Moody's rebaixa perspectiva do Brasil, a um mês das eleições
RIO DE JANEIRO, 09 Set 2014 (AFP) - A agência de classificação financeira americana Moody's revisou a perspectiva da nota soberana do Brasil de estável a negativa a um mês das eleições presidenciais de 5 de outubro, devido ao fraco crescimento e à baixa expectativa de melhora.
A pouco menos de um mês das eleições, a presidente Dilma está em "empate técnico" com a candidata Marina Silva em um eventual segundo turno, conforme indicam pesquisas divulgadas nesta terça-feira.
Nos últimos dias, seu governo tem enfrentado denúncias de corrupção na estatal Petrobras e a redução da estimativa de crescimento neste ano, a 0,48% por parte do mercado.
"O risco crescente de um longo período de crescimento frágil e da deterioração dos parâmetros da dívida levam a uma redução da solvência do Brasil", explica a agência em comunicado.
A Moody's reafirmou também a classificação da dívida brasileira, Baa2, mantendo o grau de investimento, entre outras razões, devido à "contínua resistência do país aos choques financeiros mundiais dada a sua amortização de reservas internacionais".
"A decisão da Moody's se baseia em fatores conjunturais do primeiro semestre e não condiz com a evolução do segundo semestre, quando esses problemas estão sendo superados", protestou o ministério de Fazenda em comunicado.
O ministério afirma que o Brasil é "uma economia sólida que já iniciou uma trajetória de gradual recuperação que terá continuidade ao longo do ano que vem".
O menor crescimento desde 2009
A agência prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil crescerá abaixo de 1% neste ano - menor nível desde 2009 - e será inferior a 2% em 2015.
O candidato Aécio Neves (PSDB), terceiro colocado nas pesquisas, disse em comunicado que a decisão da Moody's "mostra que as conquistas econômicas e sociais do Brasil estão em risco por decisões equivocadas da política econômica, com exagerada flexibilização fiscal, que afetaram de modo significativo a confiança dos investidores".
"A queda da nota é um reflexo da política macroeconômica brasileira. Há uma inflação alta, um crescimento baixo e não há expectativas de melhora nos próximos dois anos", disse à AFP o analista financeiro Felipe Queiroz.
"Além disso, há uma 'contabilidade criativa', com transferências dos saldos das empresas estatais para a esfera pública para que o resultado no final fique bonito", lamentou.
A Moody's sustenta que há "poucos sinais" de que o crescimento regresse a seu potencial no curto prazo, e destacou "uma redução da confiança dos investidores" devido à percepção dos mercados sobre o 'intervencionismo' do atual governo, que se traduz em menos formação de capital fico.
Tempos piores?
A economia brasileira está a ponto de entrar em seu quarto ano consecutivo de crescimento moderado. Após os 7,5% de 2010, o PIB cresceu 2,7% em 2011, 1% em 2012 e 2,5% em 2013.
O mercado reduziu sua estimativa de crescimento neste ano de 1,99% em janeiro para apenas 0,48% na segunda-feira passada, segundo em média de analistas consultados pelo Banco Central. Para o ano que vem, o mercado espera um crescimento de apenas 1,1%.
O crescimento baixo se soma à inflação alta: 6,5% em 12 meses até julho, o máximo da meta estabelecida pelo governo.
O Brasil entrou em recessão no fim do segundo trimestre, quando o PIB caiu 0,6% em relação ao primeiro, que já havia apresentado um recuo de 0,2%.
"Há uma deterioração dos fundamentos macroeconômicos brasileiros: a inflação está subindo, não há crescimento, o déficit externo só cresce e as contas públicas estão desorganizadas a ponto de ninguém saber qual é o tamanho do déficit público", disse à AFP a economista Margarida Gutierrez, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O economista André Perfeito, da consultoria Gradual Investimentos, ressalta que "o Brasil ainda está um degrau acima do limiar da Moody's para ser considerado especulativo, e por isso a decisão de hoje não é vista como um grande risco". "Mas independente de quem vença, o próximo presidente deverá sinalizar que aplicará uma maior disciplina fiscal", acredita.
A agência Standard and Poor's rebaixou em março a nota do país de "BBB" para "BBB-", o menor nível de grau de investimento, citando o déficit fiscal e a perspectiva de baixo crescimento para os próximos dois anos.
bur-lbc/cc
A pouco menos de um mês das eleições, a presidente Dilma está em "empate técnico" com a candidata Marina Silva em um eventual segundo turno, conforme indicam pesquisas divulgadas nesta terça-feira.
Nos últimos dias, seu governo tem enfrentado denúncias de corrupção na estatal Petrobras e a redução da estimativa de crescimento neste ano, a 0,48% por parte do mercado.
"O risco crescente de um longo período de crescimento frágil e da deterioração dos parâmetros da dívida levam a uma redução da solvência do Brasil", explica a agência em comunicado.
A Moody's reafirmou também a classificação da dívida brasileira, Baa2, mantendo o grau de investimento, entre outras razões, devido à "contínua resistência do país aos choques financeiros mundiais dada a sua amortização de reservas internacionais".
"A decisão da Moody's se baseia em fatores conjunturais do primeiro semestre e não condiz com a evolução do segundo semestre, quando esses problemas estão sendo superados", protestou o ministério de Fazenda em comunicado.
O ministério afirma que o Brasil é "uma economia sólida que já iniciou uma trajetória de gradual recuperação que terá continuidade ao longo do ano que vem".
O menor crescimento desde 2009
A agência prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil crescerá abaixo de 1% neste ano - menor nível desde 2009 - e será inferior a 2% em 2015.
O candidato Aécio Neves (PSDB), terceiro colocado nas pesquisas, disse em comunicado que a decisão da Moody's "mostra que as conquistas econômicas e sociais do Brasil estão em risco por decisões equivocadas da política econômica, com exagerada flexibilização fiscal, que afetaram de modo significativo a confiança dos investidores".
"A queda da nota é um reflexo da política macroeconômica brasileira. Há uma inflação alta, um crescimento baixo e não há expectativas de melhora nos próximos dois anos", disse à AFP o analista financeiro Felipe Queiroz.
"Além disso, há uma 'contabilidade criativa', com transferências dos saldos das empresas estatais para a esfera pública para que o resultado no final fique bonito", lamentou.
A Moody's sustenta que há "poucos sinais" de que o crescimento regresse a seu potencial no curto prazo, e destacou "uma redução da confiança dos investidores" devido à percepção dos mercados sobre o 'intervencionismo' do atual governo, que se traduz em menos formação de capital fico.
Tempos piores?
A economia brasileira está a ponto de entrar em seu quarto ano consecutivo de crescimento moderado. Após os 7,5% de 2010, o PIB cresceu 2,7% em 2011, 1% em 2012 e 2,5% em 2013.
O mercado reduziu sua estimativa de crescimento neste ano de 1,99% em janeiro para apenas 0,48% na segunda-feira passada, segundo em média de analistas consultados pelo Banco Central. Para o ano que vem, o mercado espera um crescimento de apenas 1,1%.
O crescimento baixo se soma à inflação alta: 6,5% em 12 meses até julho, o máximo da meta estabelecida pelo governo.
O Brasil entrou em recessão no fim do segundo trimestre, quando o PIB caiu 0,6% em relação ao primeiro, que já havia apresentado um recuo de 0,2%.
"Há uma deterioração dos fundamentos macroeconômicos brasileiros: a inflação está subindo, não há crescimento, o déficit externo só cresce e as contas públicas estão desorganizadas a ponto de ninguém saber qual é o tamanho do déficit público", disse à AFP a economista Margarida Gutierrez, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O economista André Perfeito, da consultoria Gradual Investimentos, ressalta que "o Brasil ainda está um degrau acima do limiar da Moody's para ser considerado especulativo, e por isso a decisão de hoje não é vista como um grande risco". "Mas independente de quem vença, o próximo presidente deverá sinalizar que aplicará uma maior disciplina fiscal", acredita.
A agência Standard and Poor's rebaixou em março a nota do país de "BBB" para "BBB-", o menor nível de grau de investimento, citando o déficit fiscal e a perspectiva de baixo crescimento para os próximos dois anos.
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