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Fundos imobiliários são de fato 'conto do vigário', como afirma Luiz Barsi?

Luiz Barsi, um dos maiores investidores brasileiros da história, diz para fugir dos FIIs - Forbes
Luiz Barsi, um dos maiores investidores brasileiros da história, diz para fugir dos FIIs Imagem: Forbes

Fernando Barbosa

Colaboração para o UOL, em São Paulo

06/05/2022 04h00

Por serem acessíveis e sofrerem menos oscilações do que as ações, os fundos imobiliários (FIIs) são considerados interessantes para quem está começando a investir. Mas a opinião não é unânime. Na última semana, Luiz Barsi, considerado o maior investidor pessoa física da Bolsa de Valores brasileira (B3), criticou a existência dos FIIs.

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, Barsi afirmou que "fundo imobiliário é um conto do vigário", e orientou que o investidor se mantenha distante dos fundos.

É hora de ficar longo dos fundos imobiliários, como orienta o megainvestidor? Afinal, quais são os benefícios desse tipo de investimento? Confira a opinião dos especialistas ouvidos pelo UOL.

Fundo imobiliário é um conto do vigário. Assim como fundos em geral. A previdência privada é outro conto do vigário. Fuja dos fundos. Você enriquece os donos de fundo. Eles te cobram taxa de administração, taxa de êxito, taxa de performance, e não conheço ninguém que ganhou dinheiro com fundo além do banqueiro.
Luiz Barsi, megainvestidor

A dura crítica de Luiz Barsi causou incômodo no mercado. Os analistas consultados pelo UOL dizem que os fundos imobiliários têm finalidades distintas às ações listadas na Bolsa de Valores e que podem ser considerados como ótimas opções para dividendos — e o megainvestidor se tornou conhecido justamente por seu sucesso neste tipo de estratégia.

"Eu discordo quase plenamente do que o Barsi falou. Não acho que o objetivo do mercado seja, necessariamente, apenas enriquecer o investidor. Existem objetivos financeiros que podem ser atingidos de forma adequada a remunerar o investidor, que não precisam ser por meio de ações de empresas na Bolsa de Valores", diz o assessor de investimentos da SVN Investimentos, Vítor Matias.

Matias reconhece que os FIIs contam com taxas de administração e performance, o que não existe para quem investe diretamente em ações. "Mas elas [as taxas] não excluem o benefício que o investidor tem ao apostar em fundos imobiliários", diz.

Vantagens de investir em fundos imobiliários, segundo especialistas

Como uma das principais vantagens dos FIIs, todos os analistas ouvidos pela reportagem apontam o fato de ser um mercado acessível.

Hoje é possível comprar a cota de um fundo por R$ 100 ou menos, declara Caio Araújo, analista de fundos imobiliários da casa de análises Empiricus. Mas há cotas negociadas até por R$ 10.

Outro ponto é que o investidor pode fazer a diversificação dos seus investimentos, com opções de cotas entre fundos de escritórios, shoppings, galpões logísticos e de crédito imobiliário, de uma forma bem simples.

"Eu não diria que uma carteira iniciante ter apenas FIIs é o ideal, mas ele [o investimento em fundo imobiliário] é muito bom pela aplicação mínima baixíssima. Pensando na diversificação, é um dos primeiros passos para quem vai investir", afirma Araújo.

Além disso, o analista da Empiricus declara que o mercado imobiliário tem como característica particular a correção dos contratos de locação por índices inflacionários, como o IGP-M (considerado o indicador que mede a inflação do preço dos aluguéis) ou IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

Essa correção é importante para preservar a rentabilidade do patrimônio em momentos de reajustes elevados dos preços, como agora.

O analista da casa de análises Nord Research Marx Gonçalves diz que mesmo as empresas consideradas como boas pagadoras de dividendos do Ibovespa não costumam fazer a distribuição em períodos definidos.

"Já os FIIs, pelo menos aqueles com maior liquidez, fazem o pagamento mensal [de dividendos]. É algo mais previsível", afirma Gonçalves.

O especialista em fundos imobiliários da casa de análises Spiti, Ricardo Figueiredo, declara que o Ifix (Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários) registrou alta de 109,43% nos últimos 10 anos, ante um crescimento de 78,14% do Ibovespa, principal índice de ações do Brasil, no mesmo período.

Figueiredo aponta que a oscilação para os fundos que compõem o Ifix foi de 6% em 2021 , enquanto no Ibovespa o sobe e desce girou em torno de 17%. Ou seja, o Ibovespa teve cerca de três vezes mais volatilidade do que o Ifix no mesmo período.

"Os preços chacoalhando menos ajudam a educar o investidor nesta jornada, que muitas vezes saí do CDI, algo com volatilidade zero, para um produto com volatilidade de preço diária", diz o analista da Spiti.

O pagamento de dividendos dos fundos imobiliários ainda conta com a isenção tributária do Imposto de Renda (IR), o que tende a ser um maior atrativo a quem pretende investir neste tipo de produto.

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