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Disney ou Nordeste: como investir para fazer viagem dos sonhos em até 1 ano

Como investir para fazer uma viagem sem precisar recorrer aos juros do crédito parcelado - Getty Images
Como investir para fazer uma viagem sem precisar recorrer aos juros do crédito parcelado Imagem: Getty Images

João José Oliveira

Do UOL, em São Paulo

14/04/2022 11h00

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A queda das medidas de restrição à circulação das pessoas —que barraram o turismo em todo o mundo por mais de dois anos devido à pandemia— anima os brasileiros a colocarem novamente a viagem como sonho de consumo.

Mas, ao mesmo tempo, os juros elevados no Brasil encarecem o parcelamento desse gasto. A saída, segundo especialistas ouvidos pelo UOL, é planejar o projeto e aplicar uma parte da renda no investimento que combine com esse objetivo.

Veja abaixo como se organizar para montar uma carteira de investimento e juntar dinheiro suficiente para levar toda a família para aquele resort no litoral nordestino, ou mesmo visitar a Disney —mas sem pagar juros para instituições financeiras nem para o cartão de crédito.

Fugindo os juros

Como planejar uma viagem pode ser um objetivo de curto prazo para os padrões do mundo de investimentos —comparando com o tempo necessário para comprar um imóvel ou mesmo um carro, por exemplo—, muitas famílias podem cair na tentação de simplesmente optar pelo parcelamento, de acordo com os planejadores financeiros ouvidos pelo UOL.

Quando a taxa básica de juros (Selic) estava em 2% ao ano, e havia muitas opções de parcelamento em até 12 vezes sem nenhuma cobrança de taxas, essa opção era viável. Mas com os juros a 11,75% agora e o crédito pessoal médio já cobrando perto de 5% ao mês, o parcelamento vai tirar do orçamento um dinheiro que seria bem gasto no roteiro turístico.

Ainda mais ao considerar que, também por causa dos juros mais elevados, aplicações mais tradicionais e sem risco da renda fixa estão dando um ganho de quase 1% ao mês atualmente.

Os juros elevados encarecem o crédito ao mesmo tempo em que favorecem o rendimento das aplicações. Então, o planejamento para investir fica mais vantajoso para o aplicador do que recorrer ao parcelamento.
Antônio Sanches, especialista de investimento da Rico Investimentos

Começando pelo orçamento

Para quem quer investir para viajar no próximo verão, por exemplo, dentro de 10 meses, o primeiro passo é checar o orçamento familiar para saber como estão as contas —ver quanto está entrando e quanto está saindo.

Para isso, é importante saber:

  • Qual a renda mensal;
  • Quais são os gastos fixos;
  • Do restante, para aonde está indo o dinheiro no mês;
  • Feito isso, qual parcela pode ser destinada ao investimento

Regrinha do 60-20-20

O quanto uma pessoa ou família pode poupar para investir depende, claro, de caso a caso. Mas entre planejadores financeiros há umas regras de bolso, como a 60-20-20.

Essa regra sugere o seguinte: para cada R$ 100 que a pessoa receber, seja salário ou de outras fontes de renda, R$ 60 vão para gastos essenciais, R$ 20 para prioridades financeiras e investimentos, e R$ 20 para lazer e compras pontuais —como um jantar ou passeio ao shopping.

"Você pode adaptar esses valores à sua realidade. O importante é ter essa organização definida e evitar fugir da regra", diz Sanches.

Exemplo para uma renda de R$ 5 mil

Considerando uma pessoa com renda líquida de R$ 5 mil, apenas para dar uma ideia, a fatia a ser separada para investimento seria de R$ 1 mil na regra do 60-20-20.

Por ser uma aplicação de menos de um ano (de curto prazo), essa carteira deve buscar investimentos de baixo risco e com liquidez —ou seja, de fácil resgate sem precisar esperar um prazo.

Se essa pessoa investir os 20% do salário todos os meses apenas pensando na viagem, com um investimento que paga 1% ao mês (0,8% ao mês líquido de Imposto de Renda), ela vai ter R$ 10.460, no momento do embarque.

Mesmo supondo que ela parcelasse em dez vezes sem juros, ao investir ela consegue R$ 460 extras para gastar no roteiro, segundo Paula Zogbi, analista de investimento da Rico.

Viagem ao exterior? Atenção com a oscilação do dólar

Paula Zogbi faz um alerta para quem está se programando para viajar ao exterior, como Estados Unidos. Embora parte das despesas no roteiro seja em dólar, colocar todo dinheiro em aplicações que seguem o dólar pode ser arriscado por causa da oscilação.

Ela afirma que, com os juros elevados no Brasil neste momento e sendo um plano de investimentos de curto prazo —a ser realizado em menos de um ano—, vale optar por opções de renda fixa pós-fixada, mesmo que a viagem seja para o exterior.

Para curto prazo não recomendamos investimentos em fundos cambiais ou outras aplicações em dólar, porque a volatilidade é alta e pode prejudicar os resultados. A recomendação que faz sentido é ter uma parte do dinheiro em fundos cambiais mais perto da viagem apenas para ajustar o dinheiro ao câmbio do destino.
Paula Zogbi, analista de investimentos da Rico Investimentos

Segundo profissionais ouvidos pelo UOL, uma boa opção para quem está guardando dinheiro para um objetivo de curto prazo é o Tesouro Selic.

"É uma aplicação que garante liquidez para resgatar em qualquer momento, além do rendimento previsível da renda fixa. Esse investimento irá acompanhar a taxa Selic, que hoje está em 11,75% ao ano", declara Zogbi, da Rico.

Cuidado com aplicações com prazo para resgate

O chefe de educação financeira da Xpeed School, Thiago Godoy, diz que o cenário agora está muito favorável ao investidor mais conservador, que prefere a renda fixa e tem aversão ao risco.

Mas Godoy alerta para as opções que têm prazo certo para resgatar. Algumas aplicações de renda fixa pagam mais que o Tesouro Selic, como o Tesouro Prefixado, o Tesouro IPCA e mesmo títulos privados, como CDBs (Certificados de Depósito Bancário).

Então para esses produtos o investidor precisa ficar com o título até o vencimento. Se tiver que sacar antes do combinado, pode perder o rendimento, a depender das condições de mercado.

Essas opções podem ser interessantes desde que o aplicador possa casar o vencimento da aplicação com o prazo para a aquisição do bem.
Thiago Godoy, chefe de educação financeira da Xpeed School

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