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Infraestrutura é o motor de crescimento para a América Latina

30/06/2014 14h11

PARIS, 30 Jun 2014 (AFP) - Com a queda dos preços das matérias-primas e o fim da "década de ouro" para a América Latina, as economias da região devem apostar na infraestrutura, indicam analistas e políticos reunidos em um foro em Paris.

Com um crescimento do PIB da América Latina de 2,6% em 2013 e com as previsões do Fundo Monetário Internacional de que se mantenha entre 2% e 2,5% em 2014, "não podemos continuar dependendo de nossos velhos e queridos recursos naturais", afirmou Alicia Bárcena, secretária executiva da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal).

"Nem o consumo nem a exportação são a solução. O que nossos governos podem fazer com uma dívida pública baixa e uma macroeconomia saudável? Focar no investimento público e privado", afirma a especialista.

O diagnóstico conta com o apoio do presidente de Peru, Ollanta Humala, um dos países mais dependentes da região, com um setor de mineração que representa 60% de suas exportações.

Humala, que na terça-feira se reunirá em Paris com seu homólogo francês François Hollande, pediu políticas "para permitir que mais pessoas, mais cidadãos, mais empresas possam se incorporar ao mercado com a estratégia de incluir para crescer".

Os analistas reunidos em Paris no Fórum Econômico Internacional da América Latina e Caribe concordaram em ressaltar a emergência de uma classe média que consome, se endivida, mas que não tem capacidade de poupança.

Estes anos de crescimento, entretanto, não tiveram efeito decisivo no principal problema da região, a desigualdade. "A América Latina é a região mais injusta do mundo, não a mais pobre", disse Danilo Astori, vice-presidente do Uruguai, uma das economias mais dinâmicas da região.

De acordo com dados da Cepal, 27% da população latino-americana e caribenha vive na pobreza e 11,5%, na extrema pobreza, índice que registrou uma melhora na última década mas que está estagnado desde 2010.

"Agora é preciso aumentar a produtividade", sugere Alicia Bárcena, que propõe "usar os lucros de matérias-primas em educação, saúde e tecnologia, não em despesas correntes".

Os investimentos devem ser feitos com o objetivo de resolver as grandes deficiências em transporte e infraestrutura. "De Punta Arenas, no sul do Chile, a Santiago são 3.000 km de caminhão, tão longe como de Paris a Moscou", lembrou Luis Alberto Moreno, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Os analistas também concordam com a necessidade de uma reforma fiscal, em uma região onde a porcentagem de arrecadação é de 20,7% do PIB, muito abaixo da média da OCDE, de 34,1%.

Este fórum, que está em sua sexta edição, é co-organizado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) com o BID.