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Mineradoras teriam financiado paramilitares para matar milhares na Colômbia

30/06/2014 13h25

HAIA, 30 Jun 2014 (AFP) - Empresas mineradoras ativas no noroeste da Colômbia teriam financiado milícias responsáveis pela morte de milhares de pessoas, entre elas líderes sindicais, denuncia uma ONG holandesa, que pede aos fornecedores de energia para que parem de comprar "cavão ensanguentado".

"No final de 1990 havia uma violência social e houveram sequestros de trabalhadores dos grupos de mineração", indicou à AFP Joris van de Sandt, que escreveu um relatório sobre o assunto em nome da ONG PAX.

As empresas de mineração pagaram a grupos paramilitares para que protegessem suas atividades e massacrassem os guerrilheiros e as comunidades locais em áreas ricas em carvão.

Vários sindicalistas foram assassinados por grupos paramilitares.

A empresa americana Drummond, segunda maior produtora de carvão na Colômbia, e a Prodeco, uma subsidiária da Glencore, teriam pago mais de 900.000 dólares, mediante gastos superfaturados, através de um provedor, como Van de Sandt.

De acordo com a ONG holandesa, as milícias colombianas mataram entre 1996 e 2006 mais de 3.000 pessoas e desalojaram cerca de 55.000 pessoas de suas terras no departamento de Cesar, no nordeste da Colômbia.

"Atualmente, as empresas de mineração ainda se aproveitam desta enorme violação dos direitos humanos", afirma a ONG, acrescentando que estas terras foram incorporadas ao território desses grupos de mineração.

Drummond e Glencore rejeitam as acusações deste relatório, que se baseia principalmente no testemunho de ex-funcionários dessas empresas ou ex-membros de grupos paramilitares, um dos quais está atualmente preso.

"A companhia Drummond respeita a lei e reafirma que sempre esteve distante do conflito armado na Colômbia", indicou em um comunicado.

Glencore afirma, por sua vez, que "o relatório é desequilibrado e segue cegamente as alegações de um criminoso condenado."

Vários fornecedores de eletricidade na Holanda compram carvão desses grupos, de acordo com PAX, que convidou as empresas a parar de comprar até que as vítimas sejam indemnizadas.

O conflito interno da Colômbia, que envolve o exército, milícias paramilitares e bandos de criminosos, fez centenas de milhares de mortos e mais de cinco milhões de deslocados, segundo dados oficiais.