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OCDE pede redução dos custos de transporte para relançar economias latinas

18/02/2014 15h12

PARIS, 18 Fev 2014 (AFP) - A Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE) insistiu nesta terça-feira na necessidade de as economias latinas reduzirem drasticamente os custos de transporte, para ganhar em produtividade e competitividade e superar a fase de desaceleração atual.

"As capacidades produtivas não aumentaram na América Latina desde os anos 90, o que representa desafios para a competitividade" dessas economias, afirmou Rolando Avendaño, economista do centro de desenvolvimento da OCDE, na apresentação em Paris de um relatório do organismo sobre as perspectivas econômicas da região em 2014, elaborado no ano passado.

Mario Pezzini, diretor do centro de desenvolvimento da OCDE, ressaltou, citando o relatório, que na América Latina "o custo de frete é quase nove vezes superior aos custos tarifários", enquanto entre os sócios comerciais dos Estados Unidos esta proporção não alcança o dobro.

Reduzir esses custos é o objetivo principal, ressaltou Pezzini. A OCDE estima que a redução de custos logísticos pode melhorar em 35% a produtividade trabalhista na América Latina.

Dionisio Pérez-Jácome, representante mexicano na OCDE, ressaltou na conferência a necessidade de "produtos de maior valor tecnológico" para aumentar a competitividade, e João Taborda, diretor para Europa, África e Oriente Médio da Embraer, frisou a urgência em agilizar os trâmites administrativos.

"Há países (na América Latina) onde são necessários mais de 100 dias para se abrir uma empresa. Em outros países emergentes fala-se de cinco dias. Os poderes públicos têm que estar atentos a isso", declarou.

Muitos países latino-americanos sofrem há três anos com uma desaceleração econômica. Isso se deve, em boa parte, a um menor crescimento da China - muito prejudicial para as exportações da região-, à crise na Eurozona e nos Estados Unidos, e, recentemente, à decisão do Federal Reserve americano de reduzir seu programa de estímulo, o que se traduziu em fortes retiradas de capital e em desvalorizações das moedas, como a do real, que no ano passado perdeu quase 13% do seu valor em relação ao dólar.

Para Sylvain Bellefontaine, analista do banco francês BNP Paribas especializado na América Latina, essa retirada de estímulos dos Estados Unidos será para a região "um mal menor, que permitirá reduzir o risco de bolhas de ativos".

Bellefontaine acredita que a normalização da política monetária americana e a desaceleração da economia chinesa terão um impacto muito variado na região.

Segundo ele, os mais prejudicados podem ser "Argentina, Brasil e Venezuela, em perda de velocidade, com uma desaceleração da atividade e problemas de inflação substanciais que vão perdurar". Já "Chile, Colômbia, México e Peru estão melhor posicionados para atrair investimentos", já que têm "um crescimento em reaceleração" e "melhores fundamentos econômicos", acrescentou.