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UE impõe sanções a Moscou apesar de diálogo russo com a Ucrânia

08/09/2014 18h13

MARIUPOL, Ucrânia, 08 Set 2014 (AFP) - A União Europeia aprovou nesta segunda-feira novas sanções contra Moscou, apesar da manutenção do diálogo de paz com a Ucrânia aceito pelos presidentes russo, Vladimir Putin, e ucraniano, Petro Poroshenko.

Durante uma conversa por telefone no momento em que Poroshenko visitava Mariupol, última grande cidade do leste sob controle do Exército, os dois líderes discutiram meios de "alcançar uma solução pacífica para a situação".

Ele também "mantiveram seus esforços de coordenação das ações para apoiar o cessar-fogo", indicou o Kremlin.

Um "protocolo" de cessar-fogo de doze pontos foi estabelecido na sexta-feira em Minsk, capital de Belarus, entre Kiev e os rebeldes pró-russos para acabar com cinco meses de um conflito que deixou cerca de 2.800 mortos, de acordo com os últimos dados da ONU.

Esta manutenção dos esforços bilaterais não convenceu a União Europeia, que desconfia do Kremlin - acusado de fazer jogo duplo - e aprovou uma nova série de sanções econômicas.

Mas "levando em conta a situação no terreno, a UE está preparada para rever as sanções aprovadas em sua totalidade ou parcialmente", declarou o presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, após uma reunião de urgência dos embaixadores dos 28 Estados-membros na noite desta segunda em Bruxelas.

Nenhum detalhe foi anunciado sobre as novas sanções que terão seu conteúdo revelado apenas quando forem publicadas no Diário Oficial da UE, em um procedimento que pode levar vários dias.

"Isto nos dará tempo para avaliar a implementação do cessar-fogo e do plano de paz", disse van Rompuy.

Kiev e as potências ocidentais acusam Moscou de envolvimento ativo no conflito. O Kremlin nega qualquer intervenção e ameaçou reagir às novas sanções no momento em que a economia russa está à beira da recessão.

O primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, advertiu nesta segunda que a Rússia pode, por exemplo, proibir as companhias aéreas ocidentais de sobrevoar seu território para as rotas entre a Europa e a Ásia, causando um aumento dos custos.

'Uma nação unida' Vestido com um uniforme militar, o presidente pró-europeu Petro Porochenko discursou diante de voluntários armados em Mariupol, localizada entre a fronteira e a península ucraniana da Crimeia, anexada por Moscou em março.

"Nosso país atravessa um momento muito duro. Mas quando um país enfrenta este tipo de dificuldade, suas maiores qualidades surgem. Nunca vi nossa nação tão unida como agora. Nunca vi a Ucrânia tão ucraniana", disse Poroshenko, fortemente aplaudido.

"Esta cidade será ucraniana (...). Há um perigo, com certeza. Ninguém vai nos dizer que o cessar-fogo que consegui hoje com tanta dificuldade vai nos proteger totalmente", prosseguiu Poroshenko.

Ele também anunciou a libertação de pessoas capturadas pelos insurgentes, em um sinal do "bom funcionamento" do acordo fechado na sexta-feira, apesar dos "dez, doze casos" diários de violações do cessar-fogo.

Uma fonte do governo ucraniano disse que os rebeldes libertaram 648 pessoas capturadas durante o conflito e que outras 500 serão libertadas em breve. Um porta-voz militar ucraniano havia indicado anteriormente que 20 soldados tinham sido devolvidos a Kiev pelos rebeldes desde sexta. A informação foi confirmada por Poroshenko em Mariupol.

Considerando impossível sair vitorioso do conflito "apenas por meios militares" devido à pressão cada vez maior das tropas russas sobre a Ucrânia, Poroshenko pediu novamente a retirada rápida das tropas russas e o fechamento da fronteira.

"Acho que a iniciativa de paz nos aproxima deste resultado", acrescentou Poroshenko.

Em um sinal da fragilidade da trégua, o presidente ucraniano afirmou que os rebeldes tinham começado a disparar contra postos de controle na periferia de Mariupol.

"Eles acham que me colocam medo. Mas ninguém tem medo deles", tuitou.

O acordo de cessar-fogo assinado na sexta-feira na capital bielorrussa entre Kiev, os separatistas e Moscou, representa uma vitória -pelo menos temporária- para Vladimir Putin, mas é um mal menor para a Ucrânia, esgotada militar e financeiramente pelos combates, de acordo com analistas.

bur-blb/dm