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Seca e El Niño podem causar disparada de preços de shampoo e biscoitos

12/05/2014 14h55

JACARTA, 12 Mai 2014 (AFP) - A seca e o fenômeno climático El Niño ameaçam a produção de óleo de palma no sudeste asiático e podem causar um aumento nos preços do shampoo e dos biscoitos nos supermercados de todo o mundo.

O óleo de palma (85% da sua produção vem da Indonésia e da Malásia) integra a composição de uma grande quantidade de produtos, em particular nos setores de alimentos e de cosméticos.

As cotações começaram a subir em decorrência da seca sofrida nestes países produtores da Ásia em janeiro e em fevereiro.

No entanto, a Associação Indonésia de Produtores de Óleo de Palma atribui a alta dos preços a outros fatores e indica que neste ano os efeitos da seca somente serão sentidos daqui a alguns meses.

"Isso ocorrerá a partir de setembro ou outubro, provocando uma baixa de dois dígitos no percentual de produção na Indonésia e na Malásia", opina Tan Chee Tat, analista do gabinete de corretagem Philip Futures em Cingapura.

"É muito provável que as empresas repassem a alta de preços para os consumidores", adverte.

A Organização Meteorológica Mundial (OMM), uma agência da ONU, anunciou em abril o "provável" fenômeno climático do El Niño no oceano Pacífico em meados de 2014, podendo afetar a produção de óleo de palma em 2015.

O El Niño, caracterizado pela elevação atípica das temperaturas na superfície do mar no centro-este do Pacífico tropical, tem uma clara influência no clima de várias regiões do mundo, e tende a elevar a média mundial das temperaturas.

Florestas incendiadas

Se este fenômeno climático de 2014 for tão intenso como o de 1997-98, que causou milhares de mortes e bilhões de dólares em danos, o El Niño poderá ter efeitos devastadores nas plantações de palmas de óleo.

Alan Lim, analista de Kenanga Investment Bank na Malásia, considera que, "no pior dos cenários", o El Niño pode afetar cerca de 30% da produção nos dois países, de seis a 12 meses depois da sua passagem.

O aumento das cotações favoreceria diretamente os oleaginosos alternativos, em particular o óleo de soja, produzido principalmente no Brasil e nos Estados Unidos.

Os menos pessimistas apontam as vantajosas propriedades da palma de óleo, que dá frutos duas vezes por mês durante duas ou três décadas, requerendo somente cuidados e terra, o que faz com que esse óleo seja o mais barato do mercado.

O setor teme a crescente pressão das organizações ambientalistas que denunciam a destruição de florestas tropicais para estender as superfícies cultiváveis.

As ONGs responsabilizam as plantações de palmas de óleo e os grupos de pasta de celulose por queimadas.