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Carro zero: como comprar um sem pagar juros altos de financiamento

Veja como investir para conquistar um veículo zero sem recorrer a juros do parcelamento. - Guilherme Henrique
Veja como investir para conquistar um veículo zero sem recorrer a juros do parcelamento. Imagem: Guilherme Henrique

João José Oliveira

Do UOL, em São Paulo

05/05/2022 11h00

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Os preços dos veículos estão avançando mais rapidamente que a inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Para piorar, os juros no país também são os mais elevados em cinco anos, encarecendo as parcelas do financiamento. O melhor é poupar e aproveitar os ganhos de investimentos para guardar dinheiro e pagar à vista. Veja abaixo como investir para pegar a chave de um veículo zero sem gastar com juros de financiamento.

Juros e inflação encarecem carros zero e usado

Na média, os carros subiram 18,24% nos doze meses encerrados em março, mais que os 11,3% de variação do IPCA, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas).

Essa inflação acelerada no Brasil já provocou uma situação inusitada: carros usados hoje valem mais do que quando foram lançados zero, em valores nominais. Por exemplo: um Onix 2020, lançado zero a R$ 50 mil, hoje está cotado a R$ 62 mil na tabela Fipe.

Além dos reajustes de preços, os juros que estão subindo sem parar desde março do ano passado também encarecem esse item de consumo. A taxa anual para financiamento de veículos varia de 14,6% a até 56%, segundo dados do Banco Central.

Planejamento financeiro é o primeiro passo

Isso quer dizer que a pessoa pode pagar o equivalente a dois carros se recorrer a financiamentos mais longos, de quatro anos, por exemplo.

Por isso, segundo especialistas ouvidos pelo UOL, a opção pelo planejamento financeiro neste momento se torna uma alternativa mais importante para se gastar menos.

É verdade que poupar para adquirir o carro mais adiante tem o lado negativo de abrir mão desse conforto por alguns meses. Sempre é possível investir, mesmo em ambientes mais difíceis. E, agora, o cenário está mais favorável ao investidor mais conservador, aquele que gosta mais da renda fixa e tem aversão ao risco.
Thiago Godoy, chefe de educação financeira da Xpeed School

O lado bom dos juros elevados

Se por um lado a maior taxa de juros no Brasil desde abril de 2017 encarece a parcela do financiamento, por outro lado esse mesmo fator amplia o rendimento das aplicações de renda fixa, destacam profissionais de mercado.

Assim, opções como Tesouro Selic, fundos DI, CDBs e LCIs estão entregando ganhos hoje maiores que um ano atrás.

O investimento ajuda o aplicador a reduzir esse tempo de espera porque o rendimento das aplicações acelera o acúmulo de capital.
Antônio Sanches, especialista em investimentos da Rico

Como se organizar

Especialistas em finanças pessoais e investimentos dizem que uma forma de a pessoa começar a investir para adquirir um bem é organizar o orçamento para calcular quanto consegue de fato separar para ir aplicando todos os meses.

Mostramos aqui que uma forma de começar a fazer isso é usando uma regra chamada 60-20-20.

Para cada R$ 100 que a pessoa recebe, seja salário ou outras fontes de renda, R$ 60 vão para gastos essenciais, R$ 20 para prioridades financeiras e investimentos, e R$ 20 sobram para lazer e compras esporádicas.

Uma simulação para comprar carro de R$ 70 mil

Nesta simulação, o especialista em investimentos da Rico, Antônio Sanches, considerou uma pessoa com uma renda líquida mensal de R$ 5 mil e que tem como objetivo de consumo comprar um veículo de R$ 70 mil.

Seguindo a regra 60-20-20, essa pessoa aplicaria R$ 1 mil todos os meses. Considerando uma aplicação de renda fixa de baixo risco, com rendimento hoje na casa de 1% ao mês, ela alcançaria R$ 71,1 mil em 54 meses (quatro anos e meio).

Se a pessoa apenas separasse esse dinheiro todos os meses, mas não aplicasse, ela levaria 70 meses para juntar o capital necessário. O rendimento do investimento então antecipou em 16 meses o objetivo dela.
Antônio Sanches, especialista em investimentos da Rico

Opções de investimentos

É verdade que ao longo desse período o veículo também pode passar por reajustes de preços. É então um caso de o investidor buscar opções de renda fixa que acompanhem o IPCA, de acordo com os profissionais de mercado.

  • Até dois anos

Uma opção para quem tem renda para poder comprar algum veículo no curto prazo, em até 18 meses (um ano e meio), é o Tesouro Selic.

É uma aplicação que garante liquidez para resgatar o dinheiro em qualquer momento, além do rendimento previsível da renda fixa, diz Paula Zogbi, analista da Rico Investimentos

Segundo ela, liquidez e baixo risco são importantes para que o aplicador tenha a segurança de que vai conseguir resgatar o dinheiro sem perdas, além de permitir uma estimativa de ganho mais previsível.

  • Acima de dois anos

Já se o plano de investir tiver que ser mais longo, acima de dois anos, as opções de investimento aumentam, de acordo com os especialistas. Isso porque a pessoa pode aplicar em produtos de renda fixa prefixados ou que acompanham a inflação.

O Tesouro IPCA, por exemplo, tem parte da rentabilidade prefixada, e parte atrelada à inflação — ou seja, acompanhando a alta de preços medida pelo principal indicador de inflação brasileiro, o IPCA, sugere a analista da Rico.

Atenção aos prazos

Mas quem busca aplicações de renda fixa com prazos superiores a dois anos precisa ficar atento aos prazos de resgate do capital.

Alguns investimentos de renda fixa pagam mais que o Tesouro Selic, como o Tesouro Prefixado, o Tesouro IPCA e mesmo títulos privados, como CDBs, mas demandam do aplicador que ele fique no produto até o vencimento.

Se a pessoa tiver que sacar antes do combinado, ela pode perder o rendimento, dependendo das condições de mercado. Essas opções podem ser interessantes desde que o aplicador possa casar o vencimento da aplicação com o prazo para a aquisição do bem.
Thiago Godoy, chefe de educação financeira da Xpeed School

Dica final: custos após a compra

Outro ponto de atenção é para o momento seguinte ao da compra, alertam planejadores financeiros.

É preciso considerar, depois no orçamento mensal, novas despesas que o carro na garagem vai criar: licenciamento, combustível, manutenção, seguro, entre outras.

Um carro de R$ 70 mil, por exemplo, pode representar um custo anual de aproximadamente R$ 12,4 mil, considerando os valores praticados na capital paulista, em exemplo.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.