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Petrobras: com eleições e turbulências na presidência, como ficam as ações?

Com novo nome indicado à presidência, é hora de vender, comprar ou manter papéis da Petrobras? - Lucas Lacaz Ruiz/Estadão Conteúdo
Com novo nome indicado à presidência, é hora de vender, comprar ou manter papéis da Petrobras? Imagem: Lucas Lacaz Ruiz/Estadão Conteúdo

Fernando Barbosa

Colaboração para o UOL, de São Paulo

08/04/2022 04h00

Nas últimas semanas, além da guerra na Ucrânia e da oscilação nos preços do barril de petróleo Brent, diversos nomes foram cogitados para presidir a Petrobras —o que deixou o mercado ainda mais agitado e ajudou a dissipar o temor de uma maior interferência sobre os preços dos combustíveis.

Alguns nomes eram perfis com larga experiência no segmento de óleo e gás, como o do dono da consultoria Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires. Nesta semana, Caio Paes de Andrade, secretário de desburocratização do Ministério da Economia, também passou a ser avaliado. Após divergências, o Ministério de Minas e Energia indicou José Mauro Ferreira Coelho, executivo com experiência no setor.

Em meio a este cenário, vale investir na estatal ou é melhor esperar as eleições presidenciais em outubro? Quem já detém os papéis (PETR3/PETR4) deve vender ou é possível reforçar a carteira? Os preços internacionais do petróleo devem continuar a favorecer a empresa? Veja o que dizem os especialistas ouvidos pelo UOL.

A política de paridade de preços dos combustíveis entre o mercado interno e o externo auxiliou a Petrobras a se consolidar financeiramente e aumentar a distribuição de dividendos aos acionistas no último ano.

O cenário favorável se manteve em 2022, com o conflito armado na Ucrânia puxando para cima o valor do barril de petróleo, favorecendo ainda mais o fluxo de caixa da empresa. No entanto, os acionistas observam atentos a indicação do nome para presidir a estatal.

Boa fase

Desde 2021, a Petrobras vem sendo favorecida pela escassez de oferta de combustíveis no mercado internacional, o que resultou na alta dos preços. Em outubro, a cotação do barril do tipo Brent, referência no mercado internacional negociado em Londres, girava em torno de US$ 85. Em janeiro, superou a casa dos US$ 90.

Com o conflito armado no leste europeu entre Rússia e Ucrânia, superou os US$ 139 no início de março. De lá para cá, registrou queda e chegou a US$ 102,5 na última quarta-feira (6).

Esse panorama levou o preço dos combustíveis, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE), a registrar um aumento de 33,3% nos últimos 12 meses, encerrados em fevereiro. Assim, entre 5 de novembro do ano passado e 6 de abril deste ano, as ações PETR3 e PETR4 registraram valorizações 31% e 25,3%, avaliadas em R$ 34,94 e R$ 32,40, respectivamente.

O que esperar?

Para o estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz, a expectativa é de forte sobe e desce para os papéis da estatal nos próximos meses.

A Petrobras e a sua política de preços devem ser alguns dos principais temas das eleições. Os candidatos têm visões bem distintas sobre o que fazer com a empresa nos próximos quatro anos. Por isso, os acionistas devem ficar mais cautelosos.
Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos

Por outro lado, Cruz não acredita em uma queda acentuada em função da indicação do novo comandante da companhia.

A leitura do mercado é que a paridade de preços com o mercado externo seja mantida mesmo com a indicação de um nome de fora do setor. Foi assim com o general Joaquim Silva e Luna, por exemplo.

Resultados consistentes

Em 2021, a receita de vendas da Petrobras apresentou crescimento de 66,4%, para R$ 452,6 bilhões. Da mesma forma, o lucro líquido teve alta recorde de 1.400%, para R$ 106,6 bilhões, enquanto o endividamento líquido da empresa marcou queda de 19% nos 12 meses até dezembro, para R$ 265,78 bilhões.

Segundo o sócio e CEO da gestora Finacap, Luiz Fernando Araújo, os preços das ações da empresa devem ser influenciados por dois fatores nos próximos meses. O primeiro deles é a parte política por conta das eleições presidenciais de outubro, principalmente no direcionamento da empresa e relacionamento com os acionistas.

Por outro lado, Araújo entende que os bons resultados financeiros podem ajudar a balancear o peso do cenário político.

"O petróleo tem se valorizado bastante no mercado internacional, e a guerra na Ucrânia agravou o problema de oferta do setor. Eu entendo que a questão financeira tenha um peso maior no longo prazo", declara.

O analista da casa de análises Empiricus, Matheus Spiess, afirma que as altas no preço do barril de petróleo são bastante favoráveis para as empresas do setor, mesmo com aspectos que geram incerteza, como é o caso da Petrobras.

"Por conta do seu envolvimento governamental, a Petrobras tem especificidades e volatilidades derivadas de Brasília. Portanto, há um prêmio de risco adicional que se verifica nos valores das ações. É uma empresa muito barata e eficiente, que se reestruturou nos últimos anos e que é muito mais eficiente do que no passado", diz Spiess.

Vale investir na Petrobras?

Mesmo com a perspectiva favorável, é possível traçar estratégias para comprar as ações da Petrobras. Gustavo Cruz, da RB Investimentos, declara que o momento de comprar as ações deve ser nos próximos meses. Essa seria uma forma de aproveitar uma desvalorização momentânea para ganhar mais no longo prazo.

"Nas eleições, as estatais devem sofrer mais e os preços devem cair por conta de alguns aspectos. Então, se há convicção sobre a tese, o melhor a fazer seria entrar [comprar ações dessas empresas, como da Petrobras] no futuro. Antes, não faz muito sentido", afirma.

Para Spiess, da Empiricus, a orientação para os investidores é manter a Petrobras na carteira.

Mas é interessante manter uma posição reduzida em relação a outros nomes. A gente nunca pensa isoladamente, mas em uma carteira de ações completa do investidor. Outros nomes do mercado de renome e até mesmo do setor de óleo e gás.
Matheus Spiess, analista da Empiricus

PetroRio (PRIO3) e 3R Petroleum (RRP3) são dois exemplos de empresas que podem se beneficiar do cenário favorável no mercado de óleo e gás.

Os fundamentos da empresa continuam muito bons. Toda essa instabilidade de curto prazo em relação ao cenário político é menos importante do que os fundamentos econômicos, e, portanto, não há indicações de venda.
Luiz Fernando Araújo, sócio e CEO da Finacap

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