um Banco Central, acaba trazendo proteção contra medidas políticas", declara ela.

Já para Breia, da Nord, no geral as criptomoedas caíram mais de 20% em 2022 e passam por um momento de "bear market" (termo no mercado financeiro que se refere a um momento de baixa, que pode ser aproveitado para a compra de ativos).

"A gente gosta de criptomoedas. E, em qualquer mercado, o melhor momento de comprar é quando as coisas estão caindo. Eu diria que uma orientação é não só manter, mas para quem tem posições menores, pode ser um bom momento para comprar", afirma Breia.

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