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Kirchner discursa contra 'fundos abutres' na Assembleia Geral da ONU

24/09/2014 18h03

NOVA YORK, 24 Set 2014 (AFP) - A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, discursou nesta quarta-feira na Assembleia Geral da ONU contra os fundos especulativos que Buenos Aires chama de "abutres" e garantiu que seu país pagará a dívida, apesar do "assédio" que vem sofrendo.

"A Argentina é um país que tem vontade e capacidade de pagar. E pagará sua dívida, apesar do assédio dos fundos abutres", disse a chefe de Estado.

Por causa da decisão de um tribunal americano, o governo argentino não pode honrar compromissos com os credores de títulos. Com isso, o país se encontra em moratória parcial desde 30 de julho.

Em um discurso na 69ª Assembleia da ONU, Kirchner disse que a situação chegou a esse ponto porque os chamados fundos "abutres" contaram com a "cumplicidade do sistema judiciário dos Estados Unidos".

Os fundos especulativos ganharam uma ação judicial em uma corte de Nova York para cobrar 100% do valor nominal dos títulos da dívida argentina, por 1,33 bilhão de dólares.

A Argentina não cumpriu a determinação judicial, pois, por contrato, teria de igualar a oferta para todos os 93% dos credores que aderiram à reestruturação com pagamentos de 70% de reembolso sobre o capital inicial. Essa situação significaria um montante impagável para o país sul-americano.

As negociações com os fundos especulativos para alcançar uma solução fracassaram, e o juiz do caso, Thomas Griesa, bloqueou os pagamentos enviados pela Argentina para credores da dívida reestruturada.

Desde 2003, afirmou Kirchner, "a Argentina pagou 190 bilhões de dólares a seus credores, colocou fim aos contenciosos com o Banco Mundial, quitou suas dívidas com o Fundo Monetário Internacional e renegociou-as com o clube de Paris".

A presidente argentina ressaltou ainda que o país conseguiu pagar todas essas dívidas sem ter acesso aos mercados de crédito desde a moratória declarada em 2001.

Kirchner saudou a recomendação da ONU, sugerida pela Argentina e pelo G77+China, para redigir um documento legal que regule as reestruturações da dívida soberana. "Nos devíamos essa tarefa", disse.