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FMI reduz previsão de crescimento mundial de 2014 para 3,4%

24/07/2014 15h45

WASHINGTON, 24 Jul 2014 (AFP) - O FMI reduziu nesta quinta-feira sua previsão de crescimento mundial em 2014 devido a "surpresas econômicas negativas" provenientes de Estados Unidos e China e em razão do agravamento da situação geopolítica na Ucrânia e no Oriente Médio.

O PIB mundial crescerá 3,4% neste ano, 0,3% a menos em relação às projeções de abril. No ano que vem, a previsão é de um crescimento de 4%, de acordo com as novas projeções do organismo.

Segundo o FMI, a nova previsão se baseia em um baixo crescimento do primeiro trimestre, "em particular nos Estados Unidos e, nas perspectivas menos otimistas, em vários países emergentes", entre eles o Brasil, que revisa constantemente para baixo seus próprios prognósticos.

Nos Estados Unidos, que representam um quarto do PIB mundial, o rigoroso inverno comprometeu a atividade econômica e causou no primeiro trimestre a maior contração da economia em cinco anos.

O FMI ressalta um crescimento americano "decepcionante" de 1,7% em 2014, uma queda de 1,1 ponto em relação à previsão de abril.

Mas "isso é algo que já passou", relativizou o economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard.

Outro motor da economia global, a China, viu sua demanda interna diminuir "mais do que o previsto", afirmou o FMI, que revisou 0,2 ponto para baixo sua previsão de crescimento para o país, a 7,4%.

"Por outro lado, os problemas geopolíticos se agravaram desde abril: os riscos de uma disparada do petróleo crescem pelos acontecimentos recentes no Oriente Médio e pelos ligados à Ucrânia, que persistem", acrescentou o organismo.

O Iraque está em situação de instabilidade devido a uma insurreição islamita e a crise na Ucrânia foi agravada com a derrubada do avião de passageiros malaio.

A Rússia vai pagar um preço caro pela crise ucraniana, com um crescimento de apenas 0,2%, segundo a instituição. O FMI aponta que "a atividade nitidamente se desacelerou no país" e que "a queda dos investimentos se prolongará".

A zona euro crescerá 1,1%, em uma previsão que permaneceu inalterada. O FMI adverte, contudo, para a possibilidade de uma deflação em "caso de choques desfavoráveis".

"Nos grandes países avançados, a estagnação ameaça a médio prazo", resumiu o Fundo.

O panorama também não é alentador para as economias emergentes, que vão desacelerar em 2014.

O Brasil não vai sentir o 'efeito Copa do Mundo' e seu crescimento econômico para este ano foi fortemente revisado para baixo (-0,6 ponto), com uma expansão de apenas 1%.

"Os países emergentes, em particular os que têm debilidades internas e vulnerabilidades externas, podem sofrer choques com uma brusca degradação das condições financeiras e com saídas de capitais no caso de mudança de humor dos mercados financeiros", acrescentou o FMI.

Esse cenário foi registrado no segundo trimestre de 2013, quando os investidores, desorientados, retiraram seus fundos dos países emergentes em meio a especulações sobre uma mudança de política monetária nos EUA, que ainda não aconteceu, mas que se aproxima.

"Não penso em um caos financeiro maior (...) mas haverá turbulências", prevê Blanchard.